25. Em um fogo instantâneo de estrela cadente, tudo ardeu em azul.

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TW: Depressão, menção ao suicídio, bullying

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TW: Depressão, menção ao suicídio, bullying.

Sinto a respiração dele como um sopro quente de nostalgia em minha pele e não me movo.

É tranquilo, a princípio. Assim, como os suspiros sonolentos que surgem logo pela manhã, na relutância em levantar da cama, iniciar o dia e na tentativa de abraçar o sono outra vez ao virar para o lado oposto e resistir à voz da consciência que indica o perigo de permanecer enrolada ao cobertor.

O quarto aos poucos vai tomando forma na claridade do dia: havia esquecido as janelas abertas, e de quebra, o chão já estava banhado pela luz da manhã de um sol litorâneo escaldante, fritando os miolos. Há pássaros cantando lá fora, um silêncio confuso de quando perdemos o rumo do dia. Tomo consciência do meu corpo aos poucos, observando os braços de Jungkook engatados ao redor da minha cintura, sua mão gigante suspensa sobre minha barriga e seu rosto enfiado em minha nuca.

Ele ainda está dormindo profundamente, ressonando como o motor de um carro velho.

Sinto vontade de rir e então me pego analisando o quanto ele parece indefeso, seguro, distante do homem de olhos profundos e intimidadores que havia ocupado o lado oposto da cama noite passada.

Os travesseiros permanecem ali, em súplica, esmagados pelo seu peso, enquanto sua perna encontra encaixe no espaço entre as minhas. Uma camada do seu cabelo está cobrindo o rosto e seus lábios, semiabertos, permitindo que o som que ele emite enquanto dorme, como um Snorlax musculoso, preencha o quarto. Com um pouco de esforço consigo me soltar e ele se move, o peso do seu corpo se arrasta para o lado oposto, as pernas abertas e os braços por cima da cabeça, tomando sol em algum lugar dos seus sonhos.

Relembro a noite passada com um gosto de culpa na boca. Nada aconteceu, é claro. Nada iria acontecer. Ele só esteve aqui, tão perto e infinitamente longe, emocionalmente indisponível, limitado à uma torturante apreciação.

Tropeço em minha calça de moletom ainda solta pelo chão do quarto, antes de cruzar o pequeno biombo que separa a cama de uma pequena sala privada com um sofá confortável. Visto a peça o mais rápido que posso, antes de caminhar até o banheiro.

Vejo ele abrir os olhos, a mão tateando pelo lado oposto da cama e então, olhando ao redor. Fico imersa na ideia do que ele está fazendo assim que fecho a porta e escuto sua voz profunda e sonolenta, quase vaporizada, sua voz da manhã. Como ele costumava dizer. Também a voz de quando tirava a roupa, outra piadinha particular que também sabia.

— Bom dia, gatinha... — Escuto seus passos pelo quarto, andando até a mesa de centro e abrindo o frigobar para pegar uma garrafa de água.

Bom dia. — Respondo pela fresta da porta assim que puxo para abri-la e o vejo parado de pé, descalço, ao lado da porta, com as mãos nos bolsos — Já passou das 8h30, é bom ir se preparar, a cerimônia da Trine é às 11h!

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