Quase estou tendo um deja vu com a cena que presencio. Estávamos no aeroporto de Nova Iorque. Ellie e Brad esperavam a terceira pessoa que iria viajar também e estava quase na hora do vôo.
O cara tinha feito uma lista para não esquecer nada. Ellie também. Ambos repassavam fazendo "check'' no final do item.
Quando acabaram, a mulher que eu não conhecia apareceu e falou com eles.
— Desculpem mesmo a demora. O trânsito estava terrível. — ela era loira e parecia estar ofegante com a corrida.
— Tudo bem. Ainda não chamaram. — Brad fala.
Puxo Ellie para se distanciar um pouco dos dois. Afinal, eu já estava com saudade da minha namorada.
— Não tem como me colocar na mala? Ela é bem grande, acho que dá. — pergunto, sorrindo amarelo.
Ela sorri, iluminando a porra do meu mundo.
— Você poderia… me visitar. Sei que vai estar ocupada, mas por um final de semana seria bom. Muito bom. — fala, passando os braços por cima do meu ombro.
— Talvez, não posso dar certeza ainda, mas eu te aviso.
Ela assente e eu a puxo para um beijo, ela para rapidamente.
— As pessoas ficam olhando. É chato, amor. — ela fica um pouco vermelha.
— As pessoas são idiotas. É besteira se impor... — antes de terminar de falar, o vôo deles foi anunciado. Confesso que meu coração apertou nesse momento. — não! Droga.
Ellie ri e me abraça forte. Não queria soltá-la. Ela tinha deixado seu perfume aqui e levou o meu para que pudéssemos sentir o cheiro uma da outra mesmo à distância, mas o seu cheirinho próprio era o que me matava por não ter durante um mês.
Eu não sei explicar, mas era um aroma muito bom.
— Se cuida, me manda mensagem assim que pisar na China e eu te amo muito! — digo.
— Eu te amo demais, não esqueça. Você vai estar sempre no meu pensamento. — ela fala e me beija. E depois vai embora. Do portão de embarque a vejo acenando para mim.
Chegando em casa, já me sinto irritada. Achei melhor não aparecer na empresa aquele dia, senão provavelmente iria dar muitas patadas desnecessárias. Ellie demoraria bastante para chegar. O avião faria duas paradas.
Acabei pegando no sono depois de almoçar. Tinha acordado de madrugada por causa do vôo. Ao acordar, nenhuma mensagem de Ellie. Frustrada, abro o notebook e fico passando o tempo fazendo algumas coisas no sistema. Isso sempre me distraía.
Algumas horas se passaram e meu celular recebe uma notificação. Estranho, era de um jornal.
"Avião explode horas depois de decolar. Aeronave tinha a China como destino. Não houve nenhum sobrevivente."
Senti todo o meu almoço querer voltar. Meus olhos, que estavam desfocados, voltaram em si quando desesperadas batidas na porta soaram. Quando abro, Sammy entra como um furacão.
Seus olhos arregalados e sua boca pálida denunciavam que ela também já vira a notícia.
— Por favor. Luna. Por... favor, diga que você falou com a Ellie. — sua voz vacila com o choro preso.
Eu abaixo a cabeça, negando levemente. Me sento no degrau que divide a sala da entrada e escondo meu rosto com as mãos, tentando não soluçar. Sammy faz o mesmo.
— Qual o número do vôo? Pode não ser esse… — digo, tentando raciocinar.
— Você deveria saber disso. Em quanto tempo era para ser a primeira parada?
— Em vinte minutos. — digo, olhando no celular.
Seriam vinte terríveis minutos de espera por uma mensagem.
— Eles disseram qual era o código do vôo? Na notícia? — pergunto. Se estivéssemos num desenho, uma lâmpada teria acendido sobre a minha cabeça. Sammy me mostra a notícia e lá estão os números.
— Porque?
— Sammy, nós vamos hackear o sistema do aeroporto. — digo, enxugando as lágrimas.
— Wow. Espera. Falta pouco menos de vinte minutos para saber se ela vai dar notícias. Não acha melhor esperar antes de cometer um crime? Isso é crime, certo?
— Ninguém iria descobrir, criei um código que me torna irrastreável. Sim, é crime. — digo, abrindo o notebook. — vou esperar antes de entrar.
Faltando cinco minutos para o horário do que era para ser a parada de conexão do vôo que Ellie estava, eu não consegui aguentar e saí correndo para vomitar.
Só queria acordar dessa merda de pesadelo. Era outro avião, tinha que ser!
Eu não aguentava mais, estava chorando no chão do banheiro quando escutei o toque do meu telefone. Sammy tinha atendido.
Juntando as forças que tinha, levantei e fui em direção a sala.
— Nós estávamos preocupadas. A Luna? — Sammy vê meu estado e eu peço para ela dizer que eu não posso falar naquele momento. Eu não ia nem conseguir falar. — por favor, se cuide. Tenta avisar a gente sempre que puder. Certo. Eu te amo, tá? Tô bem, só estava com o coração na mão. Quando ela voltar, peço para te ligar. Tchau.
Então ela desliga.
— Se… eu ouvisse a voz dela, Sammy, eu iria chorar muito. Ela ia ficar preocupada. Você sabe. Vou ligar para ela, deixa só eu tomar água.
Dez minutos depois, Sammy já havia ido embora e toda a minha cor tinha voltado depois que fiquei mais calma. Ellie atendeu no segundo toque.
— Amor? Desculpe não dar notícias, o celular de todo mundo ficou fora de área esse tempo todo.
Eu achei que iria desabar quando ouvi sua voz. Ela estava bem.
— Tá tudo bem. Quando eu vi o que tinha acontecido, só pensei no pior. Estava muito mal quando você ligou a primeira vez, desculpe não ter atendido. Porra, eu tava louca já.
— Ei, ei! Tá tudo bem comigo. Eu te amo, tá. O que você tinha?
Contei a ela que passei mal mas logo a tranquilizei.
— Eu não sei se vou ter área quando decolar, mas não se preocupe, ok?
— Vou tentar. Enfim. Agora com certeza vou te visitar e olhe lá se eu não ficar o mês todo.
Rimos, mas eu estava mesmo falando sério. Logo ela teve que desligar, mas passado alguns minutos ela me mandou mensagem e ficamos conversando até ela sentir muito sono. O fuso horário iria ser muito ruim para ela.
Eu não senti fome, então apenas tomei banho e dormi. Quando acordei, Ellie já tinha chegado e avisou que iria descansar pois lá estava tarde.
Por não ter comido nada na noite anterior, acordei morrendo de fome. Tomei banho e comi cereal, mas eu precisava mesmo era de café. Na empresa eu tomaria.
Usava um macacão preto e um casaco longo. Saí, encontrando Sammy junto com Bernardo.
— Caminhada? — pergunto. Ela assente. — que susto tomamos ontem, né?
— Sim, espero nunca mais passar por isso.
Assinto, lembrando do horror da noite anterior. Quando chego na empresa, tenho uma surpresa bem desagradável.
— Sua cara não está nada boa. — digo para minha secretária antes dela abrir a porta da minha sala, coisa que ela não fazia.
Pelo visto alguém tinha chegado mais cedo que eu.
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Desculpem a demora! Espero que tenham gostado do capítulo.
Próximo cap será todo da Ellie, hein!
PS: OBRIGADA PELOS VIEWSSSSSSS!!!!!!!
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Luna.
RomanceEu tenho um trauma. E isso me persegue e me tortura em vários momentos da minha vida. Achei por muitos anos que não sentiria mais afeto por outra mulher, sentia que não fui feita para ser amada de verdade e que tudo que eu tocasse viraria pó. Achava...