Capítulo 13

52 4 10
                                    

Algumas semanas antes...

       Meredith ergueu os olhos para o céu, encarando as nuvens negras que se aglomeravam por cima da sua cabeça.

      A atmosfera pesada há muito que fazia parte do quotidiano de qualquer feiticeiro.

      A jovem Lovelace prensou os lábios, bloqueando o som dos gritos que ecoavam pela casa onde se encontrava.

      No piso de cima, Belatrix gargalhava, divertindo-se a torturar a família Thomas. Mesmo da varanda, era impossível não sentir a dor que os pais de Dean Thomas estavam a sentir, a Maldição Cruciatus correndo-lhe pelo corpo como milhares de facas aguçadas a cravarem-se em todo o lado.

      Meredith estava mais do que familiarizada com aquele feitiço em específico.

- Eles recusam-se a dizer onde o miúdo foi. - resmungou Amanda Lovelace, aproximando-se da filha.

- Foram eles que o ajudaram a escapar, com certeza não cederiam tão fácil.

      Os olhos negros de Amanda encararam a mais nova com desconfiança. Desde que se tinham reencontrado, havia uma trégua fina entre elas, um rastilho prestes a acender à mínima falha. A Lovelace mais velha continuava com desejo de assassinar a filha pela sua traição, enquanto Meredith fazia os possíveis e impossíveis por manter a postura e não mostrar o medo que sentia da própria mãe. Na verdade, não era exatamente da mãe que tinha medo.

      O que Meredith realmente temia era ser igual a ela.

       Meredith Lovelace era uma excelente atriz. Há muito que deixara de vacilar quando tinha que torturar alguém, embora se esquivasse sempre que lhe pediam para atirar a matar. Mostrava-se fria e calculista, bloqueando as emoções para manter o seu papel de Devoradora da Morte leal e dedicada.

     O seu foco, no entanto, era outro.

     Não voltara a ver Laurel desde a morte de Dumbledore. Ouvira os seus gritos excruciantes, sabia que era torturada todos os dias mas ninguém podia estar com ela a não ser Voldemort e quem ele ordenasse. Meredith, apesar de viver com os Malfoy, não estava autorizada a estar com amiga.

      Draco Malfoy muito menos.

      Esse tinha sido expressamente proibido de se aproximar do quarto onde Laurel se encontrava. Estiveram juntos apenas uma vez, no primeiro dia. Assim que soube desse encontro, Voldemort afastara o Malfoy mais novo, forcando-o a realizar as missões mais desagradáveis e proibindo-o de estar com a Ravenclaw.

       Meredith percebera de imediato a possessividade de Voldemort em relação a Laurel, a antiga magia atuando entre os dois Herdeiros.

      O ciclo vicioso de sempre.

- Não és tu que costumas ser a torturadora de serviço? - questionou Meredith, provocando a mãe.

      Amanda revirou os olhos, entediada. Os anos em Azkaban tinham-lhe reduzido a sua já pouca paciência para o mundo, não estando para se chatear se era ela ou Bellatrix que tinha o prazer de torturar as pessoas. Desde que conseguissem boas informações e o Lord ficasse satisfeito, tudo estava nos conformes.

- Vais andar muito mais tempo a esquivar-te ao inevitável, florzinha?

      Meredith rangeu os dentes. As duas Lovelace eram tão semelhantes que se tornavam perigosas, uma sabendo exatamente como provocar a outra. Quem olhasse de fora, nunca diriam que Amanda não tivera qualquer papel na educação da filha.

- Eu não vou matar ninguém, se é a isso que te referes.

- Na verdade, referia-me ao facto de continuares a estar apaixonada por aquela Hufflepuff, mesmo ela sendo um alvo a abater. Eu também nunca atiro a matar.

RUBY [4]⚡ HP ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora