Numa realidade remota, durante a sua última batalha no Vale do Fim contra Naruto, Sasuke se tornou o vencedor e, ao assassinar o melhor amigo, rompeu o laço que ainda o prendia a tudo o que ele viveu com o Time 7. Também concluiu a sua revolução e s...
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HÁ QUINZE ANOS SAKURA TOMOU UMA DECISÃO que afetaria o seu futuro para sempre. Quebrada e ferida como estava, ela viu-se sem alternativa. Não lhe restava escolha senão trilhar um caminho interminável amargo de dor e sofrimento. Seria isso ou se render. E ela jamais perdoaria a si mesma se desistisse. E desistir naquele caso significaria algo pior do que a morte.
No dia seguinte aos funerais de Naruto e Tsunade, quando toda a vila ainda pranteava as perdas da Godaime Hokage e do grande herói que os salvou, ela achou-se nos portões da vila. Tão cedo que o sol mal havia se erguido e o céu ainda mostrava nuances da alvorada. Tudo o que ela precisaria para a jornada estava embalado ou guardado na mochila que trazia nas costas. Seus pais não interviram quando ela anunciou que deixaria a vila por um tempo, mas tampouco se mostraram capazes de entender que o que a movia não era raiva; era dor.
Sakura na verdade ainda estava muito entorpecida para se permitir sentir raiva de Sasuke. Muito embora tivesse certeza de que quando aquela névoa entorpecente cedesse ela direcionaria a raiva a si mesma e não a Sasuke. Era a si mesma que ela desprezava. Por ter sido fraca. Por não o ter impedido. Por, mais uma vez, ter se reduzido e prostado diante dele para implorar. A lembrança serviria de combustível para que ela nutrisse um ódio visceral por si mesma e por seu coração idiota por muitos e muitos anos.
Se tivesse sido mais forte poderia tê-lo impedido. Se tivesse mais poder teria ajudado Naruto. Se. Se. Se. Sakura detestava aquela palavra no momento com todas as forças. Mas, queria ter dividido o fardo com ele. Queria que Naruto não o tivesse suportado sozinho até o fim. Aquela havia sido sua promessa ao amigo tantos anos atrás. Ela se submeteu a um treinamento infernal com Tsunade para alcançá-los e para que não fosse mais abandonada por ser um fardo. E ainda assim nada havia mudado.
Sentia-se fraca e indefesa como se sentiu quatro anos atrás quando Naruto e seu time deixaram a vila para perseguir Sasuke e o Quarteto do Som. Por que nada havia mudado?, Sakura se torturava com essa pergunta desde que voltaram da guerra, derrotados e cabisbaixos ainda que a Akatsuki tivesse sido impedida. Porque mesmo com as mortes de Obito e de Madara, e mesmo com o selamento de Kaguya não havia vitória para nenhum deles.
E ninguém lamentava mais o desfecho daquela guerra do que Sakura. Onde ela teria errado? Por que, por mais que tivesse conquistado o poder de uma Sannin e de uma Hokage, ela continuava se sentindo um nada?
Sentia-se punida pelo destino. Vítima de uma trama da qual jamais pediu para fazer parte. Num único dia perdera Naruto, Tsunade e o Sasuke que ela amava. Porque, agora, o Sasuke que ela conhecera teria de ser sepultado junto aos corpos daqueles que ele tirou dela. Poderiam muito bem sepultar seu coração também.
Sakura avistou Kakashi vindo em sua direção. Ao lado dele estava uma cabisbaixa Shizune. Ela mal tinha conseguido dizer adeus às pessoas mais queridas. Ino já estava de luto pelo pai, então não quis sobrecarregar a melhor amiga com mais aquele fardo. Mais cedo, de madrugada, ela havia ido ao cemitério para se despedir de Tsunade e de Naruto. Nas lápides frias deles ela fez uma promessa enquanto sufocava outra vez com o choro contido: deteria Sasuke. Não importava o preço. Não importavam as consequências. Aquele seria o seu dever dali em diante. Não havia mais nada para se apegar ou nada mais para mantê-la de pé.