Capítulo 46

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- Eu não quero saber daquela traidora! - Bradou, em um ato de pura demonstração de raiva e rancor, cruzando os braços no gesto de, ao meu ver, birra infantil. 

- Ora, meu caro Stanford, mas eu não perguntei o que você quer ou deixa de querer. - Deixei a taça de cristal preenchida até o meio pelo líquido avermelhado de poucos reflexos roxos, sobre a mesinha de canto ao lado do sofá, para poder unir minhas mãos frente ao rosto e olha-lo mais atentamente. - Irá responder todas as minhas dúvidas, ou então - Estalei os dedos, fazendo a imagem dos demais Pines aprisionados aparecer em sua frente. -, pode ir despedindo-se da sua família querida.

Fora quase impossível conter o sorriso satisfeito que apossou-se dos meus lábios, vê-lo vacilar de forma tão explícita perante à mim, deixando com que os seus medos mais tenebrosos fossem revelados para mim, um chantagista nato que as usaria ao seu próprio favor.

Mesmo relutante, o orgulho querendo fazer seu rancor ser maior que a preocupação, ele cedeu. - Tudo bem, responderei tudo à que me perguntar, só... Só não os mate, por favor. - Haha! Vê-lo humilhar-se de tal forma, suplicando para que mantivesse a sua família viva, quase até me fazia esquecer o quão humilhado eu estava ao recorrer à seu conhecimento sobre humanos.

Rolei o meu olho ao recordar-me dessa atrocidade, tinha que lembrar de estudar sobre a anatomia humana e todos os seus componentes, como a tal biologia. Rebaixar-me à pedir ajuda para um Pines, ainda mais o Stanford, é algo na qual jamais quero experenciar novamente. 

Reprimi o meu desejo vindo do meu lado mais sarcástico, ah eu queria, e como queria debochar da cara de desespero dele e brincar um pouco com o seu psicológico, dando-lhe falsas esperanças de cumprir essa promessa, mas tínhamos assuntos mais importantes para tratar.

- Há algo de errado com a Estrela Cadente, desconheço a medicina humana e quero que você me... - Estagnei, me negava a falar aquilo, era um blasfêmia, um Cipher como eu jamais pede ajuda. - Como seu atual soberano, ordeno que me instrua em como cuida-la.

- Como assim algo errado? Ela está doente? - Eu quis rir da sua preocupação nítida, tão tolo, finge ter pose de indiferença com seu falso rancor, mas na primeira oportunidade mostra ser tudo uma farsa mal interpretada. - O que você fez com ela?! - Bradou, agora mostrando o seu lado de extrema proteção.

- Ora, ora, para alguém que não queria ouvir dela, está bem preocupado, não acha? - Provoquei, olhando-o com um sorriso ladino. - Mas respondendo a sua pergunta, saiba que eu não fiz nada à ela, Mabel aparenta alguma enfermidade, está em uma intensa decadência, piora cada dia mais. - Dei a minha resposta, fortificando minha inocência e suspirando em exaustão. Preocupação cansa.

- Tsc, ela está tendo o que merece. - Apontou irritadiço, tentando desmentir à si próprio. Com um rolar de olho meu e um suspiro vindo dele, o cientista pôs-se a analisar. - Piora frequente, hum? - O portador de polidactilia levou a mão direita para o queixo, alisando-o, perdido em seus próprios pensamentos. - Especifique quais são os sintomas apresentados.

- Enjoos, tonturas frequentes, vômitos, desmaios, fraqueza excessiva, dores de cabeça. - Fui repetindo todos os sintomas que a Mabel listou sentir, óbvio, listou todos em seus pensamentos, já que se recusava a contar-me sobre. 

Stanford olhou-me de soslaio, pude ver um brilho esverdeado de nojo lampejar em seu olhos castanhos, junto de uma carranca nada feliz ou satisfeita. 

- A resposta para isso é óbvia. - Informou, cruzando os braços e me olhando com seriedade, uma repulsa crescente em seu semblante. - E infelizmente não me agrada em nada. - Suspirou impaciente. - A maioria dos sintomas me leva a crer que se trata de uma gravidez humana. 

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