21. Hipóteses invertidas, um coração que ainda queima e o ensaio de adeus

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Parte Um:

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Parte Um:

Quando a primeira base da estrutura é atingida.


O último período foi uma sucessão de desastres.

Caótico, como imaginei que tudo envolvendo aquela situação seria. Estranho também. Queria poder dizer que nada é novo, assustador e meio fora de controle quando observo de perto, a olho nu, com minha visão desorientada, distorcida.

Talvez tenha sido no meio desse mesmo caos que encontrei algum conforto em ter Taehyung ali comigo, ocupando um posto inesperado de amigo próximo, e é justamente nisso que penso enquanto termino de vestir uma de suas calças de pijama, no banheiro do seu dormitório, simplesmente porque derramei gochujang no jeans que estava vestindo e sou obrigada a encarar frente a frente nossa intimidade se ajustando a rotina.

Esse nível de confiança estabelecido foi quebrado por uma barreira densa de contrariedade, uma série de sucessões bem feitas da nossa parte, em alguns momentos, tudo era colocado à prova: ele, eu, nossa confiança. Mas ainda assim, Taehyung se mostrou preso ao ideal primário: levar aquilo até o fim.

Seria mais fácil mentir e afirmar que deixamos tudo nas entrelinhas do profissionalismo, mas tudo se tratava de um passo gradual de mudança para a qual eu não estava pronta e àquela altura, estava começando a substituir o medo por alguma sensação mais tranquila, contaminada de uma calma exagerada, exatamente aquelas que antecedem os desastres. Estava começando a considerar que era uma agente do caos.

Encaro meu rosto no espelho de novo, observando com atenção as sardas sutis preenchendo as bochechas, as olheiras profundas abaixo dos olhos, camadas arroxeadas denunciando a falta de sono, assim como o cabelo inteiro atado em uma trança lateral desgrenhada pela falta de tempo e de cuidado. Quem diria que minha vida tomaria esse rumo totalmente contrário ao que escolhi há quatro anos?

Os últimos meses foram regados destes mesmos cenários se repetindo de novo e de novo, uma bomba-relógio tiquetaqueando em meus ouvidos cada vez que lembrava da responsabilidade que tinha nas mãos: eu que sempre estive acostumada a correr de tudo, longe o suficiente para me ausentar da realidade das coisas, agora, segurava uma granada entre os dedos, rente ao peito.

Os contatos com as vítimas começaram algumas semanas antes do veredito final de uma reportagem pronta, quando finalmente encontramos as garotas para falarmos sobre o caso, uma a uma das que estavam dispostas a trazer a verdade à tona. Ser exposta e violada dessa maneira nunca é uma situação fácil de lidar, algumas só queriam enterrar o passado com medo que se estivessem envolvidas nisso de novo, trariam um pandemônio de volta para suas vidas. Outras, nunca tiveram sequer a oportunidade de falar, como o caso de Misuk, que cometeu suicidio pouco tempo depois de ter seu vídeo postado no fórum, seis meses atrás.

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