LORI
Um show de horrores. Era isso que eu e a Universidade inteira havíamos acabado de presenciar naquela fatídica partida.
Num claro episódio de disputa de egos e masculinidade frágil, em questão de segundos o campo de futebol se transformou em um campo de batalha, em que a bola e o bom e velho fairplay cederam a vez para socos e pontapés.
Eu estava horrorizada. Como boa amante do futebol, presenciar aquela cena era, no mínimo, constrangedor. O que aqueles caras tinham na cabeça?! O jogo estava ganho pela UCLA antes de o Thomas agir como um completo idiota e acertar o Nick.
E, apesar de ter ficado puta da vida com o desenrolar da partida, eu não conseguia silenciar a parte de mim que estava preocupada com ele. O golpe que o Thomas desferiu no nariz dele havia parecido certeiro, e ver a camisa do time que ele vestia completamente ensanguentada me fez ter vontade de correr para o campo e ver se ele estava bem. Mas, mesmo que eu tentasse ultrapassar toda a multidão que se aglomerava ao redor deles, constatei que eu jamais o alcançaria com a minha bota ortopédica, o que me fez amaldiçoar a Mandy mentalmente mais uma vez.
Com o cancelamento da partida e a retirada dos jogadores de campo, a torcida começou a se dispersar e a arquibancada começou a ficar vazia. O Oliver me ajudou a descer alguns degraus e voltamos num ritmo lento — aparentemente, o único ritmo que eu conseguia me locomover — para os nossos respectivos alojamentos.
Mas, antes que eu pudesse enfiar a chave na fechadura do meu quarto, senti, dentro do meu coração, que precisava saber como o Nick estava — ou aquela noite seria longa demais para mim.
__________
NICK
— Eu estou bem, professor Monroe. — reclamei, segurando um pano ensopado de sangue no meu nariz — É sério.
— Desculpe, filho, mas só vou te liberar após ver o resultado do raio-x do seu nariz. — o meu professor de plantão no posto médico da universidade respondeu — E também quero dar uma olhada nesse seu tornozelo. Me parece um pouco inchado e, até onde eu soube, você sofreu uma falta grave na partida.
— Professor. — eu expliquei, pacientemente — Eu estou bem. Meu tornozelo está ótimo. Meu nariz está perfeito. Basta um pouco de gelo e...
— Sinto muito, Nicholas. — ele me interrompeu, anotando algumas coisas em sua prancheta — Eu sou o médico aqui, e essas são as minhas ordens. Vou tomar um café e tentar agilizar o resultado dos seus exames. Volto em alguns instantes.
Eu bufei e deixei meu corpo cair sob a poltrona. Sim, meu nariz não parava de sangrar, e sim, meu tornozelo estava, aparentemente, levemente inchado, mas essas eram lesões frequentes no futebol e eu sabia me cuidar. Medicina só era legal quando eu estava cuidando de alguém — e não o contrário.
Joguei o pano completamente ensopado de sangue que segurava sobre o nariz na lixeira ao meu lado e peguei um pacote de gaze sobre a bandeja de medicamentos no armário, pressionando-a novamente sobre o local ferido. Olhei meu reflexo no espelho e eu estava horrível, o que fez com que a vontade de matar o Thomas renascesse dentro de mim.
Mas qualquer que fosse o sentimento negativo que tivesse surgido dentro de mim, ele simplesmente desapareceu quando vi Lori Mackenzie parada há poucos metros de mim.
— Oi. — ela falou, num semblante que misturava vergonha e preocupação
— Oi. — eu respondi, provavelmente abrindo um sorriso abobalhado — O que você está fazendo aqui?
— Fui até a fraternidade procurar por você e me disseram que você estaria por aqui... — ela mancou até mim — Você está bem?
— Estou. — eu respondi tentando não sorrir feito um idiota novamente por saber que ela se preocupava comigo.
— Tem certeza? — ela indagou, se aproximando de mim e se sentando ao meu lado — Seu nariz parece bem machucado.
— Parece pior do que realmente é. — eu a tranquilizei — O nosso nariz é bem fácil de ser lesionado por conta de sua localização e protrusão, então...
— Mais uma aula gratuita de medicina? — ela me interrompeu, me fazendo rir.
— Desculpe. — eu respondi — Tenho essa mania estranha de ficar tagarelando quando estou perto de você.
Ela apenas sorriu, dando espaço para um silêncio constrangedor se instaurar entre nós dois.
— E seu tornozelo? — eu questionei, apontando para a bota ortopédica que ela usava. Como aquela desgraçada conseguia ficar sexy mesmo usando una coisa daquelas? — Está melhor?
— Sim. — ela respondeu — Não sinto mais dor, mas o ortopedista disse que preciso usar essa bota por mais alguns dias, e como sou uma boa paciente, irei obedece-lo. — ela brincou.
— Você? — eu retruquei, levantando uma das sobrancelhas — Uma boa paciente?
— A melhor de todas. — ela respondeu, orgulhosa, o que me fez rir.
— Eu te amaldiçoo por me fazer rir enquanto estou com o nariz fraturado, Mackenzie. — eu caçoei — Isso dói pra caramba.
— Desculpe. — ela falou, tentando conter a risada também.
— Não precisa se desculpar. — eu retruquei, olhando-a nos olhos — É meio inevitável não sorrir quando estou na sua companhia.
Ela me lançou o mais doce dos seus sorrisos — aquele que ela sempre lançava quando tentava disfarçar que havia escutado algo de que havia gostado muito. Eu sorri de volta e toquei sua mão, roçando levemente os meus dedos na sua palma, num carinho sutil. Ela fitou o local onde nossas mãos se tocavam e notei seu peito arfar, numa respiração irregular.
— Bem, Nick, aqui estão os seus exames. — o meu professor apareceu, nos interrompendo — Mas posso voltar mais tarde se eu estiver atrapalhando.— ele brincou — Não sabia que estava acompanhado.
— Eu já estava de saída. — a Lori falou, sendo surpreendida pela presença dele.
Senti meu coração se encolher ao saber que ela me deixaria, e como numa súplica, pedi:
— Fica. — eu a olhei, ignorando completamente a humilhação de estar fazendo aquilo na frente do meu professor — Por favor.
Ela pareceu pensar por alguns segundos e respondeu:
— Eu realmente preciso ir, Nick. — lamentou, de forma sincera — Mas a gente se vê, tá?
— Posso te ligar quando sair daqui? — eu perguntei, esperançoso.
Ela assentiu com a cabeça e sorriu, me deixando logo em seguida. Mas aquele sorriso despertou algo dentro de mim que eu achei que havia morrido há muito tempo: esperança.
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A Sky Full Of Stars
Teen FictionLori Mackenzie não era facilmente impressionada. Criada por dois irmãos mais velhos e por seu pai, ela sabia exatamente o tipo de homem que deveria evitar - e o tipo que não deveria. Além disso, o plano traçado era simples e deveria ser seguido a to...