Capítulo 10: O Ultimato

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SAKURA HESITOU DIANTE DA PORTA POR MAIS TEMPO DO QUE imaginou que hesitaria

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SAKURA HESITOU DIANTE DA PORTA POR MAIS TEMPO DO QUE imaginou que hesitaria.

Desde a madeira pintada num tom claro de bege, até o umbral delicado e o canteiro de flores posicionado em ambos os lados; a fragrância de sempre-vivas enchendo o ar com a sua doçura. Tudo parecia ter sido meticulosamente feito para debochar de Sakura naquela noite. E ela encarara aquela porta pelo último quarto de hora sem mover um músculo sequer.

Ouviu o cricrilar alegre de um grilo ali por perto, o som do vento distante nas copas das árvores. A luz da lua projetava-se sobre o telhado anguloso do sobrado charmoso, pintado num violeta muito claro e inocente. Talvez inocente até demais, refletiu com o sobrecenho crispado.

A rua estava calma e vazia àquela hora. Ainda assim, luz se derramava de uma das janelas no segundo andar, o que sugeria à Sakura que a moradora do sobrado ainda estava desperta mesmo que já fosse tarde da noite.

Respirando fundo, criou coragem e se aproximou da porta. Ergueu um punho e bateu na madeira pintada de bege três vezes. Então se afastou enquanto ouvia ruídos do outro lado: passos vagarosos aproximando-se, um "já vai" soando arrastando e a maçaneta girando. A porta abriu-se de repente, num movimento brusco.

Quem aguardara por trás dela era uma mulher idosa, franzina e grisalha. Movia-se de modo indolente, as costas curvadas, os ombros encolhidos e as mãos nodosas e manchadas pelo tempo. A mesma entidade implacável que marcara seu rosto com rugas e vincos profundos. Os cabelos grisalhos estavam presos num coque firme. E um xale de lã roxo mantinha-a protegida da brisa noturna. Por baixo, vestia um quimono azul-claro com obi violeta.

A velha mulher pestanejou ao ver Sakura parada à sua porta.

— Nanadaime-sama, no que posso ajudá-la tão tarde da noite?

A expressão no rosto de Sakura alterou-se no mesmo momento; um sorriso gentil lhe veio à boca.

— Peço desculpas pela inconveniência da visita, Koharu-sama.

Os lábios finos de Koharu também se curvaram num sorriso receptivo.

— Ora, não há necessidade de formalidades entre nós duas, Nanadaime-sama. Vamos, entre, entre! — instou-a a entrar.

Sakura pediu desculpas mais uma vez, mas entrou na residência de todo modo. Deixou as botas de cano alto no desnível próximo à entrada e as substituiu por um par macio de chinelos, idêntico ao que a senhora calçava.

Koharu fechou a porta e guiou-a através do vestíbulo até uma charmosa sala de estar, convidando-a a se sentar numa das poltronas de veludo lilás. Sakura sorriu de modo acanhado e se sentou, descansando as mãos sobre as coxas nuas. Koharu tocou-a no ombro.

— Farei um chá para que conversemos mais confortavelmente — anunciou.

— Eu não pretendia te incomodar a esse ponto, Koharu-sama.

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