champion of the world

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[campeão do mundo]

música: Move Along - The All American Rejects •

NICK

Era o primeiro jogo do campeonato, contra os garotos da Universidade de Princeton, e estávamos confiantes. O Treinador Carter havia feito algumas mudanças táticas no time e iríamos começar jogando com uma formação diferente da temporada passada, mas o time estava entrosado e havia trabalhado duro. Além do mais, os caras de Princeton não haviam sequer chegado às quartas de final no último campeonato, então estávamos jogando dentro de casa e com todas as chances ao nosso favor.

Vesti meu uniforme orgulhoso em ter o número dez estampado nas costas — naquele dia, iríamos jogar apenas de azul, enquanto o time de Princeton jogaria de vermelho — e calcei minhas chuteiras. Obedeci meu bom e velho ritual antes de entrar em campo: beijei um escapulário que havia ganhado de presente de minha mãe e o guardei por dentro da camisa.

Depois, o Treinador Carter falou algumas palavras motivacionais, deu alguns gritos acompanhados de palavrões — ele era bem rígido às vezes — e eu puxei o time para fora do vestiário.

Pisamos no campo e a torcida foi a loucura. A arquibancada estava lotada e coberta de azul e amarelo, enquanto o nosso Urso fazia uma coreografia engraçada e animava a torcida, juntos com as animadoras. Essa era a grande vantagem de jogar em casa: a torcida era o nosso jogador número doze. Jogar dentro de casa era sempre melhor, principalmente quando a torcida comparecia em peso, como agora. 

O time de Princeton, por ser o visitante, já nos esperava em formação no campo. Como capitão, fui até o árbitro, cumprimentei o capitão do time oposto e aguardamos enquanto o sorteio de cara ou coroa era realizado. Princeton venceu escolhendo coroa, e escolheu começar jogando do lado direito do campo. A bola seria nossa então.

Reuni meus colegas de time num abraço em grupo no meio de campo e disse algumas palavras de motivação. Eles gritaram em uníssono, animados, e foram ocupar suas posições iniciais.

— Ei! — falei chamando o Brandon antes que ele ocupasse sua posição de zagueiro — Quero que você seja a porra de uma parede hoje e não deixe passar nenhuma bola, entendeu? — brinquei.

— Pode deixar, capitão. — ele fingiu bater continência.

— Tudo pelo time, lembra? — eu disparei.

— Tudo pelo time. — ele respondeu, com um sorriso no rosto.

"Tudo pelo time." Aquele era um lema pessoal meu e do meu melhor amigo. Costumávamos falar aquilo antes de qualquer partida. No início do ano passado, assim que o Bran foi aceito no time, ele costumava ficar muito nervoso nos jogos decisivos.

Ele havia trabalhado duro pra conquistar a vaga no time e era, sem dúvida alguma, o nosso melhor zagueiro. Ele só ficava nervoso demais e acabava metendo os pés pelas mãos nos jogos importantes, e seus erros acabaram nos custando alguns gols e derrotas. Com o tempo, eu o ajudei e ele acabou aprendendo a controlar o nervosismo. Antes de qualquer jogo, eu o lembrava: tudo pelo time. Tudo mesmo. Até mesmo esconder suas próprias emoções. Quando estávamos em campo, o mundo não importava. Era tudo sobre o time e sobre o nosso sonho de jogar futebol sendo realizado.

Com o passar do tempo, ele pegou o jeito pra coisa e parou de "pipocar" nos jogos importantes, mas continuávamos dizendo o nosso lema como se ele fosse um mantra sagrado. Não havia sequer uma vez que tivéssemos entrado em campo sem nos cumprimentar daquela maneira. Era uma forma de eu dizer pra ele: "cara, sei que você tá nervoso pra caralho, mas foda-se essa merda, você é o melhor." E ele me agradecia, me dizendo a mesma coisa de volta.

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