A Sky Full Of Stars

happy birthday to you

[parabéns pra você]

LORI

O despertador tocou cedo no sábado, me obrigando a abrir os olhos e encarar o meu aniversário de vinte e um anos. O único lado bom de acordar naquela manhã seria finalmente poder colocar os meus dois pés no chão, já que na noite anterior eu havia me livrado da bota ortopédica. Apesar do dia sequer ter começado, eu só esperava que ele não demorasse muito pra acabar.

Ainda assim, bufei, mal humorada, e a primeira coisa que vi quando abri os olhos foi a Becky e o Oliver parados, em frente à minha cama, segurando um bolo de aniversário e com chapeuzinhos ridículos na cabeça.

— Não acredito. — eu reclamei, me cobrindo da cabeça aos pés com o meu cobertor.

Meus amigos gargalharam e começaram a cantar "Parabéns Pra Você" em uníssono — para o meu total desespero.

— Anda, Lori! — o Oliver exigiu, puxando o meu cobertor — Você tem que apagar as velinhas!

— Não tenho não.  — resmunguei.

— Ah, mas tem sim. — a Becky bradou — Eu e o Oliver acordamos super cedo pra ir buscar o seu bolo e o Oliver quase o derrubou no chão quando estávamos a caminho. É sua obrigação moral, como amiga, assoprar essas malditas velinhas.

Eu revirei os olhos, mas, vencida, sai da cama e fiquei de pé.

— Faça um desejo. — a Becky ordenou.

Eu desejei mentalmente que aquele dia acabasse logo, fechei os olhos e assoprei as velinhas.

— Satisfeitos? — brinquei.

— Nem um pouco. — o Oliver retrucou — Vai mesmo ficar emburrada só pelo fato de hoje ser o seu aniversário? Se anima, garota!

— Desculpem. — eu falei com sinceridade — Não sou uma boa companhia hoje.

— Não tem problema. — a Becky retrucou — Nós dois somos. E você só pode estar maluca se acha que vamos permitir que você passe o seu aniversário dentro desse quarto sozinha.

__________

A Becky e o Oliver estavam falando sério quando disseram que não iam permitir que eu passasse o meu aniversário sozinha.

Meus amigos me arrancaram da cama — sim, literalmente arrancaram —, me fizeram vestir uma roupa bonita e me arrastaram para um dos restaurantes perto do campus. Almoçamos juntos e eu resolvi esquecer o fato de que era o meu aniversário, tentando encarar aquele dia como outro qualquer. A partir do momento que consegui abstrair desse pequeno detalhe, o meu humor melhorou.

Era dia de jogo na Universidade, e assim que colocamos os pés de volta no campus, já no final da tarde, era possível perceber as pessoas vestindo azul e amarelo transitando em direção ao campo. A Becky havia pedido uma "folga" do time de líderes de torcida naquele dia para que pudesse assistir à partida contra Darthmouth comigo e com o Oliver. Apesar de ter insistido que não era necessário, não consegui convencer minha amiga do contrário, então, vencida, quando menos percebi, já estávamos os três sentados em uma fileira da arquibancada esperando o início da partida.

Nesse meio tempo, eu recebi uma chamada de vídeo do meu pai e dos meus irmãos. Eles me parabenizaram, me disseram o quanto me amavam e o quanto sentiam minha falta. E merda, eu também estava morrendo de saudade deles. Morar longe de casa era uma das coisas mais difíceis que eu já havia feito, sobretudo porque sempre fui muito ligada ao meu pai e aos meus irmãos. De vez em quando a saudade dava as caras, me dando um aperto no coração, e aquele era um daqueles dias. Sentia falta de nossa rotina e de nossa convivência juntos — mas sabia que a distância era por um bom motivo e que, em alguns anos, eu me formaria em Direito. E aí, talvez sim, eu pudesse voltar pra Ohio pra exercer minha profissão perto da minha família.