Capítulo 37

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      A perspectiva que se tem da vida muda muito quando sentimos que alguma coisa de muito errado vai acontecer.

     No meio de uma Guerra, ciente da tensão que a situação trazia, Meredith estava mais preocupada com a sua amiga e com a sua namorada do que propriamente com a luta em si.

     Duelava com naturalidade, libertando todas as emoções que soterrara dentro de si enquanto estava ao serviço de Voldemort. Tinha sido uma tarefa fácil para uma pessoa fria como ela mas não a tornara mais agradável. Agora, não podia estar a desfrutar mais de toda a raiva que sentia daquelas pessoinhas nojentas que tinham assassinado pessoas e torturado inocentes, frustração por ter ajudado muitas delas, culpa por quem não conseguira proteger. Mesmo enquanto lutava, conseguia ver corpos caídos de ambos os lados, pessoas que não conseguira salvar e pessoas que nunca pagariam pelos seus crimes.

     No final de contas, a Morte é uma dádiva para os criminosos, que preferem morrer a ficar presos para o resto da vida.

- Meredith, baixa-te! - gritou uma voz feminina atrás de si, a qual obedeceu de imediato.

     A mão de um gigante passou-lhe rente à testa, não a esmagando graças a quem a avisara. A alguns metros de distância, ouviu Laurel soltar um guincho, os olhos safira faiscando em direção à jovem morena que batalhava ao seu lado.

- Astoria Greengrass, o que raio estás aqui a fazer?! - exasperou-se a ruiva, incendiando uma aranha que a tentara abocanhar - Não te disse para ficares nas masmorras?!

- Tenho uma séria tendência para não fazer o que me dizem. - respondeu Astoria, Estuporando um Devorador da Morte sem sequer pestanejar - Aprendi com as melhores.

     A rapariga da língua afiada piscou o olho, fazendo Laurel revirar os olhos. Meredith, por seu lado, sorriu, satisfeita.

- Aprendes-te bem a lição, cobrinha. A tua irmã está segura?

- Sim. Blaise está com ela, nós trocamos. - Astoria encolheu os ombros - Convenhamos, sou muito melhor a duelar que ele.

- Tem cuidado, Asty. - pediu Laurel, séria.

     Essa era uma das qualidades que Meredith mais admirava em Laurel. Por muito que estivesse a sofrer, a jovem Ravenclaw tinha a capacidade de sempre proteger os outros mais do que ela própria, enterrando os seus sentimentos no fundo de si para cuidar de quem quer que necessitasse. Todo o seu ser era baseado em bondade e altruísmo; era essa a sua vivência, a sua personalidade. Era orgulhosa, teimosa, tinha defeitos como qualquer pessoa mas ninguém era capaz de arrancar a gentileza e bondade que lhe era intrínseca.

     Nem mesmo Voldemort.

     Os olhos verdes de Astoria brilharam, um sorriso gélido desenhando-se lentamente no rosto bonito.

- Vamos mostrar ao mundo do que os Slytherin são feitos.

      Meredith soltou uma gargalhada, enquanto Laurel sorria, orgulhosa. Há muito que a Ravenclaw aceitara que a Casa das Cobras também era sua, por mais que o seu nome dissesse o contrário. Tinha todas as caraterísticas de uma verdadeira Slytherin e orgulhava-se disso.

      Ela era quem era e ponto final.

      A ruiva ergueu-se no ar, usando a Magia Negra dentro de si para voar, tal como Voldemort fazia. A trovoada sobre as suas cabeças rebentava onde e quando ela desejava, a aura de poder e magia ao seu redor possível de sentir à distância. Os cabelos flamejantes de Laurel chicoteavam com o vento que ela própria criava, a cor vibrante contrastando com o cenário cinzento e as suas vestes negras. Os olhos desiguais fitavam o inimigo, atentos, sérios, impiedosos.

RUBY [4]⚡ HP ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora