Capítulo 12

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         Ashley não era uma pessoa de se recordar do que sonhava.

       Perceber que fazia dias que sonhava com a taça de Hufflepuff enquanto Amanda Lovelace a esfaqueava era estranho e completamente inesperado. Para evitar focar-se na sensação do seu próprio sangue a escorrer pelo seu antebraço abaixo, a imagem da taça veio-lhe nítida à memória, uma imagem que lhe aparecera frequentemente em sonhos ao longos dos seus poucos anos de vida.

      Porquê só recordar isso agora?

      Ela tinha muito pouca tolerância à dor. Assim sendo, a sua mente vagueava nas mais variadas direções para evitar pensar na sensação excruciante que era ser rasgada lentamente pela adaga mais afiada que já vira.

       A ponta da adaga de prata nas mãos da Lovelace mais velha fez-se sentir na sua pele, perfurando-a lentamente pela quarta vez.

      O seu grito ecoou pela Mansão, seguido pelo grito de Hermione Granger, que chorava.

       O tremor de terra que se fez sentir foi o suficiente para Ashley esboçar um sorriso, o rosto coberto de suor e lágrimas. No andar de cima, Laurel Ravenclaw ouvia cada um dos seus gritos, respondendo desesperadamente com demonstrações descontroladas da sua magia, provando a Ashley que ela não fazia magia porque não queria. Qualquer que fosse a ideia inicial de Laurel, não tinha dado certo; ser prisioneira fora uma escolha mas, quando Voldemort a destruiu por dentro, tornara-se uma obrigação, uma tragédia. Ashley conhecia Laurel melhor que ninguém e sabia que, depois de tudo o que já passara, aquela tinha sido a última gota de água.

      Laurel queria desistir.

      Ela queria sucumbir à dor, à solidão, ao luto. Estava para lá de fraca pela perda de sangue enorme que sofrera mas, se ela quisesse, ela podia dar a volta por cima.

      "Tu precisas continuar a lutar, Lau..." pensou Ashley, sem saber se a amiga a escutava, "Pelo Harry. Pela Meredith. Pelo Draco. Por Remus... Luta. Por mim."

- Já chega. - disse Meredith.

      A voz da namorada soou-lhe longínqua e fria, um vislumbre do que Meredith realmente era. Pelo canto do olho, podia ver quão pálida ela estava, o corpo tremendo de fúria e os olhos negros fitando a mãe mortalmente. Meredith Lovelace encontrava-se no seu limite e Ashley desejou poder poupá-la àquele cenário. A Slytherin já fizera sacrifícios suficientes, não precisava de mais nenhum.

- Como é que entraram no meu cofre?! - gritou Bellatrix - Foi aquele goblin nojento quem te ajudou?

- Nós só a encontrámos esta noite! Nunca estivemos dentro do seu cofre... - soluçou Hermione, em pânico.

- A espada não é verdadeira. - disse Ashley, o mais firmemente que conseguiu - É uma imitação!

- E esperas que acreditemos nisso? - questionou Amanda, cínica.

- Eu posso provar...

- Não é preciso. - intrometeu-se Lucious Malfoy - Draco, vai buscar o goblin, ele pode dizer-nos se a espada é verdadeira ou não.

- Leva a Hufflepuff. - ordenou Amanda, colocando-se de pé - Tinhas razão, filha. A Granger fornece-nos informações que chegue...

- Não. - cortou Bellatrix, pondo-se de pé - A Hufflepuff fica. Draco, o goblin.

       Pelo canto do olho, Ashley viu Meredith ranger os dentes, irritada. Ao olhar para as duas mulheres Lovelace, parecia haver uma espécie de entendimento entre elas, como se estivessem a trabalhar juntas para a proteger. Afastou esse pensamento, recordando quem Amanda era e o que lhe fizera, a ela e a Cecilia Diggory. Amanda Lovelace era a última pessoa que estaria do lado dela.

RUBY [4]⚡ HP ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora