– Amor, sai daqui! – amor? Quem ela chamava de amor?
– Você está tão linda e eu tenho apenas que ver você andar por aí com a estúpida da Luna. Porque não termina logo? Eu posso te dar uma vida boa! – nesse momento meu chão caiu, senti minhas mãos suarem.
– Eu vou, tenha paciência. Você é só um residente ainda, Gui! Eu quero estabilidade. Meu emprego não é lá essas coisas. Quero alguém para somar e a Luna é idiota o suficiente para me dar o que eu quero, então… mas só você tem o que eu quero, você sabe.
– Só eu te fodo do jeito que você gosta, não é?
Mandei toda a minha sanidade para a puta que pariu e entrei no banheiro, os surpreendendo e eu, uma mulher com meros um e sessenta e cinco de altura parti para cima de um homem de quase dois metros de altura e o esmurrei com toda a minha força.
Louise tentava me segurar, mas no meu estado, aquilo era impossível.
Ele me empurrou para se proteger e eu me afastei, me virando para a mulher que agora tinha a maquiagem borrada e as pupilas dilatadas.
– Luna… – começou, com a voz que sempre fazia para me amolecer.
– Não! – Respirei fundo para permanecer séria e não chorar na frente daquelas pessoas no qual eu não reconhecia mais. Tirei a caixinha com as alianças do bolso e mostrei. – está vendo isso? Eu passei por cima da opinião de todos que me amam para ficar com você. Fechei meus olhos por você! Eu ia te pedir em casamento hoje, mas que bom que você mostrou quem realmente é antes de eu cometer o maior erro da minha vida. Acabou. – minha voz estava carregada de mágoa, os dois apenas me olhavam com caras de culpados.
Louise fez menção de se aproximar, mas antes que o fizesse eu joguei as alianças no vaso e deu descarga e saí porta a fora. A ouvi me chamar, mas sequer me virei.
Passei pela sala correndo para que não me vissem, mas minha mãe estava lá e me perguntou o que eu tinha, mas eu a ignorei e fui embora.
Entrei no carro e para falar a verdade, não sei como consegui dirigir naquela hora. Tudo que passava na minha cabeça era como eu fui idiota!
– Imbecil! Trouxa! Idiota! – falei enquanto batia no pobre volante. Parei o carro de qualquer forma próximo a um lago. A vista ali era muito boa, mas não fui ali para apreciá-la. Gritei a plenos pulmões até conseguir respirar direito, coisa que não fazia direito desde que entrei no meu quarto. Ali eu podia extravasar e lá fiquei a noite toda tentando pôr os pensamentos em ordem.
Depois daquele dia, eu nunca mais fui a mesma. A dor de amar tanto alguém e esse alguém te magoar é inexplicável. Louise tentou contato várias vezes, mas todas foram em vão.
Não fui para casa naquele dia, fiquei naquele lugar até o amanhecer e no dia seguinte fui direto para a empresa.
– Qualquer um que me incomodar, será demitido, pode avisar. Obrigada, e bom dia. – falei para minha secretária, Gabriela. Ela assentiu e falou um bom dia.
Entrei na sala e sequer liguei as luzes. Me deitei no sofá em frente a minha mesa e acabei cochilando.
– Luna? Acorda, todo mundo já foi embora! – a voz grossa de Dave me acordou.
– Eu só não te demito porque você é meu parceiro. Eu não quero levantar, Dave. – abri os olhos, o olhando. Meu estado deveria estar deplorável.
– Ela me ligou.
– Você não falou que eu estou aqui, não é? – levantei, atordoada.
– Falei que você nem pisou na empresa hoje. Vamos, você vai para minha casa e me conta melhor o que aconteceu, tenho certeza que o que ela me contou não é verdade.
– Eu sei bem o que vi e ouvi. Vamos.
Fui o caminho lhe contando o que aconteceu e Louise só não foi chamada de santa. Quando chegamos tomei um banho e comemos uma deliciosa comida preparada por Dave.
O cara tinha um dom para cozinha!
– Então você quem vai embora? – Questionou dando a última garfada.
– Sim. Ela que fique com a casa e tudo que tem nela. Não quero nenhuma lembrança daquela piranha. – falei enquanto ia lavar a louça. – eu vou buscar algumas roupas daqui a pouco, posso voltar para cá? Sei que ela vai tentar reatar de todo jeito.
– É claro que sim, Luna. Que pergunta idiota. – ri e terminei.
Quando parei em frente a minha antiga casa, respirei fundo várias vezes enquanto erguia os muros psicológicos para não me magoar novamente, nem acreditar no que Louise disser.
Abri a porta e pude ver a luz do quarto acesa, deixei minha chave em uma bancada próximo à porta. Não precisaria mais dela.
– Luna? – ela estava saindo do closet quando me viu. Logo assumiu uma postura passiva agressiva.
– Só vim buscar algumas roupas, não quero papo.
– Você não pode nem me ouvir? Por todos esses anos? Eu não acredito que não há nenhum resquício de amor aí dentro. – falou, se aproximando. Evitei seu olhar, pegando uma bolsa grande para minhas roupas
– Havia muito amor, Louise. Mais do que você imagina. Mas todo esse amor bandeou-se para o ódio. É tudo que sinto por você agora.
– Eu não acredito. Pelo menos me escuta. Eu sei que errei, Luna. Errei feio. Mas se me der uma segunda chance…
– Eu não me importo mais com o que você acredita ou não. Eu sei da minha verdade e isso basta. – vasculhei os cabides vendo as roupas que levaria. Levaria mais roupas que costumo usar no trabalho.
Louise se aproximou, acariciando meus ombros. Suspirei e me virei.
– Eu te amo, Luna.
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Luna.
RomanceEu tenho um trauma. E isso me persegue e me tortura em vários momentos da minha vida. Achei por muitos anos que não sentiria mais afeto por outra mulher, sentia que não fui feita para ser amada de verdade e que tudo que eu tocasse viraria pó. Achava...