Capítulo 25

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      Ela estava acordada.

      Os últimos raios de sol do dia adentravam o quarto num ato de rebeldia, à medida que atravessavam as nuvens negras apenas para a saudar por breves instantes. O peso dos lençóis sobre o seu corpo pequeno e frágil era superior ao que necessitava naquele momento, tendo por isso arranjado forças para os afastar para o lado.

       Laurel observou o teto, os olhos safira vazios. Os feitiços que a impediriam de sair do quarto caso tentasse sobrevoavam-na, relembrando-a da sua condição. Quaisquer que fossem os sonhos que tinha, bons e maus, estavam muito longe da realidade que vivia.

      Prisioneira.

       Era isso que ela era, em todos os sentidos. Estava presa ao seu organismo decadente, presa ao seu corpo ferido, presa naquele quarto horroroso pelo capricho de um homem.

        Pelo capricho de Voldemort, que nem homem era.

        Ao remexer-se na cama para se sentar, o seu corpo reclamou de dor e desconforto, forçando-a a permanecer deitada. Aquela era a primeira vez em que realmente se sentia acordada; a sua consciência ia e vinha como as ondas do mar ao longo do tempo, imprevisíveis.

- Eu avisei-te para não te sentares.

       Narcissa Malfoy adentrou os aposentos, o rosto esmorecendo quando Laurel lhe virou a cara, propositadamente. A mulher suspirou, colocando-lhe a mão na testa.

- A tua febre passou por completo. - informou, com alguma satisfação - Como te sentes? Alguma náusea, dor...

- Estou bem. - respondeu Laurel, secamente.

        Não estava, claro. Toda a parte de baixo do seu corpo doía e Laurel não queria nem sequer pensar no que acontecera. Já bastava reviver o momento em que sangue lhe começara a escorrer pelas pernas abaixo de cada vez que perdia a consciência, não queria pensar nisso quando estava consciente.

       A linhagem Ravenclaw morrera com ela. Tinha sido um preço muito alto a pagar mas Laurel sabia que poderia acontecer. Voldemort era um Slytherin; necessitava de poder e o seu estava ligado a ela, que se recusara a entregá-lo de mão beijada. Estarem ligados atrasava-o, como a pedra num sapato e Voldemort sentia-se destabilizado por não ter total controlo da magia que lhe pertencia. Por mais que usasse Laurel e conseguisse extrair poder através da força vital dela, não era a mesma coisa do que ser ele o controlador, ele no poder, ele na sua forma completa.

       E, por mais vazia que Laurel se sentisse, uma parte dela conseguia rejubilar com a frustração dele.

- O Mestre virá ver-te dentro de poucos dias. - informou Narcissa, observando a ruiva com cautela - Ele está furioso...

- Ainda bem. Foi estúpido o que ele fez, por isso é bom que esteja. - Laurel fez uma pausa, encarando Narcissa com desprezo - Quais são as condições do meu encarcenamento?

- E-Eu não...

- És o quê? A minha medibruxa ou a minha babysitter?

- Sou a pessoa que te manteve viva. - retorquiu Narcissa, endireitando-se - E é na minha casa que estás, por isso exijo mais respeito...

- Não tenho nenhum respeito pelos Malfoy, Narcissa.

- Draco é um Malfoy.

- Não tenho dúvidas disso. Infelizmente, apaixonei-me por ele e não há nada que possa fazer contra isso mas uma coisa te garanto: sei perfeitamente que Draco é um dos responsáveis pela morte de Dumbledore e, por mais que um dia o vá perdoar, não vou esquecer. Jamais esquecerei.

RUBY [4]⚡ HP ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora