Capítulo 14: Convívio

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SAKURA DEIXOU A PANELA FERVENDO sobre o fogão para ir atender a porta

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SAKURA DEIXOU A PANELA FERVENDO sobre o fogão para ir atender a porta. Alguém acabara de bater; três batidas comedidas — quase tímidas — tinham soado, despertando-a de um devaneio profundo que envolvia o homem no chuveiro do seu banheiro, no segundo andar.

Quando a abriu, o semblante ansioso de um jovem shinobi, borrifado pelo chuvisco contínuo que caía sobre a vila, surgiu:

— Nanadaime-sama — cumprimentou-a com educação enquanto estendia um pacote que carregava nos braços. — B-boa noite! Trouxe o que me pediu.

— Obrigada — agradeceu-o com um sorriso polido, apanhando o pacote.

O rapaz, ainda mais nervoso do que antes, despediu-se com uma reverência, sumindo na noite escura antes que Sakura terminasse de fechar a porta. Sem demora, ela levou o pacote consigo para cima, deixando-o em frente à porta cerrada do banheiro. Um retângulo de luz derramava-se através da fresta e o único som que provinha do recinto era o do chuveiro ligado.

Com um suspiro, ela voltou a descer as escadas, retornando à cozinha. Finalizou os pratos, acrescentando os legumes que havia cortado a uma panela. Pegou tigelas e hashis nos armários e gavetas e levou-os consigo até a mesa, dispondo-os nos lugares. Depois de contar os minutos, apagou o fogo. Ouviu passos nas escadas e se virou a tempo de ver Sasuke irromper no recinto, os cabelos negros ainda úmidos do banho.

Vestia as roupas que Sakura deixara na porta do banheiro: uma blusa cinza-escuro com mangas compridas (não sabia como ele se sentia ainda sobre exibir a cicatriz do toco no braço esquerdo) e calças pretas. As peças caíam bem nele. Sua aparência tinha melhorado consideravelmente agora.

— Muito bem — aprovou.

Indicou para as panelas ainda quentes sobre o fogão e para as tigelas sobre a mesa.

— O jantar está pronto. Pode se servir se estiver com fome. Vou tomar um banho e já volto. Podemos conversar depois, se quiser — deixou a sugestão no ar, suspensa entre ambos, como se não houvesse muitas possibilidades quando se tratava de Sasuke.

Não esperou que ele respondesse para subir as escadas e se fechar no quarto, colocando uma barreira física entre ambos. Só então se permitiu respirar profundamente. Seguiu pelo quarto, apanhando roupas limpas nas gavetas da cômoda, e entrou no banheiro. Abriu o chuveiro e testou a temperatura da água com as pontas dos dedos; estava quente. Perfeito.

O banho quente conseguiu a proeza de relaxar seu corpo e de aliviar o cansaço que sentia. Ensaboou o cabelo e o corpo sem pressa, refletindo sobre o dia agitado que tivera enquanto a água levava embora todas as incertezas que nutrira nos últimos dias. Estava feito, afinal. Sasuke estava vivo e, embora agora tivesse de responder à autoridade dos cinco Kages, havia sido permitido a ele conservar mais do que ela acreditara que seria possível.

Sakura fechou o chuveiro e enrolou-se na toalha. O vapor do banho embaçara o espelho sobre a pia. Ela o limpou com a mão para enxergar o próprio reflexo. Havia um novo ardor nos seus olhos, um que não estivera ali pela manhã. Pegou um pente para desembaraçar os nós no cabelo e se vestiu.

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