animals

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[animais]

LORI

Uma torção no tornozelo, uma bota ortopédica e alguns analgésicos. Esses foram os presentes que a Mandy me deu ao me empurrar no meio do campus. Ah, esqueci de incluir na lista a humilhação que só uma queda é capaz de proporcionar. Mas esse era o menor dos meus problemas.

Se antes eu já odiava aquela garota com todas as forças que tinha, agora que, graças à ela, eu teria que ficar manca — e sem correr — por sabe-se lá quantos dias, eu tinha vontade de mata-la. Sério, quem agride outra garota por causa de uma campanha idiota? Por que raios a Mandy tornava a expressão "sororidade feminina" tão difícil pra mim?

Me locomover pelo campus mancando enquanto tentava não apoiar a bota ortopédica com força no chão era umas das coisas mais constrangedoras que eu já tive que fazer. Aliás, todo o meu primeiro ano naquela Universidade estava sendo constrangedor. "Lori Mackenzie, a garota que passa uma vergonha a cada cinco minutos. " Lamentável.

— Sério? — o Oliver indagou — Não dava pra ter pego um lugar melhor na arquibancada?

Eu cerrei os dentes e apontei para a minha perna imobilizada.

— E dai? — ele retrucou — Tenho certeza que metade dos jogadores do time mataria alguém pra carregar você no colo até um lugar mais digno pra gente assistir ao jogo.

— Já tive minha cota de jogadores do time, obrigada. — eu respondi pegando a pipoca na mão dele.

Afundei os dedos no pequeno pacotinho que tinha nas mãos e levei um montinho de pipocas à boca. Naquela noite, os garotos da UCLA iriam enfrentar o time de Cornell, então a arquibancada estava toda dividida entre as cores azul e amarelo e azul e branco. A rivalidade entre UCLA e Cornell era antiga e os rumores diziam que os caras do time se odiavam. E, apesar de estarem jogando fora de casa, a torcida de Cornell compareceu em peso, e aquilo dava um ar ainda maior de competitividade à partida.

O Oliver se acomodou no lugar vazio ao meu lado e o juiz apitou, anunciando o início da partida.

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música: Heads Will Roll - Yeah Yeah Yeahs

NICK

Abrimos o placar contra Cornell ainda no primeiro tempo, com um lindo gol de escanteio que eu marquei. Apesar da marcação ter sido dura, consegui subir alto o suficiente pra cabecear a bola e manda-la diretamente para o canto esquerdo do goleiro, que embora tenha se esticado, não conseguiu alcança-la.

Um a zero para a UCLA.

Comemorei o gol com meus colegas de time e notei que, dentre todos os onze que estavam em campo, o Thomas foi o único que não vibrou junto conosco. Em vez disso, ele me fuzilou com o olhar como se dissesse que aquele gol deveria ter sido dele. Dei uma piscadela pra ele em resposta, como se dissesse "é assim que se faz, seu idiota."

A raiva que eu tinha daquele cara me consumia. Sério. Era necessário um esforço sub humano da minha parte pra não enfiar o punho na cara dele a cada vez que nos encontrávamos. Eu o odiava com todas as minhas forças.

O juiz reiniciou o jogo com a bola no meio de campo após o gol, e nossa linha tática estava perfeitamente organizada até o Thomas simplesmente resolver por conta própria que jogaria no ataque. O filho da puta simplesmente começou a disputar todas as bolas comigo — a todo passe que eu recebia, eu tinha que olhar atentamente por cima do meu ombro para impedir que ele me tomasse a bola.

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