Capítulo 23

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       A Marca Negra no braço queimava-a.

      Quando o quadro de Ariana Dumbledore desvendou a figura sorridente de Neville Longbottom no meio de um túnel secreto, Meredith deixara-se ficar para trás, sem sentir o raio de entusiasmo que invadiu os restantes. Para Harry, Ron e Hermione, ver um rosto familiar era um sopro de ar fresco e para Ashley, um motivo para sorrir. Ela era uma Hufflepuff, ser amigável e social estava-lhe nos ossos. Neville fora o seu companheiro em Herbologia, os dois entendiam-se muito bem e Ley não podia deixar de se sentir feliz de o ver.

      Meredith, por outro lado, nada sentia.

      Não fizera muitos amigos em Hogwarts. A maioria não ousava aproximar-se dela, a criança nascida em Azkaban, quanto mais quererem ser amigos. Os Slytherin desprezavam-na na maior parte do tempo, visto ser amiga de Laurel, uma traidora de sangue assumida. Os que não tinham problemas com isso, sofriam do mesmo dos restantes: medo.

      Medo da criança nascida em Azkaban. Medo da filha de Amanda Lovelace. Medo dela.

- Neville estava a contar-nos como estão as coisas em Hogwarts. - disse Ley, aproximando-se dela; notara a quietude da namorada e não podia deixar de se preocupar, por mais urgente que a situação fosse - A escola já não tem nada a ver com o que era.

- Eu sei. - respondeu Meredith - Ouvi histórias sobre as torturas e castigos. Ley, o que vocês vieram fazer a Hogwarts com tanta urgência? Quer dizer, eu sei que provavelmente vai haver uma batalha, já que ele está a vir...

- Vamos à procura do diadema de Ravenclaw.

     A Lovelace ergueu uma sobrancelha.

- Estão a fazer alguma coleção de objetos que pertenceram aos fundadores? Primeiro a taça, agora o diadema...

- Nós não mas o Quem-Nós-Sabemos fez. Sabes o que são Horcruxes?

- Sim. A Laurel andava a ler sobre eles no ano passado antes...

     Não continuou a frase e Ashley limitou-se a assentir, explicando a missão deles em Hogwarts. Era muito bom voltar a conversar com Ley, ouvir a sua voz entusiasmada e ver os seus olhos âmbar mais vivos que nunca. O facto de terem a taça de Hufflepuff com eles dera-lhe alento, a força da sua antepassada preenchendo-a. Enquanto caminhavam para Hogwarts, Meredith inteirou-se da missão de Harry, sentindo-se feliz com a confiança que Ashley depositava nela. Houvera um breve momento em que a Hufflepuff duvidara da lealdade de Meredith; não a culpava, ela era uma excelente atriz e não poupara a esforços para manter o seu papel.

     Agora, Meredith estava ali, provando a tudo e a todos que o seu lugar era ao lado dela e nem o Medo a faria escolher o contrário.

**

     Quando o túnel despontou numa colorida e entusiástica Sala das Necessidades recheada de fãs de Harry Potter, Meredith fez uma careta, enjoada.

- Não dá para baixar o volume? - perguntou, com escárnio.

       Vários rostos familiares fitavam Harry com um misto de alívio e esperança. Neville era claramente o líder do grupo de revoltados contra a nova doutrina de Hogwarts, mas era apenas um líder temporário, alguém que preparara o terreno para que o verdadeiro líder chegasse.

     Um olhar de pânico trespassou Harry, que fitou Meredith. Esta ergueu a sobrancelha, surpreendida por ele sequer se dirigir a ela.

- Ele encontrou mais um. - disse, referindo-se aos Horcruxes - Se ele vier aqui a seguir e encontrar o diadema antes de nós...

- Não vai. - respondeu Meredith, convicta - Como todos os iludidos neste mundo, o Quem-Nós-Sabemos acredita fielmente que Hogwarts é o local mais seguro do mundo, ainda mais do que Gringotts. Temos tempo mas precisamos acabar com esta fantochada.

RUBY [4]⚡ HP ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora