Ossos do ofício

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— Porque a gente não contrata uma pessoa e acaba com a raça daquele desgraçado? — digo, sem paciência.

— Luna, vamos evitar esses papos, vai que aquele filho da puta colocou alguma escuta aqui? — Dave responde. Ele decidiu ficar na cidade por alguns dias, acho que ele sabia como eu ficava estressada quando o nome de Blake era mencionado.

Blake Hernandez é um homem que não se deve confiar, nem por um milhão de dólares. Nossa empresa podia ter sido mais uma vítima de seus golpes, mas graças às nossas paranóias, eu e Dave quebramos o contrato com ele e pagamos a multa, mas pelo visto ele não estava satisfeito.

Ele deveria ter quase uns trinta anos, sua carreira era baseada em desviar o dinheiro das empresas que ele fazia parceria. O maldito tinha uma empresa de segurança muito renomada, tudo de errado que ele fazia escondia tão bem que nunca conseguiram desmascará-lo.

Acho que o lema dele era "ninguém te rouba além de nós".

Mas nós tínhamos um plano que só quem sabia era eu, Dave e Harry. Foram horas pensando sobre. Horas que eu preferia ter passado com a minha mulher.

Meu celular vibra em cima da mesa e vejo que já era tarde.

"Amor, você vai chegar tarde hoje de novo?" A mensagem de Ellie chega, me fazendo lembrar que eu não posso fazer mais nada por enquanto. É preciso esperar Harry fazer seu trabalho.

— Eu já vou indo, tem certeza que não quer passar esses dias na minha casa?

— Tenho, você acabou de juntar as escovas, imagino que querem ficar a sós. E eu gostei do hotel que estou ficando. Vai lá. — me abraça e eu saio da sala respondendo a mensagem de El, avisando que já estava a caminho.

O trânsito não me ajuda a chegar antes das dez em casa, mando um gif para El, mostrando a desgraça que eram as ruas de Nova York. Quando chego, a comida que vinha da cozinha era muito boa e decido comer, antes de ir perturbar minha namorada.

Tínhamos tido algumas desavenças por quê essa semana tudo que passava em minha cabeça era o maldito do Blake e eu dei um vacilo com o horário, ela me pediu para chegar cedo pois havia feito o jantar e quando cheguei, horas depois do combinado, ela já estava dormindo e tudo já estava na geladeira. Eu tentava evitar falar sobre o trabalho com ela, mas minha vida era aquilo.

Quando termino, me deito ao seu lado. Ela estava assistindo filme toda cobertinha.

— Está brava?

— Não, relaxa. Já entendi que jantar romântico com você não rola. Vai tomar banho e vem deitar.

— Desculpa, você sabe que meu trabalho não costuma ser assim, é só que…

— Vai tomar banho aí você me conta como está sendo.

Assinto e faço o que ela pede. Estou um pouco cansada, mas nada que um banho quente não resolva. Quando saio, ela desliga a TV e foca em mim contando sobre o problema da Duma. Todo o plano que havíamos pensado havia sido naquele dia.

— E quando vão poder desmascarar esse cara? Nossa, que babaca!

— Em breve, o mais breve possível. Enfim, como foi o seu dia?

— Foi muito bom, corrido, como eu gosto. Meu chefe estava viajando e deixou eu e um colega responsáveis durante essa semana pela empresa e nossa, eu quero muito ser a chefe um dia. — fala e vejo seus olhinhos brilhando.

— Potencial estou vendo que têm. Seu chefe viu também pelo visto. Quem é esse colega aí, hein? — pergunto, lembrando que ela nunca menciona os colegas.

— Brad, ele é muito legal e gentil. Entrou quase que junto comigo no estágio.

— Hm… — digo, um pouco enciumada. — eu deveria conhecer seus amigos.

— Eu tenho medo… você meio que é a chefe da porra toda e eu não quero que me tratem diferente, sabe?

— Entendo, sim. Mas ainda quero os conhecer.

— Quando tiver algum Happy Hour, te levo. Ok?

— Ok! Se eu for para algum lá da empresa você irá também não é? — pergunto, doida para que ela conheça alguns sócios e grandes amigos meus.

— Não sei… a gente vê isso depois. Tenho que te contar uma coisa… vi uma pessoa hoje. — fala, receosa.

— Quem?

Luna.Onde histórias criam vida. Descubra agora