ʜᴇʏ, ʙʀᴏᴛʜᴇʀ ᴅᴏ ʏᴏᴜ sᴛɪʟʟ ʙᴇʟɪᴇᴠᴇ ɪɴ ᴏɴᴇ ᴀɴᴏᴛʜᴇʀ?
ʜᴇʏ, sɪsᴛᴇʀ ᴅᴏ ʏᴏᴜ sᴛɪʟʟ ʙᴇʟɪᴇᴠᴇ ɪɴ ʟᴏᴠᴇ? ɪ ᴡᴏɴᴅᴇʀ ᴏʜ, ɪғ ᴛʜᴇ sᴋʏ ᴄᴏᴍᴇs ғᴀʟʟɪɴɢ ᴅᴏᴡɴ, ғᴏʀ ʏᴏᴜ ᴛʜᴇʀᴇ's ɴᴏᴛʜɪɴɢ ɪɴ ᴛʜɪs ᴡᴏʀʟᴅ ɪ ᴡᴏᴜʟᴅɴ'ᴛ ᴅᴏ.
- ᴀᴠɪᴄᴄɪ, "ʜᴇʏ ʙʀᴏᴛʜᴇʀ"O filme termina e mamãe está ressonando baixinho, com a cabeça apoiada no colo do Lamar.
Meu irmão se levanta devagar e coloca um dedo sobre os lábios, me pedindo para não fazer barulho. Depois ele se curva e pega nossa mãe no colo. Ela desperta rapidamente, mas volta a dormir.
Observo-o subir as escadas com ela em seus braços e me questiono sobre tudo o que perdi. Tenho um irmão forte o bastante para carregar nossa mãe e, pela reação dela, parece que ele a encontra dormindo na sala muitas vezes.
Deixar minha família para trás depois de perder o papai foi uma das decisões mais difíceis que precisei tomar. Refletindo agora, antes da viagem em si não pensei muito. Apenas me joguei no desconhecido, porque tudo o que eu conhecia havia se tornado doloroso demais.
Os primeiros dias em Londres teriam sido insuportáveis se Noah não estivesse sempre comigo. Foi com o passar dos dias que percebi o quanto havia deixado para trás. Eu vivia na Inglaterra, mas meu coração estava no Brasil.
Não foi só o Bailey e minha família que eu tinha deixado aqui. Eu desisti de mim mesma.
Às vezes, não temos escolha: é recomeçar ou desabar.
Escolhi a primeira opção e, como em qualquer situação, lido com as consequências disso até hoje.
Quando chego ao meu quarto, Lamar está deitado na minha cama, olhando para as estrelinhas que um dia ajudamos papai a colar no teto.
- Mudou de quarto? - pergunto, me jogando na cama ao lado dele, que me envolve com o braço.
Ambos olhamos para as estrelas, perdidos em lembranças de dias que não voltam mais.
- É... Cansei de transar no meu quarto e agora trago mulheres pra cá - ele me provoca e recebe uma cotovelada por isso.
- Idiota! Te mato se fizer isso aqui.
Sua gargalhada preenche o cômodo. Acabo rindo também, porque sei que é mais uma das histórias dele. Afinal, mamãe me disse que ele nunca trouxe nenhuma garota para casa.
- E as namoradinhas, Lamar? - Faço uma careta assim que a frase sai. - Nossa... Fiquei parecendo aquelas tias que nos encontram em eventos da família e vêm com essa pergunta fatídica.
- Pareceu mesmo. Tô de boa.
- Sei. Não tem ninguém?
- Ah, uma garota aqui, outra ali. Nada sério. - Seu tom de voz fica mais grave.
- E a Sabina? - arrisco.
- Pelo que parece, tá pegando o Pepe. - Ele tenta sair neutro, mas sei que isso ainda o machuca.
- E você está bem com isso?
- Tô de boa - ele repete, lacônico.
Esse é o meu irmão. Lamar nunca insiste em algo que acha que não pode mudar.- Deve ser difícil ver quem a gente gosta com alguém.
- Já tenho vinte anos, Shiv. Não sou mais o moleque que ela gostava de atormentar. Nem sou mais apaixonado por ela nem nada - ele diz e eu duvido. - Tenho encarado a vida de uma forma mais desapegada. É melhor pra todo mundo.
Não respondo de imediato. Fisicamente falando, há pouco daquele moleque em Lamar. Ele encorpou muito nos dois anos que estive fora. Não tenho dúvidas de que, por fora, ele é um homem feito. Mas tenho um pouco de receio sobre como ele se sente por dentro.
- Desapego nunca foi e nunca vai ser bom para ninguém - respondo por fim, e ele se senta na cama, me olhando torto.
- E o Bailey, Shivani? - Pronto. Ele coloca um ponto-final no assunto que se refere a ele e volta a conversa para mim.
Eu podia insistir. Podia teimar e tentar forçá-lo a falar o que sente pela Branca. O problema é que ninguém força Lamar Morris Paliwal a nada.
Diferentemente dele, eu não ligo de falar sobre sentimentos. Então respondo:
- Não sei, Lamar. - Eu me sento também. - Vocês me esconderam tudo sobre ele. Se eu soubesse, tudo podia ter sido diferente.
- Para, Shiv. Sério. Nada seria diferente. Você e o Bailey são como fogo e gasolina. Não tem essa de ser diferente. Se soubesse, você ia ficar cheia de dedos. Ele ia perceber e ficar puto. Você é minha irmã e eu te amo pra cacete, mas o Bailey é o cara com problemas aqui. E você me conhece, eu protejo quem deve ser protegido. Você é forte. Já o Bailey... ah, ele se faz de forte.
- Ele ficaria muito bravo se te ouvisse falando assim... - comento, sem conter um sorriso, por ver que os laços entre Bailey e Lamar se estreitaram ainda mais depois que parti. Ao mesmo tempo me pergunto se Lamar percebe que está se tornando muito parecido com o Bailey no que se refere a esconder sentimentos.
- Ele fica puto comigo pelo menos uma vez por dia - dá de ombros.- Normal.
- O que acha que eu tenho que fazer?
- Sei lá. Sou o cara que tá tentando viver o desapego, lembra? E você é a garota que quer viver o grande amor. - Ele abre os braços como se desenhasse um quadro à nossa frente. - Vejo "dilema" piscando em néon.
Suspiro e me jogo na cama outra vez, seguida por ele.
- Isso de desapego não vai funcionar.
- Espera pra ver.
- Você só vai se machucar.
- É exatamente o oposto disso. Tô me tornando autoimune a essa encrenca chamada amor.
Suspiro, enrolando uma mecha de cabelos nos dedos.
- Se alguém me dissesse ontem que o Bailey e eu ficaríamos hoje, eu ia rir. Pra mim, era impossível. Sei o que sinto e está claro que ele ainda sente o mesmo, mas não dá para a gente se jogar no olho do furacão sem pensar, mais uma vez. - Minha voz soa baixa e me sinto triste. - Eu queria ter a certeza de que não vou sofrer tudo de novo com o Bailey.
- Que certezas temos na vida, Shiv? Um dia a gente tá vivo e no outro, morto. - Ainda deitado, Lamar procura minha mão e a segura, tentando me confortar. Às vezes ele é direto demais. - O que fazemos entre uma coisa e outra é o que conta. Eu disse agorinha que você era forte, mas sei que isso não significa que deva aguentar tudo. No fundo, você sabe o que quer. O medo te faz querer certezas, mas você nunca foi a garota que vivia de certezas, Shiv. Você se joga. E, se dá medo, você se joga mesmo assim. Se essa não fosse você, nem estaríamos tendo esta conversa porque você e o Bailey nem teriam se envolvido da primeira vez. Eu não tenho todas as respostas, nem você. Cada um de nós vive a vida da melhor forma possível. Você precisa descobrir o que quer e enfrentar isso. No meu caso, autoimunidade é o caminho.
Não digo mais nenhuma palavra. Por mais que não concorde, não há nada que eu possa fazer agora. Meu irmão está decidido de que esse é o melhor caminho. Tudo que posso fazer é estar presente quando ele precisar de mim.
No fim, cada um é responsável pelas escolhas do próprio coração.
⏭ ▶ ⏮
"Ei, irmão/ Você ainda acredita no outro?/ Ei, irmã/ Você ainda acredita no amor? Eu me pergunto/ Ah, se o céu estiver caindo, por você/ Não há nada neste mundo que eu não faria."
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A Escolha Perfeita do Coração
FanficBailey e Shivani enfrentaram uma montanha-russa de emoções anteriormente, antes de finalmente se entenderem e conseguirem o que tanto queriam: ficar juntos para sempre. Agora, dois anos depois, esse recomeço está longe de ser tranquilo. Os fantasmas...