Capítulo 1: A Sombra do Fogo

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SAKURA ACORDOU NO ESCURO, trêmula e sozinha, arfando repetidamente

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SAKURA ACORDOU NO ESCURO, trêmula e sozinha, arfando repetidamente. Durante o sono agitado, empurrara a coberta para longe do corpo e se revirara sobre os lençóis de forma a amarfanhá-los. Um suor frio porejara a sua testa e deixara úmida a pele do seu pescoço e colo.

O mesmo sonho, pensou consigo mesma enquanto se acalmava, regulando o ritmo da própria respiração, pressionando a palma da mão contra o peito a fim de sentir os batimentos acelerados do coração. Fechou os olhos, refletindo. O mesmo pesadelo, corrigiu-se depois de um momento de ponderação enquanto flashes vívidos inundavam sua mente. O sangue pegajoso em suas mãos, a face lívida de Naruto encarando-a, os olhos azuis faiscando acusadores em meio à escuridão que os cercava. Sangue vertendo do ferimento que ele trazia no lado esquerdo do peito, sangue empoçando aos seus pés e fluindo como uma cascata escarlate até Sakura.

"Você não me salvou", ele dizia, o ressentimento amargando cada palavra que lhe saía da boca pálida. "Você não estava lá para me curar", repetia e então, num sussurro, completava: "Sakura-chan".

Sentando-se na cama, ela examinou o quarto e as poças de escuridão que se formavam. Esfregou os olhos com um punho e se ergueu num movimento fluído, esgueirando-se até a janela balcão. Afastou um pouco a cortina e se deparou com o céu do fim da madrugada, uma mescla do azul profundo com o róseo da alvorada que se aproximava. A luz primordial e vindoura clareava os telhados altos das casas e revelava as ruas sinuosas que corriam entre as construções, veios pálidos que interligavam cada ponto acessível.

Embora o romper do amanhecer estivesse se consolidando, Sakura observou que ainda havia cantos da vila que permaneciam mergulhados numa escuridão cinzenta, privados da luz que começava a despontar no horizonte. Sombras que resistiam à chegada da alvorada, recusando-se a ceder como as sombras do seu pesadelo de antes. Decidida a não tratar aquilo como um presságio, afastou-se da janela e voltou para o meio do quarto.

Tinha de começar o dia de qualquer maneira. Não podia se prender a quaisquer sentimentos estranhos, não naquela manhã. Então, foi até o banheiro e despiu o pijama. A água do chuveiro estava quente o bastante para tornar o banho um rito agradável de passagem para o seu primeiro dia como Nanadaime Hokage de Konohagakure no Sato na vila.

Sakura interrompeu-se no ato de ensaboar o cabelo enquanto a espuma escorria pelo seu corpo até o ralo. Hokage. A palavra ainda lhe soava estranha. Não se habituava a ter todos a tratando pelo título, referindo-se a ela como "sétima" ou como "senhora Hokage". Suspirando, enfiou a cabeça sob a torrente de água quente. Se sua mestra estivesse viva lhe pediria alguns conselhos. Mas, se Tsunade estivesse viva Naruto também estaria vivo, o que significaria que ela não precisaria ter de suportar o fardo de liderar a Vila Oculta da Folha.

Perdida em pensamentos, fechou o chuveiro e enrolou-se numa toalha, usando uma segunda toalha para envolver os longos cabelos úmidos. Uma densa nuvem de vapor encheu o banheiro e embaçou o espelho logo acima da pia. Sakura o desembaçou com a mão e encarou a si mesma no reflexo. Desprezou a expressão abatida que trazia no rosto, e mais ainda as olheiras sob os seus olhos. Por falar neles, achou-os opacos, desprovidos de viço. No centro da sua testa, o losango violeta do selo byakugō se destacava; o ápice do seu poder. Puxou a toalha que lhe envolvia a cabeça e o cabelo caiu ainda molhado até metade das costas.

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