[hipnotizado]
NICK
• música: Fly Away - Lenny Kravitz •
Eu menti quando disse que tomaria apenas uma cerveja.
Menti porque, àquela altura da noite, eu já estava no meu quarto ou quinto copo, e não tinha a menor intenção de parar. Eu só queria beber até não conseguir lembrar o meu próprio nome e ser carregado para o meu quarto pelos meus colegas de time. Esse era o meu grande plano.
E o álcool já até mostrava discretos sinais de que iria começar a fazer efeito no meu corpo. A música estava levemente mais alta na minha cabeça, meus reflexos já estavam ficando comprometidos e as piadas do Ethan estavam até começando a soar engraçadas.
Mas eu ainda me sentia sóbrio demais. Meus amigos sem dúvida alguma estavam alguns níveis acima de mim no gráfico de bebedeira da noite, porque aquela festa ainda estava longe de ser divertida pra mim.
O Bran e o Miles reapareceram no nosso círculo com algumas doses de tequila e eu os amaldiçoei mentalmente por isso. A tequila com certeza não me trataria bem no dia seguinte, mas resolvi seguir os conselhos da Letti e tomar um belo porre. Talvez aquilo ajudasse a amenizar a dor que eu sentia no peito.
— Argh! — eu fiz uma careta depois de virar o líquido âmbar de uma só vez.
— Eu odeio vocês. — o Ethan reclamou após ter feito o mesmo.
Tequila definitivamente não era a minha bebida, mas eu estava bem. Aparentemente naquela noite minha resistência ao álcool resolveu dar o ar das graças e apesar de já ter bebido mais do que um Opala 67, eu ainda estava consciente. Eu estava tão amaldiçoado que não tinha nem a capacidade de ficar bêbado. Que lixo inútil eu era.
Depois de beber feito um condenado, eu só queria desmaiar de bêbado e ter a minha primeira noite de sono tranquila em dias. Mas não. Ali estava eu, de pé, um completo fracasso semi-sóbrio.
Mas isso era que eu achava. Eu estava que estava bem até ouvir alguns burburinhos e perceber que algo puxou os olhares de todos os presentes para a porta de entrada.
E foi exatamente ali que eu a vi e tudo mudou.
Lori Mackenzie, a garota que havia tirado totalmente a minha paz de espírito nos últimos dias, havia voltado.
Mas algo nela estava... diferente.
— Cacete! — foi a única coisa que eu consegui dizer antes de cuspir toda a cerveja que estava na minha boca.
— Aquela é a...Lori? — a Letti perguntou.
Sim, era a Lori. Mas não a Lori que nós conhecíamos. Sua postura era confiante e sexy. Suas longas pernas reluziam e seus cabelos estavam com pequenas mechas mais claras, dando um tom de luminosidade na sua pele.
Vestida com uma micro saia jeans, sapatos de salto e uma lingerie que muito provavelmente deveria ter sido usado com alguma outra blusa por cima, ela estava linda. Não, mais do que isso: ela estava absolutamente, inequivocamente, inquestionavelmente linda.
Deus, aquela mulher não tinha defeitos?!
Senti o ar faltar do meu pulmão no exato momento em que coloquei os olhos nela. Respirar já não parecia tão fácil e involuntário com ela no mesmo ambiente que eu.
Ela colocou um dos pés na porta de entrada da fraternidade e deu uma bela olhada no local, e eu tive a ligeira impressão de que a festa inteira havia ficado em silêncio, contemplando a sua beleza, enquanto ela parecia caminhar em câmera lenta para dentro da casa.
O tecido colado em seu corpo era tão fino que acompanhava cada curva maravilhosa do seu peito, e o decote... Puta que pariu! Os seios dela estavam praticamente saltando para fora, como se estivessem tentando sair e dizer "Oi, Nick, foi isso que você perdeu."
Eu não sabia se ela estava com um sutiã para levantar tudo, mas eu estava tão embasbacado e com a capacidade cognitiva equivalente a de um esquilo que nem me lembrava se eles eram mesmo tão grandes. Tudo que eu sabia é que eles estavam pulando feito loucos a cada passo que ela dava. E aquilo estava me enlouquecendo.
E aquela bunda... aquela bunda era capaz de converter um homem. Falo sério. Aquela bunda tinha o poder de fazer um ateu dizer "Deus, por favor, que ela não seja lésbica" ou "Obrigado, meu Deus, pela dádiva da espécime feminina."
Meu cérebro havia acabado de virar uma grande meleca e parecia ter se esquecido de como realizar sinapses. Eu não conseguia pensar em mais nada. Tudo que eu via na minha frente era aquela garota escultural que parecia uma obra de arte. Ela reluzia e me ofuscava por completo. Emanava luz própria, exibia auto-confiança e inspirava sensualidade. Eu estava sem palavras.
A imagem da Lori que estávamos vendo naquele momento era completamente diferente da imagem da Lori fragilizada que todos haviam presenciado quando toda a nossa... história veio a tona. Ela estava segura, decidida, ousada. E eu estava desesperado.
— Caralho. — o Ethan deixou escapar, ao meu lado — A Lori está a maior gostosa!
Eu o recriminei com o olhar e apertei o copo de plástico que segurava entre os meus dedos. Me amaldiçoei mais uma vez mentalmente por ter feito uma mulher como aquela de trouxa.
Eu estava desesperado, porque sabia que toda a população masculina no local estava olhando pra ela e pensando a mesma coisa que eu — e que o Ethan. E a idéia de outro cara colocar as mãos na Lori me atormentava por completo. Senti um nó se formar na minha garganta no exato momento em que essa imagem me veio à cabeça.
As garotas no local cochicharam entre si sobre a mudança repentina no visual da Lori — provavelmente com uma pitada de inveja no fundo desses comentários, porque cara, desde que ela colocou os pés naquela fraternidade, ela roubou toda atenção pra si.
Quanto aos caras, eu honestamente preferia não ouvir o que eles estavam pensando. Já era doloroso demais pra mim saber o que eles estavam pensando e eu preferia ser poupado dos comentários sobre isso.
Ela deu alguns passos e o Miles fingiu enxugar uma baba que havia escorrido imaginariamente pela minha boca. Assim que ela encontrou a Becky e o Oliver no canto da sala, notei que todos os olhares estavam em sua direção. Já os olhos dela não pousaram sobre os meus sequer por um segundo — ela sabia que eu morava lá, e sabia que provavelmente eu estaria na festa, mas fez questão de nem olhar na minha direção.
Cacete. Eu, por outro lado, não conseguia tirar so olhos dela. Ela estava linda de doer, além de ter um corpo fenomenal. Infelizmente, tinha total consciência de ambas as qualidades e nenhum escrúpulo em usá-las a seu favor — e contra mim.
Minha noite — que já estava péssima — conseguiu ficar mil vezes pior com a chegada dela.
Sabe o que dizia aquela Lei de Murphy?
"Nada está tão ruim que não possa piorar"?
Pois é. Eu não te conheço, meu amigo Murphy, mas posso te garantir que o conceito dessa lei é completamente falho. Porque acredite em mim, eu achei que tinha atingido o fundo do poço nos últimos dias. Mas nada era mais doloroso do que ver que a Lori voltar para Los Angeles completamente decidida a transformar a minha vida em um inferno.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Sky Full Of Stars
Ficção AdolescenteLori Mackenzie não era facilmente impressionada. Criada por dois irmãos mais velhos e por seu pai, ela sabia exatamente o tipo de homem que deveria evitar - e o tipo que não deveria. Além disso, o plano traçado era simples e deveria ser seguido a to...