10. Água-com-açúcar, quase-amor e outras dores.

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Restava apenas uma semana até o fim do acordo

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Restava apenas uma semana até o fim do acordo. Sete dias. 168 horas.

Provavelmente reviver o fim de semana em Busan em um loop infinito nos últimos dias poderia ser categorizado como uma espécie de castigo que me fazia voltar até o motivo inicial daquilo tudo e não ter resposta. Me sentia diferente, essa era a verdade. Alguma coisa tinha mudado ali — entre a festa de Halloween, o beijo no refeitório e o fim de semana em Busan —, de alguma forma, a imagem mental de Jungkook no meio de minha família como um membro agregado e disforme aos poucos não parecia mais tão tosca, mamãe o adorava de maneiras que nem mesmo eu conseguia compreender, papai poderia canonizá-lo depois de descobrir que além de tudo Jungkook era um estrategista nato quando se tratava de partidas de UNO.

Era algum tipo de realidade paralela em que havíamos entrado e que já não me incomodava tanto. Eu sabia que seria uma saída dolorosa, estúpida e solitária fingir que não estava pensando em tudo que tínhamos feito nas últimas três semanas, não colocaria em pauta os grandes acontecimentos porque no fundo o que realmente fazia diferença eram os detalhes e o papel que eles desempenhavam dentro de nosso acordo completamente fajuto: me virar do avesso.

Não falava sobre nossas vontades. Não, não era só sobre o que Jungkook e eu havíamos começado naquela noite no seu dormitório, em uma decisão impulsiva e que parecia certa demais no momento. Porque aquilo pareceu certo pra caralho e eu não posso negar.

Mas algo crescia escondido dentro de mim, talvez só tenha realmente me dado conta do tamanho daquele sentimento na noite da condecoração de River, onde poderia culpabilizar o barato de um baseado forte e as risadas sem motivo aparente nas horas seguintes, quando vimos o nascer-do-sol pelas portas de vidro do quintal, sentados no chão frio da cozinha comendo pizza gelada, mas estou sóbria, lúcida, perfeitamente sã e ainda assim, sinto aquele frio na barriga quando penso sobre tudo que aquele fim de semana significou.

Minha rota de pensamento não segue a mesma linha por muito tempo, perco a concentração com uma facilidade absurda quando atravesso o corredor até a aula de Teorias de Jornalismo e o vejo ali, de pé, na porta da sala de aula, de costas para a entrada principal como carma que retorna materializado.

Pela maneira como seus ombros se movem enquanto puxa as mangas da camisa até os cotovelos, sei que está conversando com alguém, está segurando o seu caderno de croquis com uma das mãos enquanto a outra suspende a mochila em um dos ombros.

Reconheceria aquele par de tênis esportivos pretos e o cabelos negros que sempre fazia um redemoinho na nuca em qualquer lugar que fosse, estava em um estágio tão ridículo de envolvimento que já conseguia reconhecer minhas coisas favoritas em Jungkook, poderia listá-las se não tivesse a intenção de me concentrar nelas, mesmo quando não quero, mas acabo levando a minha falta de atenção a outro patamar e tropeçando em um vaso de plantas posto entre uma porta e outra e me pergunto de quem foi a ideia absurda de colocar um vaso bem ali?

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