07. Incertezas, quase-não-beijos e serendipidade.

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Fodida

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Fodida.

Aquela era a palavra que ecoava no meu subconsciente cada vez que eu olhava para Jungkook, bem ali, contando alguma coisa estúpida sobre um filme que tinha assistido na semana passada e engolindo o próprio jantar com aquele jeito estranho de inflar as bochechas como um filhote de coelho, como se nada tivesse acontecido algumas horas atrás envolvendo meus pais, ele e um convite para a condecoração oficial de meu irmão mais velho em Busan.

Jungkook tinha o hábito terrível de arregalar os olhos cada vez que levava a colher até a boca, uma mania estranha de fazer sons bizarros quando a comida era apimentada demais e barulhinhos fofos enquanto apreciava o sabor de alguma coisa, um pacote de bizarrices à moda da casa, algo que nas duas últimas semanas havia aprendido que se tratava de tudo que Jeon Jungkook também era.

Estou encarando ele do outro lado da mesa, os olhos fixos na sua mão grande demais pra colher e no rosto escondidos no meio da cabeleira negra, concentrado na própria comida.

Não parece nenhum pouco incomodado com a quantidade absurda de merdas que fizemos nas últimas vinte e quatro horas, o que incluía também a série de regras quebradas na noite passada.

E eu tava fodida. Da pior maneira possível.

O que foi? — Ele pergunta, lambendo os próprios dedos sujos de molho de frango quando me pega ali, brincando com o jeotgarak no meio do lámen. Seu ar inocente é fácil demais, parece despreocupado comendo seu jantar depois de termos passado uma tarde inteira com meus pais, passeando de mãos dadas como a droga de um casal, dividindo sobremesas babadas e olhares afetuosos como se nossos planos não fossem outros e como se nossa meta ali fosse tudo, menos ficar juntos.

Você deveria ter dito não. Digo, ainda falando sobre o maldito convite que ele havia aceitado para a Condecoração de meu irmão mais velho. De todas as pessoas que existem no mundo, a última que gostaria que Jungkook conhecesse era River.

Fiquei com medo de parecer muito óbvio se eu negasse... — Ele começa, puxando um guardanapo de papel disposto na mesa e limpando os cantos da boca ainda sujos de molho de frango.

Você poderia inventar uma desculpa, sei lá, qualquer coisa, meus pais levam esses compromissos à sério. Cada vez que lembrava do sorriso feliz de papai conversando com Jungkook sobre suas viagens, do empenho em agradá-lo porque visivelmente se identificava com ele, tudo aquilo parecia ridículo pra mim, principalmente quando era confrontada pelo sentimento de que em breve teria que forçar os meus pais a se desprenderem daquele vínculo imediato e sincero com Jeon, porque ele existia e naquela tarde eu havia comprovado isso.

Eu falei que iria e eu vou, tá legal? Além de que se trata de Busan, posso ficar na casa dos meus pais... — Ele diz, antes de tomar um gole do seu refrigerante.

Será que Jungkook fazia ideia de onde estava se envolvendo? Do quão longe estávamos indo naquilo?

— Mas você nunca tinha me dito que seu pai serviu na Nova Zelândia... — Ele diz, mudando de assunto imediatamente. No meio tempo que levo para respirar fundo pela quinta vez tentando não surtar.

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