Capítulo 34

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Estranho.

É a descrição perfeita para o meu dia. 

Mesmo que as estranhezas já façam parte do meu dia a dia, sendo vistas como habituais ou comuns, hoje extrapolou todos os limites.

Durante o dia inteiro, Dipper me olhara diferente, parecendo ser com outros olhos. Hora era com desgosto, repulsa, outra hora suas íris idênticas às minhas eram carregadas com raiva, ódio, pareciam querer me ver morta. 

Em outros momentos, possuíam uma pura decepção mesclada à tristeza. Tentei me aproximar, já que o garoto se manteve distante todo o tempo, fora uma tentativa falha.

Perguntei se estava acontecendo alguma coisa, se tinha algo de errado, outra vez sendo ignorada, como se de um nada eu passasse. Já não estava entendendo absolutamente nada, e isso, de certa forma, me irritava.

Com o Tivô Ford, igualmente, este me olhava com os mesmos sentimentos, mesmas expressões. O mesmo desgosto implícito e venenoso.

Eu já estava ficando farta.

Stanley Pines era o único que continuava a me olhar com bons olhos, o mesmo apreço que sempre teve para comigo. 

No entanto, eu sentia, uma sensação angustiante de tormento, que não iria demorar a mudar. 

O pior de tudo isso, é que sequer sei o que eu fiz de tão ruim para me olharem tão desgostosos, para receber tanto desprezo vindo dos que mais confio a vida.

Me sentia arrasada, abalada. Minha única vontade era de me trancafear no quarto, fugir da mira das metralhadoras que os olhares alheios se tornaram, consequentemente, nem com o Cipher supri desejo de conversar ou ver.

E assim eu fiz. 

Tranquei-me no quarto, tendo apenas como companhia o meu inseparável amigo e animal de estimação, Waddles. O porquinho de pelos baixos e rosados parecia sentir quando eu não estava bem, estava sendo afetada.

O bichano se acolhera em meu colo, pedindo por carícias em sua volumosa e quente barriga. Não tardei em atender com gosto o seu pedido de carinho.

Logo começamos a brincar. Eu lhe afagava a cabeça, enquanto o rosado me lambia com sua língua áspera, lambuzando-me com a sua saliva. Riamos como dois idiotas.

Quer dizer, ele apenas guinchava e se balançava, mas eu sabia que significava felicidade, por isso interpretava como risos.

Ele me fizera esquecer os meus medos e receios. 

Sim, eu estava começando a temer os meus familiares.

Seus olhares maldosos não só me feriram por dentro, as fisgada dolorosas em meu peito, como se uma lâmina afiada e ungida no ácido dilacerassem meu coração a cada julgamento indireto, eu também temia o que eles pudessem fazer comigo, pois aparentavam me ver como um inimigo.

Devo dizer que esta foi uma das piores sensações que ousei sentir até hoje, ser apedrejada pela própria família a qual você é capaz de dar a sua vida, de longe é algo gratificante. 

E assim se passara o resto do meu dia. 

Saí apenas para me alimentar e cuidar da minha higiene. O tempo restante, permaneci em meus aposentos, fugindo.

Com o tempo livre, e afim de dispersar os pensamentos penumbrosos, pude finalizar o romance que estava lendo, fora um ótimo livro, o estranho era que me fazia lembrar da minha relação com o Bill. Confusa, repentina, quase sem sentido ou irreal.

Joguei-me na cama confortável e macia, cobrindo meus olhos com o meu antebraço direito, deixando que um suspiro arrastado e longo demais escapasse das minhas vias respiratórias, enquanto minha mente divagava sobre o conteúdo recém lido.

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