Capítulo 42

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- Onde vamos?

A mão de Laurel puxava-o pelo corredor fora, pálida e firme como sempre fora. Os cabelos ruivos balançavam de um lado para o outro há sua frente, a cor vibrante contrastando com as suas vestes negras. Dava passos largos, o rosto virado para a frente, a nuca e as costas viradas para ele.

Draco seguia-a, intrigado.

A Ravenclaw nada dissera quando regressara ao Salão Nobre, apenas lhe pegara na mão e o arrastara para fora dali, os lábios prensados numa linha fina e dura. Ele não fazia ideia do que ela estaria a sentir. Na verdade, ele até saberia, se prestasse atenção à dor incessante que sentia no peito. Se pensasse um pouco, saberia que aquela dor não era dele e sim dela, uma sensação impossível. Um não sente o que o outro sente a menos que a isso esteja ligado.

Mas, no que tocava a raciocinar e pensar de forma lógica, Draco não era a melhor pessoa para isso.

- Laurel? - chamou, em vão.

O corredor onde seguiam agora era o mais familiar de todos. Levava diretamente às masmorras, onde os dormitórios dos Slytherin ficavam. Draco prensou os lábios, sentindo o estômago revolver-se ao ver que os quadros tinham todos desaparecido e não havia nenhuma senha para entrar. Nada restava do que um dia fora Hogwarts.

Laurel entrou primeiro, sem o esperar. A Sala Comum dos Slytherin saudou-o com o brilho esmeralda de sempre, a lareira apagada e o frio cortante daquele lugar acolhendo-o como se de casa se tratasse. Aquela fora a sua casa, muito mais do que a Mansão Malfoy alguma vez fora. Ali ele fora rei e senhor do seu reino, rodeado de colegas perspicazes e orgulhosos. Ao passar pelo sofá onde se sentara tantas vezes, Draco esboçou um sorriso de lado, ignorando a sensação de estar a ser lamechas. Fora ali que Laurel fora gentil para ele diretamente, a primeira vez. Fora ali que ela lhe sorrira e onde Draco percebera, com apenas 11 anos, que nunca seria bom o suficiente para ela.

Nada que a tivesse impedido de o escolher a ele.

Deu com ela no dormitório dele, onde tinham dormido algumas vezes. Fitava a superfície cinzenta do Lago Negro com apatia, a janela roçando nas suas águas por milímetros. Era o único dormitório com aquela imagem, já que nem todos tinham janelas, por estarem nas masmorras do castelo. A janela do dormitório de Laurel era a única onde o Sol entrava, nas poucas vezes que despontava naquele céu.

Quando ela se virou, Draco susteve a respiração. Conhecia aquele olhar. Ele sabia o que ela queria, o que desejava. Laurel caminhou até ele, os olhos safira brilhantes, os lábios entreabertos, o corpo demasiado perto do dele.

Um bom rapaz nunca lhe teria tocado. Teria percebido que Laurel queria esquecer o seu luto e o seu sofrimento e que aquela era a melhor maneira de o fazer, nos braços do homem que amava. Um bom rapaz não teria cedido aos seus encantos, nem mesmo quando ela lhe beijou a bochecha de maneira suave, provocativa.

Um bom rapaz não lhe teria dado o que ela queria, ou que ela dizia que queria.

             Draco não era um bom rapaz e Laurel sabia disso.

- Laurel...

- Amo-te, Draco.

Ele baixou os olhos, fitando-a. O rosto dela nada mostrava. O Malfoy conhecia-a bem; sabia que ela escondia alguma coisa, o verdadeiro motivo para estarem ali escondidos do mundo. Laurel queria esquecer mas não era só isso.

Era como se ela se quisesse recordar.

Laurel pôs-se em bicos de pés, os braços rodeando-lhe o pescoço. Num movimento brusco, puxou-o contra ela, unindo os seus lábios. Os dedos dela puxaram-lhe os cabelos da nuca e Draco grunhiu, apertando-a contra si.

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