Capítulo 16

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     O som dos saltos altos a baterem no chão de mármore ecoaram pelo corredor. Meredith respirou fundo, acalmando o coração que batia forte no peito. Aquele era o truque para lidar com qualquer predador; nunca demonstrar medo ou seria uma presa morta.

     Nos tempos que corriam, Lord Voldemort era o predador mais perigoso que existia.

      Com as emoções controladas, abriu as portas da sala de estar, adentrando a assoalhada de queixo erguido.

- Milorde, requeriu a minha presença? - perguntou, fazendo uma referência.

     Os olhos cor de sangue de Voldemort fixaram-se nela, como se de uma cobra se tratasse. Um pequeno sorriso formou-se no seu rosto, embora este nunca atingisse realmente os seus olhos. O Senhor das Trevas era incapaz de esboçar uma emoção genuína, a menos que esta se tratasse de ódio ou desprezo.

     Uma criatura sem coração, como nunca existira outra.

- Meredith, querida. Gostaria que me acompanhasses, a mim e à tua mãe.

- Posso perguntar onde, Milorde?

- Não serias tu se não perguntasses, Meredith. Vou de viagem para visitar um velho... Amigo. Vós ireis acompanhar-me, calculo que vos seja familiar.

     Sentada ao seu lado, Amanda Lovelace fitava o tampo da mesa de vidro, os olhos negros encarando o vazio como se tivesse visto um fantasma. As palmas das mãos estavam firmemente pressionadas uma contra a outra, os dedos entrelaçados sobre o colo com demasiada força.

       Meredith sentou-se calmamente no lado esquerdo do Lord, os lábios vermelhos prensados um no outro. A postura tensa da mãe estava a deixá-la nervosa, algo que não podia acontecer à frente de Voldemort.

- Será um prazer acompanhá-lo, Milord. - disse, com toda a firmeza.

     Os olhos negros de Amanda buscaram os dela, vazios. Meredith franziu ligeiramente o sobrolho, vendo Voldemort sorrir para Amanda como se apreciasse a reacção da Lovelace mais velha.

- Algum problema, Amanda? - questionou o Lord, a mão acariciando a cabeça de Nagini, que se entrelaçara na perna da mesa e subia lentamente para cima da mesa.

- A pessoa em questão não é propriamente a minha favorita, Milord. O senhor sabe disso.

- Por isso mesmo, adoraria que me acompanhasses, Amanda. Tive oportunidade de matar o meu pai e castigá-lo pela sua ignorância e fraqueza. Pela tua lealdade sem limites, dar-te-ei a mesma oportunidade. - Voldemort virou-se para Meredith, que mal respirava - A Meredith nunca conheceu o avô, pois não?

     Amanda abanou a cabeça, em silêncio. Meredith não conseguia respirar, o cérebro preso ao que Voldemort dissera.

      O seu avô.

      Gellert Grindelwald.

- Quando partimos? - conseguiu perguntar, num fio de voz.

- Agora mesmo. - Voldemort pôs-se de pé, estendendo o braço a cada uma das mulheres - Prontas?

     Com relutância, as Lovelace entrelaçaram os seus braços nos do seu Mestre, ambas visivelmente perturbadas, embora por razões diferentes.

      A última coisa que Meredith viu antes de Aparatarem foi a lágrima solitária que escorria discretamente pela bochecha de Amanda.

**

       O Castelo de Nurmengard saudou-os com uma tempestade feroz, despenteando os cabelos outrora perfeitamente penteados de Meredith. A jovem estremeceu, envolvendo os braços com o seu casaco e seguindo Voldemort, adentrando as masmorras do castelo.

RUBY [4]⚡ HP ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora