Capítulo 23

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Havia recebido uma carta esta manhã, como remetente o Will Cipher. Não era nada alarmante, não passava apenas de um breve aviso, informando que partiremos esta noite.

Eu ficaria 5 dias fora.

Preparava o necessário para a viagem, seria longa e cansativa, e, por ainda não estar em corpo demoníaco, seria lenta para mim.

Repentinamente, sinto uma vontade invulgar de alertar a Estrela Cadente sobre minha partida.

Decido ignorar.

No entanto, imagens da garota, com semblante triste e revoltado, passava em minha mente. Seu falatório exaustivo com diversas perguntas.

Inferno.

Aquela maldita garota, não me deixa em paz um minuto sequer!

Termino os preparativos para a partida, me encaminhando para fora da cabana rústica em que residia. Teleporto para o quarto da menina, não a encontrando.

Humana estúpida. Me fez usar magia, me causando exaustão atoa.

Mesmo cansado, uso a magia de localização. A morena estava em uma sorveteria, no centro da cidade.

Sem querer perder tempo, teleporto para o local, sentindo leves náuseas.

Argh, preciso logo fazer esse maldito ritual!

Me precavi para que aparecesse em um local vazio, não estou afim de ver pessoas gritando e, muito menos, quero sujar minhas mãos hoje.

Antes de entrar no estabelecimento, olho pela janela, para ter certeza que a Mabel estava ali.

Sim, estava.

Porém, não sozinha.

Um veemente sentimento de raiva e ódio me consome, meu sangue borbulhava por vê-los juntos, conversando e rindo.

Não entendia o porquê dessa fúria repentina.

Sabia apenas que, estava começando a rever minhas vontades de sujar ou não minhas mãos hoje.

Queria ver o sangue daquele medíocre escorrer por entre meus dedos. O vermelho viscoso sujar minhas vestes.

Maldito Gleeful.

Respiro fundo, afim de me manter calmo, não tenho tempo para isso. O pôr do sol já manchava o céu de laranja, a noite caía vagarosamente.

Eu precisava ir.

Precisava falar com ela antes de ir.

Uso a pouca magia que me sobrara, fazendo uma garçonete, com uma bandeja cheia, tropeçar no ar. Resultado: um Gleeful todo lambusado de sorvete.

Me contive para não gargalhar.

O esperei ir embora, e quando ocorreu, não demorei a entrar na sorveteria.

- Olá, Estrela. - Falo, anunciando minha chegada. A vejo sobressaltar sobre a cadeira, o que me fez rir internamente. - Te assustei?

- O que faz aqui, Bill? - Mal educada. Reviro os olhos discretamente, garota tapada, tinha que fazer essa pergunta idiota.

- Vim ver como a cidade estava, passei aqui na frente, te vi sozinha e vim te fazer companhia. - Falo, ou melhor, minto simplesmente. - Não posso?

- Pode sim. Claro! - Vejo ela falar, meio apressada, talvez por medo de minha reação. Sorrio minimamente, me sentando na cadeira, antes ocupada por Gideon.

- Nossa. - Olho ao redor. - Que lugar colorido. Dói nos olhos. - Informo. O local tinha suas paredes pintadas em diversas cores, com listras, o que me causava repulsa e dor de cabeça.

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