Numa realidade remota, durante a sua última batalha no Vale do Fim contra Naruto, Sasuke se tornou o vencedor e, ao assassinar o melhor amigo, rompeu o laço que ainda o prendia a tudo o que ele viveu com o Time 7. Também concluiu a sua revolução e s...
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SAKURA ENCAROU SHO em silêncio, não tendo mais nada a acrescentar. Percebeu que havia esgotado todos os argumentos e toda vontade de discutir. No seu coração restava apenas a decepção e a mágoa. Decepção tanto com as escolhas de Sho quanto com a própria incapacidade de tê-lo impedido. Ainda custava a acreditar que o homem que fizera parte da sua vida — e que ainda fazia — caiu tão fundo e tornou-se o monstro diante dela.
Se pudesse chorar por Hikari ela choraria. A aluna preciosa perderia o único membro da família que ainda lhe restava; ao término daquela batalha não sobraria nenhum vínculo dela com o clã Fukuda ou com a breve infância que ela teve em Tsukigakure. Sho assegurara-se de cortar aquele último laço de ambos com o passado.
Do outro lado, Sho também a encarava fria e calculadamente. Ao seu lado, o Naruto reanimado pelo Edo Tensei permanecia imóvel, à espera de comandos para que atacasse novamente. E mesmo morto e preso a um receptáculo degradado — fruto de um sacrifício cruel — ele brilhava como o sol. O manto de chakra dourado que o revestia tornava-o o centro do campo de batalha no qual todos os outros gravitavam. Sempre havia sido assim.
E sentir aquele chakra outra vez... Sakura havia se esquecido de como era poderoso e intenso como uma pressão constante que energizava o ar e deixava-a alerta e consciente da presença dele o tempo inteiro. Na última vez que o viu, ainda no Vale do Fim, os olhos azuis haviam perdido o brilho e fitavam o vazio. Sakura o abraçou e chorou como nunca havia chorado. Falhara na sua promessa. Falhara com o amigo e companheiro. Falhara com Naruto. O peso do fracasso por pouco não a esmagou na época. Se Kakashi não estivesse por perto ela temia o que teria acontecido ou o que teria feito a si mesma. O professor foi a sua âncora, impedindo-a de se afogar em tanta dor.
Aquele desespero e aquele sentimento de derrota e de desesperança tomaram seu coração, e Sakura jurou sobre o corpo de Naruto que ainda esfriava e com o sangue dele cobrindo-a que jamais voltaria a senti-los novamente. Nunca mais hesitaria. Nunca mais olharia para trás. Nunca mais se deixaria abater. Não teria importado o preço na época, ela pagaria se significasse rever Naruto uma última vez para lhe pedir perdão. Havia tanto a ser dito, tantas palavras que ela acumulou ao longo dos anos, mas agora que estava diante dele descobriu que não precisava dizê-las. Porque Naruto sabia. Era assim que ele era, que ele sempre foi.
Sakura tomou fôlego e ergueu o rosto para Sho, fulminando-o. Mas, quando se dirigiu a ele sua voz não soou áspera. Uma calmaria repentina sobrepujou a raiva que a movera até ali, tornando-a inesperadamente plácida como a superfície de um lago.
— Desde quando você alimenta essa ambição?
Sho desviou o olhar do dela para que recaísse sobre o rosto neutro de Sasuke.
— Devo essa mudança de planos de última hora a ele. — Indicou com a cabeça. — Se não tivesse usado as bijūs para barganhar pela vida dele com os Kages eu não teria tido essa ideia. Talvez nem mesmo estaríamos aqui em primeiro lugar. Não tão cedo.