Numa realidade remota, durante a sua última batalha no Vale do Fim contra Naruto, Sasuke se tornou o vencedor e, ao assassinar o melhor amigo, rompeu o laço que ainda o prendia a tudo o que ele viveu com o Time 7. Também concluiu a sua revolução e s...
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OS OLHOS DE SASUKE NÃO o enganavam. Por quinze anos, ele temeu e esperou ao mesmo tempo por aquele reencontro predestinado. Diante dele, Naruto erguera-se do seu túmulo frio, invocado por uma técnica blasfema cujo único propósito era torturar ambos os lados: os que partiram e os que ficaram para trás, saudosos e lamentosos.
Durante a Quarta Guerra Ninja ele teve um reencontro similar com o irmão, Itachi. Na ocasião, o ocorrido servira para desviar Sasuke do caminho da vingança, lançando-o em uma busca por conhecimento que o levou até a história da fundação de Konoha e, então, ao nascimento da sua revolução. E como um dia o coração de Sasuke pesou ao rever Itachi, desabafando todas as suas dores e arrependimentos, mais uma vez ele se via confrontado pela necessidade de dizer ao melhor amigo tudo o que remoeu desde aquele dia fatídico no Vale do Fim.
Naruto estava de pé diante dele. O mesmo Naruto teimoso e determinado que um dia o chamou de melhor amigo e com quem Sasuke lutou desesperadamente para cortar o último laço que o prendia ao passado que viveu. Suas memórias felizes com o Time 7 eventualmente se tornariam um empecilho se ele tivesse hesitado na época. Se não tivesse fechado seu coração e ido adiante com a revolução. Por isso, foi adiante e cometeu o pior erro que poderia ter cometido.
— Eu sinto muito. — Foram as primeiras palavras que Sasuke disse ao amigo e ao mesmo tempo havia tantas mais que ele gostaria de poder dizer, mas a urgência da situação e o seu próprio remorso impediam-no, levando todas as outras sentenças e pedidos de perdão a morrerem no fundo da sua garganta inchada.
Naruto havia dado a vida para tentar trazê-lo de volta do caminho de escuridão que Sasuke trilhava. O mínimo que ele poderia fazer, agora, era retribuir o favor e impedir que o amigo fosse usado como uma arma contra a vila e contra aqueles que ele amou quando vivo.
— Sasuke, é mesmo você — Naruto reconheceu, o semblante tenso. — Quando te vi antes com a Sakura-chan eu...
— Sim, sou eu — Sasuke o interrompeu, e de repente as palavras fluíram depressa, atropelando-se enquanto o sentimento de remorso e o de alívio se misturavam no coração dele. — Eu voltei. Eu me encontrei. Graças a você e a algo que aconteceu recentemente. Mesmo que tenha sido tarde demais eu... Estou de volta.
— Eu entendo.
Naruto anuiu, compreensivo. Talvez compreensivo até demais para Sasuke. Uma parte dele gostaria — até mesmo ansiava — que o amigo mostrasse o ressentimento, a mágoa que deveria sentir por ele o haver assassinado. Percebeu que conseguiria lidar com a raiva de Naruto se ele gritasse ou quisesse socá-lo. Mas aquele sentimento compreensivo e compassivo que ele via no rosto cinzento de Naruto aprofundava a sensação de vazio na sua alma; de ódio que sentia por si mesmo.
— Por que você entende? — Sasuke ousou perguntar, avançando um passo em direção ao amigo sem que percebesse; os demais clones permaneciam inertes à sua volta. — Nós lutamos no Vale do Fim há quinze anos. E eu te matei, Naruto. Eu matei os seus sonhos, as suas esperanças e a nossa amizade naquele dia. Como pode simplesmente dizer que entende?