don't panic

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[não entre em pânico]

NICK

Meu desempenho no treino daquela tarde havia sido vergonhoso. Aparentemente, falhar em realizar as atividades mais básicas da minha rotina havia se tornado o meu mais novo talento.

Eu havia perdido a maior parte das bolas que havia recebido e o Treinador Carter já estava quase arrancando os cabelos grisalhos da própria cabeça quando apitou e anunciou o final do treino. Sem dizer uma palavra, ele nos deus as contas e saiu do campo pisando duro. Todo mundo sabia que aquela reação era por minha causa.

Quando entrei no vestiário, a primeira coisa que fiz foi colocar a cabeça debaixo de um chuveiro frio e esperar a água me atingir com força. Há alguns meses, o futebol era a minha vida e tudo girava em torno disso. Mas agora eu estava apático, indiferente a tudo e a qualquer coisa ao meu redor. Eu nem me reconhecia mais.

— O que você acha, Nick? — o Ethan questionou, me despertando do transe em que eu me encontrava.

— O quê? — eu perguntei, pois não havia ouvido sequer uma palavra do que meus companheiros de time haviam dito.

— Sobre a garota UCLA. — ele continuou.

— O que é "garota UCLA"? — um calouro do banco de reservas nos interrompeu enquanto vestia uma camiseta.

— É um lance que as faculdades fazem pra promover o campeonato. — o Miles explicou, pacientemente — Cada ano é escolhida uma garota pra estampar a campanha do time.

— Como você pode não saber disso, novato? — o Ethan disparou — É um evento anual. As garotas se matam para serem as garotas UCLA.

— E quem escolhe essa garota? — ele indagou novamente.

Nenhum de nós respondeu, mas algumas gargalhadas escoaram no ar.

— "Quem escolhe essa garota?" — o James o imitou — Nós, obviamente. Quem você acha que seria melhor que nós pra essa tarefa?

— É. — o Brandon falou — Nós fazemos uma votação e a garota escolhida participa de uma sessão de fotos com o nosso capitão que, com seus incríveis dotes artísticos e fotográficos, tira todas as fotos que vão ser postadas no Instagram, nos convites para os jogos, etc. — ele me deu um tapinha nas costas, tentando me animar.

— Eu já tenho o meu voto. — o Thomas falou ao sair do chuveiro. Senti minha espinha congelar no mesmo instante.

— Eu também. — o Brad, melhor amigo dele, informou.

— Talvez a gente devesse manter a Mandy como garota UCLA esse ano novamente. — eu pedi, num tom de desespero, ao notar a iminente chance da Lori ser a mais votada — Quero dizer, a campanha do ano passado foi um sucesso, e faz sentido, já que ela é líder de torcida.

— Eu discordo. — o Thomas retrucou — Acho que a maior parte dos meus companheiros aqui também. Se estou correto, temos a garota certa pro trabalho em mente.

— Por que não fazemos a votação logo agora, então? — o Ethan sugeriu — Já que estamos todos aqui e claramente todos já temos alguma candidata em mente.

Engoli o nó que se formou na minha garganta, mas, como capitão do time, acatei a sugestão. Me sentei na mesa do Treinador Jenkins no canto do vestiário, ao lado do quadro de táticas completamente riscado por ele, e entreguei um pequeno papelzinho a todos os presentes.

A todos aqueles que eram meus amigos próximos, eu praticamente supliquei com o olhar que eles não votassem na Lori. A maioria deles entendeu o recado e me respondeu com uma piscadela ou um sorriso, e aquilo me reconfortou.

Alguns minutos depois, todos já haviam preenchido seus pequenos pedaços de papel e os colocaram à minha frente. Os caras estavam animados com a votação, mas eu estava completamente desesperado, porque sabia que, considerando a reaparição da Lori na última festa, havia a chance da maioria dos caras quererem ela nesta campanha.

Abri os papeizinhos, um a um, e fizemos a contagem dos votos. O Brandon, ao meu lado, riscava um traço no quadro cada vez que eu chamava o nome de uma garota. No final da contagem, eu nem precisava olhar para o quadro pra saber quem havia ganhado. Mas como aparentemente ser masoquista também era um dos meus mais novos talentos, eu olhei.

Mandy Patterson: I I I I I

Hannah Davis: I I I

Lori Mackenzie: I I I I I I I I I I I I I I

O Brandon deu dois tapinhas no meu ombro tentando amenizar a derrota que eu havia acabado de sofrer, mas nada era capaz de fazer eu me sentir melhor com tudo aquilo.

— Eu posso falar com ela. — o Thomas anunciou, depois de comemorar a vitória da Lori — Será um prazer.

— Por que não pode ser o Brandon? — eu retruquei.

— Eu sei ser bem convincente. — ele sorriu pra mim.

Me levantei da cadeira num só pulo e o Brandon se colocou a minha frente, tentando me acalmar.

— Eu falo com ela. — ele informou — Somos amigos.

— Que seja. — eu respondi, mal humorado — Isso tudo é uma idéia idiota.  Ela nunca vai querer posar pra mim enquanto eu tiro as fotos.

— Ela não vai estar posando pra você. — o Thomas provocou — São só umas fotos.  Acho todos nós vimos na última festa que ela consegue dar conta do recado.

— Ela nunca vai aceitar. — eu retruquei — Ela me odeia.

—————

LORI

— Mas é claro. — eu sorri ao aceitar o convite para ser a garota UCLA que o Brandon havia acabado de me fazer — Será um prazer.

— Tem certeza? — ele indagou — Quero dizer, as fotos são um pouco sensuais e... o Nick é quem vai ser o fotógrafo.

— E por que isso seria um problema? — eu respondi, confiante, tentando acreditar nas palavras que saíam da minha própria boca.

— Tudo bem. — o Bran deu de ombros — Vou avisar aos caras que você aceitou. Eles vão ficar loucos.

Nós rimos.

— Ah, as fotos vão ser no final de semana lá na fraternidade. — ele complementou, antes de sair — Tudo bem por você?

— Sim. — eu respondi, pegando o meu copo de café na mão da atendente da cafeteria.

Nós nos despedimos e ele saiu, deixando o Oliver e a Becky completamente embasbacados ao meu lado.

— Isso é demais! — o Oli comemorou.

— Mal posso esperar pra ver essas fotos! — a Becky complementou, animada.

Eu sorri.

— Sinceramente? — eu falei — Não dou a mínima pra essa campanha. Mas vai ser maravilhoso fazer o Nick ser obrigado a me olhar durante algumas horas.

Meus amigos gargalharam, sendo que o Oliver imitou uma risada maquiavélica.

— Lori Mackenzie, entenda, eu te venero. — ele falou.

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