Capítulo 14

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- Brilha, brilha Estrelinha. Brilhe enquanto eu não te pegar e antes de seu brilho se apagar.

  Brilha, brilha Estrelinha. Todo dia vou te torturar, os seus gritos vão ecoar.

  Brilha, brilha Estrelinha. Na minha cama vai estar, seus gemidos vou escutar.

  Brilha, brilha Estrelinha. Em breve a mim pertencerá, minha rainha vai se tornar.

  Brilha, brilha Estrelinha. Logo em breve seu brilho vai se apagar.

Cantarolava baixo, enquanto caminhava a passos lentos e silenciosos pela prolixa floresta de pinheiros.

Ah Estrelinha, minha querida Estrelinha, não sabe o que me causa ao agir daquela maneira.

Suas lágrimas. Seu choro, és a melodia mais encantadora e irritante que já ouvira em toda minha existência. Uma combinação perfeita.

Seus lábios. Tão macios, tão doces quanto seu jeito de ser, completamente instigantes e atraentes.

Quero poder senti-los novamente.

Será mais fácil do que eu imaginava convencê-la a acatar meus desejos. Ninguém resiste a mim, e se resistisse, eu faria do jeito mais difícil.

Estrela Cadente, você, pequena garotinha, me causou estranhas sensações com seus toques, seu corpo pequeno tão colado ao meu, seus lábios dançando junto aos meus, me deixou em completa euforia.

Não gosto dessas sensações.

Não as entendo e odeio coisas fora do meu conhecimento. Terei de reprimi-la por me causar tais sentimentos estranhos e incompreensíveis por mim.

Enfim, chego a minha residência. Sim, eu havia criado uma construção para morar no meio daquela extensa floresta, há anos atrás, não sei ao certo quanto tempo se passou.

Sequer lembro o porquê de ter construído essa cabana.

Adentro a construção de madeira, indo direto para o meu escritório e biblioteca. Pretendia continuar com minhas pesquisas.

Como derrubar a barreira, como transformar esse corpo inútil em um corpo demoníaco e, claro, como recuperar meu poder total.

Todas as informações que tenho, até então, dizem que não recupero meus poderes totais ao transformar o corpo em um tipo de receptáculo.

No entanto, de acordo com os livros escritos há milénios de anos atrás, há um único modo de fazer esse processo recuperando meus poderes.

Um ritual.

Ritual ao qual odiei, eu terei de ferir meu orgulho e honra para conseguir fazê-lo. Precisarei recorrer a ajuda de três demônios.

Para esse tipo de ritual, precisa-se proferir um encantamento, criado pelo próprio Axololt. No entanto, é necessária três vozes de três seres demoníacos.

Já tenho voluntários em mente, tomei o cuidado de escolher quem eu tenho absoluta certeza que irá aceitar sem questionamentos.

Mas a ideia de pedir ajuda me causa náusea.

Ter de pedir ajuda ao meu irmão mais novo é frustrante. Aquele chorão, tão fraco que se deixou virar escravo de humanos, não compreendo como faz parte da família Cipher.

Entro no meu escritório e me sento, pegando papel e caneta para escrever uma carta para meu familiar.

Não estava em condições de abrir um portal para poder ir até sua dimensão busca-lo, minha única opção é escrever uma carta e enviar para Reverse Falls.

Os outros dois demônios tratarei depois, são meus capangas seguidores, quando souberem que retornei virão até mim como dois cachorrinhos obedientes.

Não preciso me preocupar.

Enquanto isso, cuidarei da barreira e dos meus planos principais, fazer com que a Mabel traia sua própria família é essencial.

Quanto mais ela vir para o meu lado, mais sua pureza é fragmentada, essa energia será o suficiente para dominar 5 mundos inteiros.

Sua pureza é única, sendo assim, Mabel Pines é uma das maiores fontes de poder para demônios.

Não é atoa que a quero como minha rainha.

Se ao menos eu soubesse disso no Weirdmageddon, tudo teria sido diferente.

Finalizo a carta.

Reviso tudo o que escrevi. Como previsto, cheia de xingamentos que sequer percebi que estava escrevendo, estava tudo certo. A fecho com o selo da família Cipher e a envio para as mãos do meu irmão.

Will Cipher, meu querido irmãozinho, espero que obedeça ao meu pedido e venha me ajudar. Ou terei de ir te buscar a força.

Com a carta entregue, me restava apenas aguardar sua resposta ou aparição, o que pode demorar, já que ele é apenas um cachorrinho que obedece os donos, e precisarei que aqueles cretinos o libere para me ajudar.

Suspiro.

Trago alguns livros até minha mesa com meus poderes, abrindo um de capa grossa e avermelhada. Eram os livros que estava usando para achar um meio de derrubar a contenção.

Páginas e mais páginas. Tinha prazer na leitura, mas era decepcionante não encontrar o que tanto almejava.

Haviam se passado horas, já estava no terceiro livro, um dos mais grossos entre todos, e não encontrara nada.

"Feitiço de contenção. Essas barreiras mágicas podem ser criadas de diversas maneiras e configuradas de diversas formas. Geralmente criadas por humanos, afim de prevenir, repelir ou impedir demônios, sendo assim, uma das maiores fraquezas das criaturas [...]"

- Quanta informação desnecessária, esse livro foi escrito para demônios em pré escola? - Indago a mim mesmo, incrédulo e exausto por não encontrar nada que me fosse útil. - Blá, blá, blá... Achei!

"Como desfazer um feitiço de contenção. Esses feitiços, por possuírem diversos níveis de força, possuem inúmeros jeitos de ser desfeitos. [...]"

Abaixo possuía uma tabela com todos os níveis e características de cada um. Para minha infelicidade, a contenção que o Stanford criou é uma das mais fortes.

"Contenções de nível 10 possuem apenas um único meio de serem quebradas: o próprio criador ou protegido desfazer. Parece fácil, mas para os demônios é difícil convencer um humano a desfazer essa barreira."

Bill Cipher não é qualquer demônio.

A sorte está sorrindo para mim, minha querida Estrela Cadente não hesitará em me ajudar.

Em breve poderei visitar a Cadente e toda sua família medíocre. Poderei adentrar em seus sonhos, lhes causar medo. Tão tolos, acharam mesmo que iriam me impedir?

Levanto-me da cadeira e, com meus poderes, vou guardando os livros em seus devidos lugares.

Um dos livros cai no chão, causando um forte e alto som. Uma tontura me toma, fazendo-me perder o equilíbrio e me obrigando a me apoiar na mesa.

Minha cabeça latejava fortemente, um líquido quente escorria do meu nariz.

Sangue.

Começo a tossir e sentir dores no peito, mais sangue.

Meu estado é deplorável. Deixo-me deslizar até o chão, apoiando minhas costas na madeira do móvel. Minha mão permanecia em meu peito, a dor ainda era presente, minha respiração estava desregulada e pesada.

Preciso urgentemente recuperar minhas forças.

Deito-me no chão, precisava dormir, não iria me curar, mas seria o suficiente para apaziguar a situação.

Cubro meus olhos com meu antebraço direito e me deixo cair em um profundo sono. Um desejo estranho me assolou antes de adormecer totalmente.

Queria sentir o abraço da Mabel Pines.

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