Capítulo 22

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Nada era certo, mas parecia tão normal Me acostumei com a incerteza ideal Nos faz querer o tudo, o pouco não é opção Será surreal, ter o mundo em minhas mãos?Tinha ao meu lado, quem soubesse me ajudar E acreditei no que iria me tornar

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Nada era certo, mas parecia tão normal Me acostumei com a incerteza ideal Nos faz querer o tudo, o pouco não é opção Será surreal, ter o mundo em minhas mãos?
Tinha ao meu lado, quem soubesse me ajudar E acreditei no que iria me tornar.
— Scalene, “Surreal”

Pepe está saindo do escritório do bar quando chego para mais um dia de trabalho. Acabamos não nos vendo ontem, já que eu vim para cobri-lo.

Conversamos um pouco sobre a noite passada na balada, enquanto o pessoal da limpeza termina o serviço e os funcionários do bar começam a chegar.
Nós nos aproximamos do palco enquanto a banda que tocará hoje passa os instrumentos.

O celular dele toca e pela conversa percebo que é a Sabina.

— Como é que vocês estão? — pergunto quando ele desliga.

— Quem sabe? — ele responde minha pergunta com outra e guarda o celular no bolso da jaqueta. — Sabina e eu já começamos e terminamos uma porrada de vezes. Vamos levando para ver no que dá. E você e a Shiv, como ficaram?

— Cara, foi foda. — Coloco a mão na testa e balanço a cabeça enquanto falo. — Quando a gente tá junto a coisa explode, sabe? Não dá muito pra raciocinar e tentar entender, mas, quando o sexo para, a gente se desentende. Tá assim desde que ela veio aqui na outra noite.

— Olha, se sem uma bagagem pesada como vocês carregam, já é complicado pra mim e a Sabina, imagina pra vocês. — Pepe aponta para um dos caras da banda e dá algumas instruções sobre o acorde que estão tocando. Ele gosta de dar chances para bandas novas, mas nunca consegue ficar sem dar palpite. Não que isso seja ruim, afinal dificilmente erra no que se refere à música. — Mas você não achou que ia ser fácil, achou? — ele retoma a conversa comigo.

— Eu não achei porra nenhuma, na verdade.

Ele ri e faz sinal de positivo para a banda.

— Meu, vai levando de boa. No fim tudo se acerta — ele me aconselha.

— É foda. Eu até a pedi em casamento e tudo quando nos reencontramos... — Olho para a porta do escritório. — Só fui pensar depois.

— Como é? — A pergunta me pega desprevenido e não a entendo na hora.

— Como é o quê? — Franzo a testa. Pepe tem dessas perguntas que só ele entende aonde quer chegar.

— Ser o cara que está aprendendo a pensar. — Ele bate o dedo indicador de leve na minha cabeça, tentando me provocar.

— Nossa, cara. Como você é trouxa. — Dou um tapa na mão dele, mas acabamos rindo.

Ele tem razão. Não pensar faz parte de quem eu sou. Sou o cara que se joga no precipício sem querer saber se tem água ou não lá embaixo, ou se vou me estourar inteiro.

Ou melhor, eu era assim. Agora estou aprendendo a dosar essa merda toda. Tentando entender o quanto posso deixar minha personalidade aflorar sem que isso mate ou machuque alguém.

Então, se eu fosse responder à pergunta dele, eu diria que é difícil pra caralho, mas eu estou tentando. Estou sempre tentando.

A Escolha Perfeita do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora