Capítulo 48

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Bill Cipher ainda se fazia ausente, não voltara para os aposentos, muito menos deu algum sinal de vida. Esse compromisso demorou mais do que o estimado, ou o meu suposto marido havia simplesmente desaparecido, com certeza ido causar alguma discórdia ou caos pelas ruas.

Eu estava sem o enlaço das correntes que me prendiam, o demônio estava - ao que tudo indicava - fora, e o palácio se encontrava estranhamente silencioso. Se essa não era a oportunidade perfeita para executar o meu plano, não consigo imaginar qual seria.

A noite do Weirdmageddon, assim como o dia, era exótico e fora de todos os padrões que eu conheço. O céu de um vermelho sangue, aparentemente claro, mas que ainda assim conseguia trazer a escuridão. Um globo ocular gigante que olhava para todos os lados; acredito que estaria no lugar da lua. 

O céu noturno já não possuía mais a sua beleza natural de um azul cobalto, quase preto, com inúmeros e brilhantes pontinhos esbranquiçados, sem esquecer do majestoso satélite natural da Terra.

Pulei para fora da enorme cama de luxo - onde por vezes dividimos noites de prazer -, decidida a concluir os meus planos, independente da chegada ou não do Cipher. Não demorei em correr para porta, afim de sair do quarto o mais rápido possível. Cada segundo contava.

O metal da maçaneta estava mais fria que em qualquer outro dia. Não só ela, mas como o próprio ar que eu inspirava parecia estar rarefeito. Mal me importei com o piso congelante que mal-tratava o solado dos meus pés descalços. Não me preocupei em calçar as sapatilhas antes de sair, sapatos eram meros detalhes fúteis nesta noite.

Virando a esquerda, virando a direita, correndo por alguns corredores desertos, onde só eram vistas as decorações simples e um tanto minimalistas. Enfim cheguei ao meu destino, parando frente à uma porta de madeira, quase como as outras, com diferença apenas na cor; esta era colorida, até meio infantil - mas não menos bonita -, com desenho de nuvens, unicórnios, flores e arco-íris. 

Quando eu a vi pela primeira vez, fiquei atônita, e totalmente curiosa, me perguntando do porquê de Bill Cipher possuir um quarto infantil em sua fortaleza. Haha, como eu fui tola em imaginar algo assim. Tomada pelo desejo de ter minhas dúvidas saciadas, eu olhei para os dois lados e entrei. Como eu me arrependo. 

Dentro do quarto, que a porta nos fazia acreditar que se tratava de algum cômodo aconchegante e puro, se encontrava uma mesa de ferro com algemas, cadeira e correntes penduradas no teto; instrumentos de tortura para todos os lados. Sem falar nas manchas de sangue, ou até mesmo pequenos pedaços do que parecia ser de corpo humano. Nunca vomitei tanto, quanto naquele dia.

Hoje eu estava de volta no quarto que eu prometi não voltar mais, mas com um propósito de nenhuma semelhança à de saciar minhas dúvidas. Implorei que a porta não estivesse trancada. E bingo! Imaginei que uma sala de tortura seria de livre acesso, até porque, eu acredito que sejam poucos os loucos que querem entrar ali por boa vontade.

O ar pesado, um calafrio percorreu a minha espinha, causando-me um espasmo involuntário. As paredes, o chão, todo o quarto era gélido, como um lugar que ficou fechado por muito tempo, sem qualquer brecha para o ar escapar, e o ar-condicionado na temperatura mínima. Afogado na penumbra, eu sentia como se alma penadas estivessem presas naquele cubículo. 

Um passo de cada vez, tomava cautela em andar naquele ambiente hostil e nada agradável. No silêncio absoluto, apenas o ínfimo barulhinho da minha pele tocando e se afastando do piso era audível. Esfreguei meus próprios braços, um ato quase inútil de proteção. 

Perante à mesa metálica, eu cessei meu caminhar. Parada, olhando, analisando cada uma das lâminas ali presentes, muito bem organizadas como para uma exposição. Não pensei muito e apenas escolhi uma, eu só queria sair daquele lugar e acabar com esse apocalipse.

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