lost

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[perdida]

LORI

Minha situação com o Nick não estava nem um pouco fácil. Apesar de ainda odiá-lo com todas as minhas forças por tudo que ele havia me feito passar, eu simplesmente não conseguia parar de gostar dele.

Parte de mim dizia que ele não era confiável e que eu devia me afastar dele para sempre. E a outra parte — mais especificamente, o meu coração — ficava me lembrando constantemente de como eu me sentia bem só de estar perto dele. Eu odiava me sentir daquela forma: completamente dividida e sem saber qual parte escutar.

Quando o deixei na enfermaria, saí praticamente correndo antes que eu pudesse mudar de idéia e passar a noite com ele no local.

Mas então ele me perguntou se podia me ligar quando saísse de lá...

E eu disse que sim...

E ele não ligou.

Nem mandou sequer uma mensagem.

Nadinha.

Quero dizer, não que ele tivesse a obrigação de fazer aquilo, mas... queria que ele tivesse feito. Queria que ele tivesse se importado, ligado, dito que estava bem e que já estava em casa. Ou simplesmente não ter dito nada. Só queria que ele tivesse ligado. Só isso.

Lidar com a leve frustração que aquilo me causava não era nada fácil — sobretudo por conta do misto de sentimentos que preenchia meu coração. Por outro lado, me sentia uma idiota por ainda esperar qualquer coisa (mesmo que uma singela ligação) de Nick Hayes. Era bem óbvio que ele só fazia o que queria e, bem, se ele não me ligou, é porque não quis.

Estava cansada de ficar tentando interpretar os seus sinais ou ler nas entrelinhas de suas ações. Por que os homens tinham que ser tão babacas? Por que criam expectativas em nós, mulheres, quando simplesmente não tem pretensão alguma de corresponder a elas?

Eu odiava me sentir assim. Deixei meu corpo despencar sobre a minha cama e inspirei fundo com o rosto afundado no meu travesseiro. Eu estava exausta. Pensar sobre tudo aquilo estava me cansava. Nick Hayes me cansava.

Minha cabeça estava barulhenta e bagunçada e eu não conseguia sequer formar uma linha de raciocínio concreta, pelo menos não enquanto o som do meu telefone gritava dentro da minha bolsa.

Atendi, animada, achando que aquele tumulto na minha mente teria fim e eu ouviria a voz do Nick do outro lado da linha. Mas não foi o que aconteceu.

Oi, pirralha. — ouvi a voz do Liam do outro lado do telefone assim que atendi.

— Oi, Liam. — engoli a frustração e sorri, embora ele não pudesse me ver — Como estão as coisas por aí?

— Tudo certo. — ele respondeu — O papai pediu pra eu te ligar pra saber se você pretende vir passar o final de semana em casa. Ele disse que gostaria muito que você viesse passar o seu aniversário conosco.

É claro que gostaria. E eu também amaria ver a minha família novamente, se não fosse um mero detalhe: eu odiava, com todas as minhas forças, a data do meu aniversário.

Na verdade, nunca entendi exatamente o porquê de algumas pessoas amarem comemorar essa data. O que, exatamente, devíamos comemorar? O fato de que estamos ficando mais velhos e adquirindo mais responsabilidades? Ou o fato de que estamos um dia mais perto do dia da nossa morte?

Não. Comemorar o aniversário simplesmente não era para mim. Sobretudo porque, quando me lembro da última vez que tentei fazer isso, fui deixada sozinha pelo meu ex-namorado, Derek, na estação de trem de Columbus enquanto ele terminava comigo por mensagem.

Depois daquele dia, prometi a mim mesma que jamais iria de encontro aos meus instintos e, portanto, jamais comemoraria — ou tentaria comemorar — o meu aniversário novamente. Era deprimente demais.

— Você sabe que eu odeio comemorar o meu aniversário, Liam. — expliquei o óbvio — O papai também sabe disso.

— Sim, eu sei.  — meu pai respondeu do outro lado da minha, o que me levou a perceber que a ligação estava no viva-voz — Mas não custava nada tentar.

— Eu falei que ela não viria. — ouvi o Logan se vangloriar — Liam, você me deve vinte pratas.

— Vocês apostaram se eu iria ou não?! — perguntei incrédula.

— Sim. — o Liam e o Logan responderam em uníssono.

— Eu odeio vocês. — resmunguei.

— É, a gente sabe disso. — meu pai brincou.

Conversamos mais alguns minutos sobre amenidades, e eu contei do incidente envolvendo a Mandy e o meu tornozelo. Meu pai ficou preocupado, sobretudo porque só estava sabendo do ocorrido naquele momento, mas acabou ficando mais tranquilo quando expliquei que meu tornozelo já estava quase bom e eu já estava prestes a retirar a bota ortopédica. O Logan soltou uma piadinha sobre querer conhecer a Mandy — o que, por óbvio, me deixou muito irritada, mas fez o Liam soltar boas gargalhadas.

Meu pai me contou que havia — finalmente — conhecido uma nova mulher e que estava se interessando bastante por ela. Fiquei feliz por ele, afinal, minha mãe havia falecido há muitos anos e meu pai merecia a chance de ser feliz novamente. O Liam também me contou que as coisas estavam cada vez mais sérias entre ele e a Wendy, e o Logan... bem, o Logan era o Logan. Acho que não ouviria ele falar de uma garota pela qual ele tivesse se apaixonado nem quando eu tivesse oitenta anos.

Nos despedimos e eles informaram que me ligariam novamente no sábado — meu aniversário. Relutei, pedindo que eles não me ligassem e não me lembrassem que aquele dia existia, mas, ao notar que sairia vencida daquela discussão, acabei aceitando e desligamos.

— Eu ouvi algo sobre o seu aniversário? — a Becky indagou, numa pitada de curiosidade e animação. Eu não havia notado que ela estava no quarto até aquele momento.

Merda. Agora eu teria que explicar também para a Becky toda a minha aversão à aniversários.

E eu tinha a leve impressão que ela não aceitaria aquilo tão facilmente quanto a minha família.

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