Prólogo

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      A menina observou cuidadosamente o movimento do animal à sua frente.

     A floresta permanecia em silêncio, expectante. Ao longe, fumo saía da cabana no meio de nenhures, anunciando a chegada do inverno com a sua lareira a fumegar antes que a noite chegasse e gelasse os ossos.

     A brincadeira no meio das árvores chegara ao fim e a menina preparava-se para ir para casa quando a viu. Os seus olhos estreitos eram hipnotizantes, a língua bifurcada serpenteando para fora da boca enquanto a menina se ajoelhava, fitando-a com curiosidade.

     No seu peito, um medalhão em forma de coração brilhava com uma tonalidade incomum: esmeralda. Fora isso que despertara a curiosidade da criança. Os olhos safira fitaram a criatura, bondosos.

     A serpente sibilou.

      A menina estendeu a mão. Ao seu redor, a floresta onde vivia era banhada pelo luar crescente, delineando as figuras das árvores já tão familiares. Era ali que a criança passava os seus dias, ora sozinha ora com o seu pai adotivo. Entre a Natureza e a biblioteca que o seu tutor criara mal ela aprendera a ler, há um ano atrás, eram assim que a pequena era feliz.

- Olá, Sra. Cobra. - saudou a criança, esticando os dedos.

     A cobra sibilou e o brilho esmeralda tornou-se venenoso. A criança arregalou os olhos, afastando-se bruscamente quando a cobra se atirou a ela, caindo de costas no chão com o susto.

      Algo brilhante colocou-se à sua frente, assustando a cobra. A criatura sibilou, o claro ódio nos seus olhos.

      Nagini, possuída pelo seu Mestre, embrenhou-se na floresta, afastando-se.

- Não deves falar com estranhos, querida.

      O fantasma de uma mulher pairou junto aos pés da menina, que ergueu os olhos muito lentamente. O coração acalmou-se ao fitar o rosto sereno da figura feminina, translúcido. O luar incidia no seu corpo, deixando a sua transparência de uma tonalidade prateada.

- Então é melhor não falar consigo, minha senhora. - respondeu a pequena, colocando-se de pé - Obrigada por me proteger da cobra má. - a menina estreitou os olhos, o rosto tombando para o lado direito enquanto a observava - A senhora é um fantasma?

- Penso que sim... - respondeu a mulher, fitando o próprio corpo com incerteza.

- O que a prendeu neste mundo? Os fantasmas são almas penadas, apenas ficam no mundo dos vivos quando têm assuntos pendentes para tratar.

      A mulher pestanejou.

- Quantos anos tens?

     A pequena sorriu, exibindo orgulhosamente a falta dos seus dentes da frente e estendendo a mão, esticando os dedos.

- Tenho 5 anos, senhora.

- És muito inteligente para a tua idade, não és? - questionou a mulher, abaixando o seu corpo translúcido ao nível da menina - Um diamante em bruto...

- Remus diz que sou muito grande aqui... - apontou para o topo da cabeça, de onde os seus cabelos ruivos despontavam - E pequena de corpo. Ele é muito forte, sabias? E é um lobisomem! Mas não gosta de ser... Ele é muito esquisito, o meu papá.

- Papá...? - murmurou a mulher, surpreendida.

- Sim, tenho dois papás, uma mamã e o meu avô só que o meu papá e a minha mamã de verdade já morreram... Olha, tens um colar igual ao meu! - exclamou a criança, apontando para o peito da mulher - Também és uma Ravenclaw como eu?

RUBY [4]⚡ HP ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora