A superfície escura do Lago Negro refletia as estrelas.
Os olhos prateados de Draco reflectiam o pequeno estilhaço de safira na sua mão. Era tudo o que restara do medalhão de Ravenclaw, o brilho azul permanecendo na pedra preciosa como uma recordação de Laurel. Como se Draco precisasse de uma. Ele iria sempre recordar-se dela: o seu sorriso gentil, a gargalhada debochada, os olhos penetrantes, a voz suave, os cabelos flamejantes. Ele iria lembrar-se de tudo porque era impossível esquecê-la.
Laurel embrenhara-se tanto na vida dele que nunca a conseguiria esquecer.
Apertou a safira contra a sua mão, colocando-a no bolso. A brisa quente soprava no rosto dele, arrepiando-lhe a pele sempre fria. Parecia um fantasma na noite; pele clara, cabelos claros, olhos claros, roupa escura, noite escura, águas escuras e imóveis à sua frente.
Dentro do castelo, havia um ambiente de paz e harmonia que agonizara Draco nos poucos minutos que lá tivera. Quando Harry levantara o corpo de Laurel, o Malfoy soube que não ficaria ali nem mais um segundo. Ele precisava ir onde ela estaria, mesmo que fosse somente na sua memória. O Lago. A superfície cristalina daquele lugar assistira a alguns passeios deles, ao choro de Laurel quando Sirius morrera e ela se agarrara a Draco a chorar, a beijos trocados na calma das poucas tardes que tinham tido juntos, a sessões de leitura em que ela lia e ele a ouvia, tranquilo como raramente se sentia.
Aquele era um dos locais preferidos dos dois. O outro era o dormitório de Laurel, nas masmorras dos Slytherin. Nas últimas noites em Hogwarts, tinham dormido sempre juntos, o corpo pequeno de Laurel encaixando perfeitamente no grande de Draco.
Recordava-se de uma certa noite em que lhe perguntara se já tinha ido ao dormitório dos Ravenclaw. A ruiva abanara a cabeça, com um sorriso tranquilo no rosto e vestida com o uniforme dos Slytherin sempre bagunçado e sem gravata.
" Não é o meu lugar" respondera, encolhendo os ombros, "Sou uma Slytherin aqui em Hogwarts".
Ela fora uma Slytherin. Astuta, orgulhosa, esperta, debochada, a língua afiada quando precisava, principalmente quando Draco tentava provocá-la e rebaixá-la, muitos anos antes. Nunca resultara. Era impossível deitar Laurel abaixo fosse de que maneira fosse.
Enquanto os outros Slytherin o idolatravam, Laurel detestava-o. Ela era tudo o que ele nunca conseguira controlar.
Isso fora um desafio desde que a conhecia.
- Está uma noite bonita, não está?
A respiração ficou presa na garganta de Draco. Cerrou os punhos, comprimindo os maxilares e os lábios, sentindo-se irritado. Revirou os olhos, bufando:
- Ótimo, agora estou a ouvir coisas.
- É normal... Tens ouvidos para isso.
Draco olhou para o céu. A voz atrás de si era tudo o que ele desejava ouvir, nem que fosse só mais uma vez. As estrelas brilhavam, como se rissem. Talvez estivessem a rir dele e da sua infelicidade. Abanou a cabeça, soltando uma risada irónica. Estava delirante.
- Então voltaste para me atormentar? Como um fantasma? - questionou o loiro, recusando-se a olhar para trás.
A voz atrás de si riu-se, fazendo o coração de Draco apertar-se dentro do peito.
- Tenho motivos para te atormentar?
- Estou a delirar, por isso, tudo é possível.
- Porque não te viras e percebes que não estás a delirar?
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RUBY [4]⚡ HP ✔️
FanficLIVRO 4 ⚡❤ RUBY: rubi; pedra da coragem, vitória, força. O confronto final aproxima-se. Laurel Ravenclaw sabe que toda a magia tem um preço e o dela está prestes a chegar. Com Meredith de um lado da guerra e Ashley no outro, a jovem tem de escolher:...