Capítulo 45

43 7 23
                                    

      Meredith pressionou a ferida com força, sentindo-se sufocar.

     Ao seu redor, a Batalha continuava. Muitos Devoradores da Morte caíam por terra, a ajuda dos elfos domésticos e dos centauros equilibrando a balança e dando ao lado do Bem uma chance real de vencerem. Ao longe, Ashley corria, procurando Laurel Ravenclaw, carregando a adaga das Lovelace consigo. A dor nos seus olhos âmbar quando deixara Meredith para trás era quase palpável, dilacerando o seu coração à medida que ela se afastava.

     A morena dos lábios vermelhos apoiou-se na parede mais próxima, escorregando até ao chão. A ferida doía-lhe horrores; a pata da maldita aranha tinha atravessado qualquer coisa vital, pela quantidade de sangue que dali emanava. Não se iria safar. Sabia disso. Encostou a nuca para trás, sentindo a parede fria arrepiar-lhe a pele.

      Sentia-se satisfeita. Morreria com honra, no meio de uma Guerra onde tantas pessoas boas tinham dado a vida para proteger outras. Ela era apenas mais uma. Tinha salvo Ashley, a mulher que amava.

     Fizera a coisa certa.

      Gemeu de dor, sentindo uma maior dificuldade em respirar sem sofrer. O corpo fraquejava, a visão turva fitando o teto do Salão Nobre, onde um dia houvera estrelas a brilhar. Quando Hogwarts era bela e mágica, a noite estrelada fazia-lhes sempre companhia ao jantar. Agora, havia zonas que nem teto tinham, a tempestade negra no céu despenteando-lhe os cabelos. Estava exausta.

     Fechou os olhos, sentindo o coração bater descontrolado contra o peito.

- Meredith.

       As pálpebras abriram-se, pesadas. Com a visão turva, fitou o que pareceu ser o seu próximo reflexo, os olhos negros faiscando com uma fúria gélida.

- Nem te atrevas a morrer hoje. - rosnou Amanda Lovelace, pressionando-lhe a ferida - O que aconteceu?

- Aranha. - respondeu, fracamente.

        Amanda assentiu, dardejando-lhe o corpo com os olhos. Os braços frios da mãe sustentaram-na, colocando-a no seu colo como se fosse uma criança. Meredith engoliu em seco, sentindo uma rajada de emoções assolá-la. Nunca tivera colo de mãe. Matthew, por muito presente que se esforçasse para ser, nunca lhe dera colo.

       Agora, a sua mãe abraçava-a, pela primeira e última vez.

- Mantém-te acordada, Meredith. - ordenou a mulher, retirando a sua varinha do bolso - Ouviste?

- Eu... Não... Consigo...

- Olha para mim. - as unhas de Amanda cravaram-se nas suas bochechas, forçando-a a olhar para ela - Aguenta. Tens de aguentar, está bem?

- Deixa-me ir...

      Amanda abanou a cabeça. Palavras incompreensíveis saíam dos seus lábios, a ponta da sua varinha brilhando à medida que a Devoradora da Morte tentava curá-la. Praguejou, irritada, vendo que a ferida continuava a sangrar, a hemorragia cada vez mais espessa e intensa. Meredith gemeu, as dores assolando-a impiedosamente.

- Porcaria de veneno. - rosnou a Lovelace mais velha, baixinho - Meredith, aguenta mais um pouco. As aranhas da Floresta Proibida têm um veneno extremamente potente... E letal. Eu... Preciso de tempo... Por isso aguenta, está bem?

- Porque... É... Que... - Meredith tossiu, um fino fio de sangue escorrendo pelos seus lábios à medida que o veneno se espalhava pelo seu corpo - Porque é que te importas?

      A mulher encarou-a, as feições mordazes e impiedosas de uma mulher Lovelace suavizando à medida que observava o rosto pálido da filha.

RUBY [4]⚡ HP ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora