EPILOGO
Bailey May
Onze meses depois, estou no altar, esperando a mulher da minha vida entrar na igreja.
Nour, Sabina, Savannah e Sina são as madrinhas. Krystian, Noah Pepe e lamar, os padrinhos. Deu uma confusão dos diabos, porque a Sabina inventou que o Noah tinha que ser padrinho com a Sina, e não o Maurício. E era óbvio que ela tinha um plano. Ao colocar o Krystian junto com a Nour, ela jurou que não estava fazendo isso com nenhuma segunda intenção.
O Augusto não se importou. Ele é seguro demais do amor da Nour. Já o Maurício deu uma reclamada, mas aceitou. Não que ele tivesse escolha. A Sabina derrubaria a igreja se não fizessem o que ela queria.
Ela se apegou tanto à organização de casamentos que decidiu que vai casar com o Pepe em seis meses. Sim, foi ela quem decidiu, e não precisa ser muito esperto para saber que isso vai dar merda.
Quando Lamar me faz um sinal, indicando que está na hora, sou surpreendido: em vez da marcha nupcial comum, os músicos começam a tocar “Bitter Sweet Symphony”, do The Verve. Cacete, é impossível amar mais essa garota.
De braço dado com o avô, Shivani sorri, provocante. Desafiando qualquer um que ouse pensar que essa não é a melodia de uma noiva. E duvido que seja mesmo...
Mas ela não é qualquer noiva. É a minha, porra!
Quando seu avô a entrega a mim, vejo lágrimas brilhando em seus olhos. Compreendo seu sentimento em segundos.
— Eles estão aqui, Shiv. — Ela assente, sabendo que me refiro a todas as pessoas que perdemos.
Beijo sua bochecha com carinho e ela respira profundamente, para não chorar. Depois ela sorri, radiante. Dando importância ao que temos, independentemente do que perdemos.
— Bay, será que você pode arrumar meu véu? Tem algo me incomodando no pescoço. — Ela se vira para que eu a ajude e, mais uma vez, ela me surpreende. Um pouco abaixo de sua nuca está o símbolo do anel de Claddagh. Ela também tatuou as mãos segurando o coração com a coroa.
— Quando você...? — tento perguntar em meio à alegria que me arranca risadas.
— Somos pra sempre, Bay. Somos pra sempre.
— Não, Shiv — eu rebato e ela franze a testa. — Somos pra sempre, porra!
Ela ri e me dá um tapa de leve, enquanto o padre me dá uma bela encarada e pigarreia.
— Ah, cara, como ser autoimune depois dessa? — ouço Krystian perguntar para Lamar, Noah e Pepe.
— Difícil — Noah responde e nem preciso olhar para ele para saber quem chama sua atenção.
— Fracos! — Lamar reclama e dá de ombros. — Vou ser o rei da autoimunidade sozinho, então!
E assim, em meio a todas as pessoas que amo — estejam elas presentes fisicamente ou não —, me caso com a única mulher que vou amar pelo resto da vida.
❦
E precisou passar mais um ano para eu descobrir que estava errado.
Não, eu não deixei e jamais deixarei de amar Shivani, mas agora, enquanto ela dorme em uma cama de hospital, cantarolo baixinho com minha filha recém-nascida em meus braços.
Acho que no coração cabe ainda mais amor do que eu imaginava.
— Maya... — sussurro, inspirando o perfume dos cabelos negros da minha pequena. — Meu amor.
Eu perdi uma Maya para a morte, minha irmãzinha. Nunca vou esquecê-la, nem de meus pais e de todos os outros que foram levados de mim. Ainda dói me lembrar deles e sempre vai doer.
Não tem essa de superar a morte. A gente segue em frente, porque faz parte do ser humano ser forte, mas o que a morte leva deixa uma dor eterna em nós.
Demorou muito para que eu aprendesse que a dor deve ser sentida e não negada.
Tentando não sentir, me atirei a tudo o que há de ruim e acho que eu teria morrido também se não fosse por ela.
Observo Shivani dormindo, depois das horas exaustantes do parto da nossa pequena. Aconchego nossa filha nos braços, enquanto me abaixo para dar um beijo na mulher que trouxe a luz para a minha vida.
O amor e a dor caminham juntos. Não dá para ter um sem o outro. Porque amar implica saber perder o que amamos, e, por mais que esse ainda seja meu maior medo, é inevitável.
Já sei lidar com essa dor. Sei olhar para Shivani e saber o quanto sou grato por tê-la em minha vida. E agora nosso pequeno presente. Nossa filha.
Eu vou ter muitas quedas ainda, mas a maior lição que tive é que para enfrentarmos a morte é preciso celebrar a vida.
Foi foda passar pelo que passamos. Foi foda sobreviver àquilo. Foi foda recomeçar, mas aprendi que assim é a vida: ela toma, ela dá.
O amor não é só sobre as batidas que você perde. É muito mais.
É sobre encontrar alguém cuja alma se encaixa na sua. É sobre aceitar a escolha perfeita do coração e deixar seus receios de lado.
Amar o que tem, independentemente do que perdeu.
Você pode perder batidas muitas vezes na vida, mas só uma terá seu molde, só uma será a batida perfeita que vai compensar toda a dor.
Porque amar é isso, porra!
𝐅𝐈𝐌
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A Escolha Perfeita do Coração
FanfictionBailey e Shivani enfrentaram uma montanha-russa de emoções anteriormente, antes de finalmente se entenderem e conseguirem o que tanto queriam: ficar juntos para sempre. Agora, dois anos depois, esse recomeço está longe de ser tranquilo. Os fantasmas...