Bailey e Shivani enfrentaram uma montanha-russa de emoções anteriormente, antes de finalmente se entenderem e conseguirem o que tanto queriam: ficar juntos para sempre.
Agora, dois anos depois, esse recomeço está longe de ser tranquilo. Os fantasmas...
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I was young, but I wasn’t naive I watched helpless As he turned around to leave And still I have the pain I have to carry A past so deep that even You could not burry if you tried. — Lifehouse, “Blind”
Shivani e eu estamos atingindo um ritmo bom novamente, mas ainda não retomei a ideia de nos casarmos. Melhor dar um passo de cada vez.
Nossa, ir devagar soa tão errado em meus pensamentos, mas na prática tem dado tão certo...
Saio do meu quarto, pronto para ir ensaiar com o Pepe, quando o Krystian abre a porta do apartamento. Basta um olhar sobre ele para eu saber que há algo errado.
Mando uma mensagem para o Pepe dizendo que vou me atrasar.
Krystian e eu temos um acordo que nem sei direito como começou. Nós nos damos espaço e esperamos que o outro fale. Só pressionamos em último caso. Ele senta no sofá, liga a televisão e o videogame. Vixi...
Observo-o iniciar uma partida de futebol e me sento ao seu lado.
— Vai jogar? — ele me pergunta, me estendendo o controle sobressalente.
— Opa — aceito o convite.
A tristeza dele é palpável e me machuca como se fosse minha. Depois que terminamos o primeiro tempo, e eu obviamente estou tomando uma surra, ele começa a falar:
— Ultimamente o Lamar tem falado muito sobre ser autoimune. No começo pareceu bobeira, mais uma das loucuras dele, sabe? — Coço a cabeça, sem entender nada. Mas o Krystian tem dessas. Ele vai jogando o assunto no ar até que finalmente fica compreensível. — Mas agora tô pensando que pode ser bom.
— Primo, que porra é essa? — pergunto, ao mesmo tempo em que tomo um gol.
— A Carla, menina com quem eu tava saindo — ele diz como se fosse óbvio.
— Ela é autoimune a quê? — E continuo sem entender nada.
— Não, ela não é. Quer dizer, talvez seja e o problema esteja aí. Mas sou eu que tô querendo ser.
— Eu acho que tô perdendo pedaços dessa conversa.
— Ah, Bailey, vou resumir: ela não quer nada sério, não. Tá ficando com outro cara da faculdade. — Puta que pariu! De novo? — E eu, como sempre, fui o último a saber. Mas beleza. É aí que entra a autoimunidade. O Lamar diz que tá vivendo assim agora e dói menos. Nunca levei a sério, mas agora tô querendo.
— E o que é ser autoimune? — A conversa está tão confusa que só posso pensar merda. Resolvo ir para um caminho em que ou acertarei na mosca ou o farei rir; de qualquer forma, acho que vai aliviar a porra da tensão que está inundando o apartamento. — Primo, o Lamar é gay e você descobriu que é também ou tá querendo ser também? Porque, se esse for o caso, vou te apoiar completamente. Mas você sabe que não é uma escolha, certo?
Krystian me encara por alguns segundos antes de explodir em uma gargalhada. Ótimo. Bem melhor assim.
— Não. Gostamos de mulher, mesmo. E você sabe bem quem é a mulher de quem o Lamar gosta. — Pior que sei e posso prever muita água passando por baixo dessa ponte ainda... — Ele diz que tem que ter um limite para o sofrimento, que chega uma hora em que devemos parar e tocar o foda-se. Ele chegou a esse limite com ela. E eu tô chegando com amores em geral. Já deu.
Que conselho eu posso dar sobre o amor? Desde que o encontrei, não o superei e não pretendo superá-lo. É muita ingenuidade achar que dá para bloquear algum sentimento do coração.
— E como ele pretende parar de sofrer?
— Imunizando a si mesmo. Parando de se apegar. Pegando geral sem pensar. Coisas assim.
— Ah, o Lamar acha que pode autoimunizar o próprio coração? — Nunca ouvi algo mais absurdo na vida.
— Pode funcionar, acho.
Discordo completamente, mas não é a hora de expor isso. Não quando Krystian está com o peito aberto por mais uma ferida certeira.
Então eu me calo, enquanto tomo uma goleada.
Se eu que já passei por tanta merda não posso dizer que tenho tanta experiência assim no amor, o que dizer desses dois?
Esses garotos ainda têm muito que aprender.
Mas se tem algo que eu aprendi é que o tempo é nosso maior professor. Cedo ou tarde, querendo ou não, a lição chega e aí são dois caminhos: aprender ou sofrer.
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“Eu era jovem, mas não ingênuo/ Eu assisti sem poder fazer nada/ Enquanto ele se virava para ir embora/ E eu ainda tenho a dor que devo carregar/ Um passado tão profundo que nem mesmo/ Você poderia enterrar se tentasse.”