Capítulo 33

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- Tive muitos seguidores ao longo da vida. Puros-sangue que acreditam na minha verdade, mestiços que querem sobreviver, feiticeiros leais, cobardes, traidores... Muitos mataram em meu nome, muitos torturaram em meu nome, muitos morreram por um mundo justo e orgulhoso.

     Voldemort encarou o rio cheio de corpos, o seu rosto de serpente sem esboçar qualquer emoção.

- Regulus Black era um dos mais brilhantes Devoradores da Morte que já tive ao meu lado. Leal, adorava-me como um Deus, procurava orgulhar a família mais do que tudo. Foi o mais novo a juntar-se a mim até Meredith Lovelace aparecer. Ele era um Black da cabeça aos pés, fiel, dedicado, um jovem com os seus meros quinze anos que sabia qual era o lado certo.

            Laurel jazia petrificada no chão, as mãos firmemente agarradas à rocha onde uma bacia fora colocada. Estava demasiado assustada para se levantar, os olhos safira fixos no exército de mortos à sua frente. Os Inferi tinham-se erguido das águas, os corpos distorcidos virados na direção dela como se apenas a adorassem, os olhos vazios aterrorizando-a mais do que estava à espera. Pálida, estava atenta à história que Voldemort contava sobre o seu pai, por mais assustada que estivesse.

       Nem Remus nem Sirius sabiam como Regulus morrera. No Lembrol que Cora encantara para lhe contar a sua história, referia apenas que um Devorador lhe batera à porta uma noite anunciando a morte misteriosa do seu pai, um antigo amigo de ambos. Sabia, contudo, que Regulus deixara de ser fiél a Voldemort a partir do momento em que se apaixonara por Cora, se é que realmente alguma vez o fora. Sabia que ele as quisera proteger e sabia que ele morrera por isso.

         Como e porquê ela nunca soubera.

- Ninguém sabe a verdade sobre a morte do teu pai, a não ser eu. O boato espalhou-se de que fui eu que o matei, que ele morreu às minhas mãos... Bom, não exatamente.

          Voldemort ergueu a varinha, apreciando o poder que esta lhe conferia, o mesmo que preenchia as veias de Laurel como combustível. Uma cortina de fumo pareceu surgir ao seu redor, ao mesmo tempo que imagens eram projectadas, tão reais que Laurel sentiu o coração falhar uma batida ao ver o rosto que só vira em fotografias pairar perto ao seu.

         Regulus Black erguia-se, a expressão tão aterrorizada como a dela.

          Num ímpeto, a Ravenclaw estendeu a mão, que passou pela figura à sua frente sem lhe tocar. Não passava de uma ilusão, uma miragem.

        Uma memória.

- A caverna está enfeitiçada com muitos feitiços de proteção e camuflagem, suficientes para afastar olhares curiosos. - explicou o Senhor das Trevas, indiferente à emoção que a percorria por inteiro - Um desses feitiços é responsável por detetar a presença de bruxos e mostrar-me. Qualquer feiticeiro que ouse pousar aqui os pés terá a sua imagem magicamente gravada e não escapará impune, faça o que fizer. Então, quando soube da morte de Regulus, vim até aqui ver o que realmente tinha acontecido.

           A cena desenrolou-se sobre os seus olhos. Regulus chegara sozinho no barco, a expressão pálida e os olhos negros vasculhando todos os cantos, receosos. A imagem não transmitia o som mas Laurel podia apostar que Regulus falava com alguém, alguém que não aparecia na memória. Os olhos safira dela observaram comovidos a figura do seu pai; teria a idade dela quando ali estivera, a face temerosa contrastando com os seus passos firmes e certos.

        Ele passou por ela com cautela, subindo os degraus até à bacia onde Voldemort colocara o medalhão. A superfície cristalina da poção que protegia o Horcrux refletia a face de Regulus, que sequer hesitou em pegar na concha que ali se encontrava e começar a beber a poção.

RUBY [4]⚡ HP ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora