Eu sempre volto!
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Há dois meses atrás recebemos a pior ligação possível. Fomos rapidamente para o hospital e descobrimos que Sammy tinha sofrido um acidente e depois de perder muito sangue e ter que passar por uma cirurgia, entrou em coma. O mundo de Ellie parou naquele momento. Desde então eu e Ellie nos revezamos entre cuidar do nosso afilhado e ficar com ela no hospital torcendo para que ela acordasse.
Eu, que não conhecia Sammy a tanto tempo, estava sentindo muito a sua falta, nem consigo imaginar como Ellie estava se sentindo. Vez ou outra pegava ela chorando enquanto estava com o Bê.
— Vem cá, linda. — A abraço por trás enquanto ela segura ele no colo onde dormia tranquilamente.
— Amor e se… — a interrompi antes que ela continue a frase que eu sei que vai falar.
— Não El. Sem esse tipo de pensamento. Falar ou pensar só atrai. Vem, coloca ele na cama. — Já era tarde da noite para Bernardo, e estava sendo difícil o colocar para dormir à noite, já que ele estava acostumado a dormir com sua mãe. Então ao longo da noite ele ficava chorando e falando "mama" enquanto agarrada uma blusa dela.
Descobrimos da pior forma que não poderíamos contar com o Ted, ele se afundou em um poço no qual a única pessoa que poderia tirá-lo seria Sammy, mas ele não pensou nem por um segundo em seu próprio filho. O que me causava um certo ódio já que se eu pudesse colocaria o Bernardo dentro de um pote para que ele não sentisse nada de ruim e nem soubesse o que estava acontecendo ao seu redor.
Ele até tentou se manter firme, mas quando ele bateu em nossa porta às duas da manhã com seu filho em prantos e com uma febre de quase quarenta graus, nós decidimos cuidar dele, já que queríamos que a mãe de Sammy tivesse apenas a preocupação com a sua filha, que precisava muito de todos nós nesse momento.
Talvez ele realmente tenha tentado, mas foi fraco.
— Amanhã vou na empresa, preciso fazer algumas coisas, mas provavelmente ficarei somente até meio-dia. Vou levar ele, tudo bem? — Ellie fala, se aconchegando em mim no sofá. Assinto, querendo ficar com ele para que ela fosse, mas eu precisava mesmo ir ao trabalho.
Eu sinceramente não sabia como agir nesses últimos tempos, não sabia o que falar com El, já que ela parecia estar em outro mundo sempre. Após resolver algumas pendências na empresa, fui direto para o hospital.
No acidente, Sammy acabou batendo com muita força a cabeça, então com esse trauma, não sabemos quais serão as sequelas e nem se ela vai acordar. Ela havia quebrado a perna também. Ela estava sem os aparelhos para auxiliar na respiração, mas não deram muitas esperanças. Me sento na poltrona ao lado de sua cama. O barulho irritante da máquina evidenciando a situação da minha amiga parecia uma tortura para meus ouvidos. Seguro sua mão, olhando para o rosto sereno dela.
— Sammy, você consegue me escutar? Bom… isso é estranho pra caralho, você está vendo uma luz branca ou algo do tipo? Se estiver, por favor, não vá em direção a ela. Tem uma luz muito mais forte esperando por você aqui, esperando e precisando de você. O Bernardo. Ele ainda dorme com uma blusa sua, sabia? Por favor, amiga, não siga a maldita luz! Por favor! — nessa hora, já estou em prantos com a cabeça apoiada no canto da cama. Respiro fundo, observando alguma mudança em sua respiração. Nada.
Apenas o maldito bip idiota.
Me recomponho e Ellie me liga, perguntando o que eu achava dela levar o Bê para ver sua mãe. Eu não sabia se era uma decisão boa, mas talvez se ela sentisse seu cheiro ou a voz do seu pequeno, desse algum sinal.
Quando ela abre a porta, demoram exatos 3 segundos para que Bernardo comece a ficar agitado em seu colo. El se senta na cama, e ele agarra a mãe com tudo, falando "mamãe". Ele toca em seu rosto, com as mãos gordinhas e espera que ela abra os olhos. Quando não aconteceu, ele apenas deitou em seu peito.
Eu ainda estava segurando em sua mão, e juro por Deus, senti ela mexendo os dedos. Olho para Ellie, que estava em prantos com a cena.
— Amor! Ela mexeu os dedos! Eu chamo alguém?! — pergunto, atônita com a situação. O monitor que fazia o bip, começou a ir um pouco mais rápido e não precisamos chamar a enfermeira, pois ela entrou no quarto, examinando Sammy. Ela pede para que nos retiremos do quarto enquanto o médico chega.
Após alguns minutos ele sai do quarto e procura por nós na sala de espera.
— Aparentemente ela respondeu a alguns estímulos, mas nós precisaremos fazer alguns exames para ver quais as possíveis sequelas. Trazê-lo mais vezes pode ajudar. Creio que ela pode acordar a qualquer momento. — ele fala, com um sorriso acolhedor.
— Muito obrigada, doutor. — respondo, com o meu coração cheio de esperanças. Abraço Ellie e Bernardo, sentindo a felicidade do momento.
— Sua mamãe vai ficar bem, tá?— Ellie fala, balançando ele.
Nós saímos do hospital somente quando a mãe de Sammy chega, e damos as boas notícias. Ela chora de alegria com o neto no colo.
Eu e Ellie combinamos de levar Bernardo mais vezes, mas sempre evitando que ele passasse muito tempo lá, afinal de contas, era um hospital.
Já de noite, peço que minha namorada se arrume enquanto aguardo a irmã de Sammy chegar, para cuidar do sobrinho. Stacy era a irmã mais velha e quando eu e Ellie não estávamos, ela sempre cuidava dele. Eu só soube da existência dela por causa desse acidente, Sammy não era de falar tanto da família.
Eu havia feito uma reserva em um restaurante que Ellie gostava muito, precisávamos sair um pouco. Sei que era uma situação difícil, mas precisava lembrar a ela que nós estávamos ali e que Sammy nunca iria querer que ela parasse de viver.
Ela usa um vestido preto Midi colado em seu corpo com uma fenda pequena. O cabelo solto com algumas ondas e um salto pequeno, a deixando um pouco maior que eu. Optei pelo meu look de sempre, uma calça social e uma blusa de botão. A blusa na cor azul marinho e a calça preta de linho. O tênis branco de sempre.
— Você está tão linda, sabia? — digo quando abro a porta do carro para ela. — e cheirosa — concluo, após sentir seu cheiro doce e forte, com um leve tom de chocolate no fundo. Irresistível.
A vista do local era de tirar o fôlego. Podia ver toda a cidade e seus arranhas céus, as luzes. A mesa era aconchegante, assim como o ambiente e a música clássica tocando no fundo. Pedimos um vinho suave enquanto a comida era preparada; ela optou por um prato com camarão e eu por um com outros frutos do mar.
— Você está linda. — ela diz, fazendo carinha em minha mão. — obrigada por tudo. Acho que não te mostro o quanto sou grata por tudo que você faz por mim, pelo Bê… não sei como seria aguentar isso tudo sem você. — seus olhinhos brilhando ao falar isso me fez querer abraçar aquela mulher e não soltar nunca mais.
— E nem precisa imaginar como seria, meu bem. Eu estou do seu lado, não vou deixar de estar nunca. E no que eu puder falar para melhorar a situação, eu vou fazer, tá? Então não exite em me pedir algo.
Ela assente, sorrindo.
— Hoje quero que a gente se distraia um pouco, ok? Quero que deixe sua mente limpa, foca aqui, na gente, tudo bem? — pergunto, olhando em seus olhos.
— Certo. Eu te amo, viu?
— Eu te amo.
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Primeiro, eu seeei, demorei demais dessa vez. Eu trabalho para um certo banco aí... E fica tudo muito corrido e cansativo (a tal vida de adulto), então é difícil escrever e ter ideias para escrever. Prometo tentar não demorar tanto dessa vez. Espero que estejam bem!
E ah! Estamos na reta final.
Beijos! 💜
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Luna.
RomanceEu tenho um trauma. E isso me persegue e me tortura em vários momentos da minha vida. Achei por muitos anos que não sentiria mais afeto por outra mulher, sentia que não fui feita para ser amada de verdade e que tudo que eu tocasse viraria pó. Achava...