Just a dream

Capítulo 06

Desperto-me com o alarme soando irritantemente por todo o quarto. Levanto e vou diretamente fazer minhas higienes matinais.

Após tudo feito, desço para tomar café da manhã com minha família. Como sempre vejo apenas meus Tivôs à mesa, minha gêmea sempre se atrasando.

- Bom dia, Tivôs! - Falo animadamente, tendo uma resposta uníssona dos mais velhos.

Preparo uma tigela de cereal e começo a saborea-lo com calma. Minutos depois, minha irmã finalmente desce, com a mesma expressão abatida e cansada, o que me preocupa cada dia mais.

Desde o dia que nossos pais se divorciaram, ela não é mais a mesma, nossos papéis se inverteram. Eu me acostumei rápido a nova vida, e atualmente me sinto animado e preparado para tudo.

Ao contrário da Mabel.

Ela aparenta não ter superado. Sempre esta meio isolada, esta mais calada, e desde que nos mudamos, ela parece sempre estar em um mundo diferente.

Quando soube que não estudaríamos juntos, fiquei animado e triste ao mesmo tempo. Animado por ser considerado apto a pular uma série, no entanto triste por deixar minha irmã sozinha.

Ela sequer pensa em paquerar mais!

A Mabel parece estar completamente arrasada. Confesso que também fiquei, mas não adiantaria de nada permanecer naquele estado.

- Bom dia.. - Ela diz, obviamente, desanimada.

- Bom dia, Mabel. - Todos os presentes falam em uníssono.

Vejo minha maninha se sentar e comer, sem vontade, seus waffles. Suspiro, queria ter mais tempo para lhe dar atenção.

Não somos mais crianças, eu estou cuidando do meu futuro, e infelizmente, apesar de sermos gêmeos, não permaneceremos juntos para sempre.

Assim como o Tivô Ford, pretendo ser um cientista e investigador de anomalias. Meu sonho é me tornar como ele, tão inteligente, tão sábio.

Tantas investigações e descobertas importantes que ele já fizera, os diários recheados de informações que nem a FBI possui, eu o admiro imensamente. Estamos trabalhando juntos agora e, secretamente, desenvolvendo o diário número quatro.

Desde a morte do Bill Cipher, conseguimos investigar muito sobre ele. Incluindo a descoberta de um ser ainda mais poderoso que o demônio.

O Axolotl, também conhecido como o pai da existência.

O diário de número quatro está, em maior parte, focado nesses seres absolutos. Estão separados em categorias, poder, e o principal, perigo.

Investigamos também as fendas, o que nos levou a crer que existe mais de uma dimensão. A primeira a ser descoberta foi, nomeada por nós, a dimensão de Reverse Falls. Uma dimensão paralela a nossa, onde tudo e todos são, de certa forma, ao contrário.

Todas essas descobertas eram fascinantes.

Depois de voltarmos para a cidadezinha repleta de mistérios, percebi o quanto havia mudado. Se tornara maior. Seus habitantes também se encontravam diferentes.

A que mais me surpreendeu foi a Pacífica Northwest.

A loira não era mais aquela patricinha mimada que se divertia humilhando os outros, ela se tornou humilde, bondosa, esforçada e trabalhadora. Ela esta ainda mais linda.

Suas vestes passaram de roupas de grife, para roupas simples e despojadas. Seu rosto não era mais carregado de maquiagem. Estava simplesmente perfeita.

Parecia realmente estar sendo quem ela é.

Eu estaria mentindo se dissesse que não estou apaixonado pela garota. Ela fisgou meu coração como nem a Wendy conseguiu fazer.

No começo, estava desconfiado, não sabia se ela realmente havia mudado ou se era apenas fingimento. Com o tempo, essas desconfianças se foram, ela se mostrou estar diferente e que havia deixado de ser aquela garota de 4 anos atrás.

Seu jeito atual, simplesmente me encantou. Sua fala doce e meiga. Seu jeito delicado e ao mesmo tempo forte de ser. Ela é uma garota incrível. Foi impossível não se apaixonar.

Tenho certeza que a Mabel já percebeu isso.

Ela parece ter um sensor que sempre a alerta quando estou gostando de alguém. Isso chega a ser engraçado. Não consigo esconder meus sentimentos da minha irmã.

[...]

- Dipper, arrume suas coisas, temos uma investigação na floresta. - Meu Tivô avisa, despertando a animação dentro de mim.

Imediatamente levanto do sofá onde me encontrava e vou para meu quarto, pegar uma mochila e todos os materiais necessários. Visto uma roupa mais adequada para a ocasião.

Vou ao encontro do Tivô Ford no laboratório subterrâneo.

O mais velho estava preparando um mochila para si, e ao terminar, coloca uma arma em sua cintura.

- O que iremos investigar Tivô?

- Anomalias. Quando vocês chegaram elas já estavam presentes, porém recentemente os níveis se tornaram mais altos. - Sua voz era rígida e seu olhar se encontrava sério. - Especialmente em regiões próximas a estátua.

Estremeço. Não, não pode ser verdade isso que ele está falando.

- O senhor está querendo dizer que.. - Não consigo terminar a fala. Estava temendo pelo pior.

- Sim Dipper, temo que Bill esteja vivo. - Seu olhar se volta para mim. - E se ele estiver, está tentando sair da possível prisão que se encontra.

- Isso não pode estar acontecendo. - Falo. A raiva já começara a crescer em meu ser.

- Pode e possivelmente está, Dipper. - O cientista me olha, pode-se perceber em seu olhar que também temia por isso. - Vamos logo ver isso antes que fique tarde.

Nos encaminhamos para fora do laboratório, e sucessivamente para fora da cabana.

Adentramos a floresta, por ainda ser dia não precisávamos de lanternas, o que facilitou muito. Seguimos caminho até a estátua do demônio que tanto nos atazanou anos atrás.

Já estávamos próximo ao nosso destino. As árvores próximas estavam morrendo aos poucos, algumas vegetações se encontravam de forma estranha e absurda, animais que por ali passavam sofria alguma consequência das anomalias.

O ar estava pesado.

- As coisas estão piores do que eu imaginava. - Comenta Tivô Ford. Seu detector de anomalias apitava incessantemente. Aquele barulho chegava a irritar.

Chegamos enfim a estátua. A princípio tudo parecia estar em seu devido lugar. A estátua estava intacta e intocada.

- Que estranho… - Penso alto. Me aproximo para investigar mais detalhadamente.

Tudo parecia normal. Ou o máximo que poderia ser.

- Algo está errado. - O mais velho pega uma de suas invenções, um óculos que possibilita ver o oculto. Ao coloca-lo, seu corpo fica rígido, sua respiração se torna pesada e descompassada.

- O que houve Tivô Ford? - Pergunto preocupado. Ele apenas retira o óculos e me  entrega. O pego com ar confuso.

- Veja você mesmo Dipper.

Dito isso, coloco o óculos e me surpreendo com o que vejo. Meu coração dispara e todas as lembranças ruins daquele verão me atormenta.

Bill Cipher estava a minha frente, logo acima da sua estátua, adormecido e em sua típica posição. Braços erguidos, chamas azuis crepitando em suas mãos. Ele parecia querer despertar.

- Vamos, Mason, temos que proteger essa área o mais rápido possível. - Ele sai andando a passos pesados. - Ninguém pode se aproximar da estátua! Temos que a conter o mais cedo que pudermos.

Sinto que as coisas irão apenas piorar daqui por diante.