Uma semana depois, o Senhor das Trevas chamou-a.
A manhã chegou com a penumbra. Não havia um raio de sol a espreitar pela janela, ou um pingo de chuva a molhar a estrada. Ao fitar a rua, Meredith nada via, apenas a fumaça de um estranho dia de nevoeiro.
O antebraço esquerdo onde a Marca Negra se situava ardia-lhe, deixando claro a insistência de Voldemort. A ferida no seu abdómen ainda lhe doía, embora não a limitasse. Treinara naqueles dias com o pai a duelar mesmo com o abdómen coberto de ligaduras e aprendera a lidar com a dor. Sabia que teria de regressar muito em breve e não podia sequer pensar que tinha uma ferida gigante a atrasá-la.
No jogo perigoso que ela estava a jogar, nada podia enfraquecê-la.
- Vais regressar? - perguntou-lhe Matthew, observando-a por cima da sua chávena de café fumegante.
- Tem de ser. - respondeu Meredith, servindo-se do líquido escuro que o pai bebia - E tu?
- É melhor não te dizer.
Meredith assentiu, percebendo. Continuava a ser uma Devoradora da Morte e, apesar de ser excelente em Oclumancia e Voldemort nunca ter suspeitado dela o suficiente para explorar demais a sua mente, continuava a ser um risco demasiado grande ter informações relevantes sobre a Ordem da Fénix. Sendo o pai um membro da Ordem, fazia todo o sentido que não partilhasse com ela para onde ia.
- Vou sentir a tua falta. - confessou Meredith, com um sorriso desajeitado.
Matthew soltou um suspiro, levantando-se. Os braços rodearam a estrutura magra da filha, apoiando o queixo no topo da cabeça dela enquanto lhe afagava os cabelos. Não eram as pessoas mais carinhosas do mundo e ambos raramente sentiam necessidade de ter gestos de afeto um com o outro.
A Guerra eminente mudava um pouco as coisas.
- Amo-te, pai. - sussurrou Meredith contra o peito dele.
- Também te amo, querida. Estou muito orgulhoso de ti, tornaste-te numa autêntica guerreira.
- Se Ashley e Laurel não existissem eu não teria escolhido qualquer lado desta Guerra...
- Mas elas existem e tu escolheste o lado certo. - Matthew pousou-lhe a mão no ombro, fitando-a com seriedade - Não tenhas medo de ser como a tua mãe, ou até mesmo como eu. És melhor do que qualquer um de nós e mais corajosa do que nós alguma vez fomos. Confia em ti própria, Meredith, tal como eu, Ashley e Laurel confiamos.
Meredith assentiu. Com um breve aceno, o pai soltou-a, deixando-a sair da cozinha em direção à porta. Não tinha trazido nada consigo a não ser as roupas que tinha no corpo, tendo usado a roupa do pai nos poucos dias que ali estivera. As ligaduras em redor do seu abdómen eram novas e provavelmente seriam as últimas que precisava colocar, a ferida já estando cicatrizada.
Colocou o manto negro dos Devoradores da Morte, sentindo a sua personagem entranhar-se. Era como se vestisse a pele de outra pessoa, uma carapaça que criara para tornar a sua estadia com Voldemort mais fácil.
Matthew observava-a, em silêncio. Nunca vira o pai tão concentrado como naqueles dias; habituara-se a ver o homem sonhador e distraído que frequentemente se esquecia de desligar o fogão e queimava a comida praticamente todos os dias.
A Lovelace mais nova sorriu, virando-se para o pai.
- Não morras. - disse Meredith ao homem que a criara, num tom suave que raramente usava com outro ser humano.
- Encontramos-nos quando isto terminar, prometo.
Com um breve acenar, Meredith deu-lhe as costas, saindo da pequena casa e Desaparatando, sem esperar para ver a expressão de preocupação no rosto de Matthew Lovelace.
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RUBY [4]⚡ HP ✔️
FanficLIVRO 4 ⚡❤ RUBY: rubi; pedra da coragem, vitória, força. O confronto final aproxima-se. Laurel Ravenclaw sabe que toda a magia tem um preço e o dela está prestes a chegar. Com Meredith de um lado da guerra e Ashley no outro, a jovem tem de escolher:...