— Luna? Ai. — Ellie pergunta, tocando na cabeça. Eu cruzo os braços e então Brad nota o que está acontecendo.
— Luna, eu sei o que isso parece, mas vocês precisam conversar. — ele fala, se levantando e pegando os sapatos, em um tom calmo que quase me fez ficar calma também..
— Isso é o que parece, seu babaca. Você se aproveitou dela, não foi? — digo, pegando na gola de sua camisa, o empurrando em seguida.
— Luna! Pelo amor de Deus, eu não transei com ele. Caralho, deixa ele ir embora se você quiser conversar comigo! — ela diz, se sentando na cama. Brad sai, batendo a porta.
— Eu não quero mais conversar com você. Erro meu ter vindo aqui. — digo, me virando e abrindo a porta.
— Luna Segrini, se você sair por essa porta pode ter certeza que nunca mais você vai me ver na sua vida.
E eu paro, dando alguns passos para trás e batendo a porta. Me encosto na parede, com os braços cruzados e acho que minha cara está fechada como nunca.
— Eu não consigo ir até aí, parece que minha cabeça está pesando horrores. — fico em silêncio. — ali está o resto do meu celular, que eu joguei quando brigamos. Ontem, sim, eu fui muito idiota. Mas eu não traí você. Quando eu desliguei, eu fui até o quarto do Brad e o chamei para beber, ele viu que eu não estava bem e disse que talvez fosse melhor beber no quarto. Eu não quis. O fiz sair comigo. Eu só queria ficar bêbada e esquecer um pouco de você. E eu fiquei, eu dancei sozinha um tempão, mas aí eu desmoronei. E ele estava lá, porque ele é meu amigo e eu tenho certeza que se fosse uma mulher comigo na cama você não iria achar ruim.
Ergo a sobrancelha, talvez ela tivesse razão na última parte.
— A gente voltou para o hotel, eu tomei banho e quando saí, pedi que ele ficasse. Sim, nós estamos próximos porque essa é uma cidade nova e desconhecida, mas ele ficou porque não tinha mais ninguém que pudesse cuidar de mim. Eu mal conseguia andar. É isso, Luna. Você tem o direito de não acreditar em mim, mas é isso. Isso é tudo. Eu não vou me desdobrar para você confiar em mim, por que eu não acho que eu lhe dei motivo, mas eu me desculpo pois eu sei que exagerei na minha reação.
Levo algum tempo para assimilar tudo o que ela disse, causando um silêncio.
— Tudo bem. — digo, me desarmando.
— Tudo? — assinto. — ótimo… porque eu não tava aguentando mais… — ela diz, correndo para o banheiro com a mão na boca. Ela se debruça sobre o vaso e começa a vomitar. Ellie tenta fechar a porta, mas eu a impeço, abrindo e segurando seu cabelo para não sujar. — ainda bem que hoje é sábado.
Ela diz, quando melhora.
— Toma um banho, vai se sentir melhor. — ela assente, se levantando. Eu saio do banheiro e espero por ela na varanda, vejo que o blazer de Brad está na poltrona. Nela há o número do seu quarto.
— Luna? — ele fala, quando abre a porta. Eu tinha que pedir desculpas a ele, eu sabia disso. Entreguei seu blazer.
— Desculpe por aquilo. Obrigada por ter cuidado dela. — digo. Ele assente e abre a porta, me pedindo para entrar.
— Olha, Ellie e eu somos só amigos. De verdade. — eu assinto. — mas sendo bem sincero? Eu gosto dela. Nunca ultrapassaria nenhum limite, mas Luna, cuide dela. Nunca tive segundas intenções e nem vou, mas cuide dela, por que se eu tiver uma chance saiba que eu não vou desperdiçar. Ela não merece ficar como ficou ontem, por ninguém. Ela te ama muito, não estrague isso.
Respiro fundo, tentando não socar aquela carinha idiota.
— Certo.
E saio, voltando para o quarto. Ellie já tinha saído do banho e se vestia.
— Onde estava?
— Fui deixar o blazer do Brad. — digo, me sentando na cama. Ela entra no closet, mas dá meia volta.
— Como você chegou aqui tão rápido?
— Jatinho, baby.
Nós ficamos em silêncio, eu sabia que ela estava chateada ainda por causa de Louise. Não valia a pena brigar com a minha namorada por ela, então antes de sair eu dei um basta. Eu sabia com quem ela tinha se envolvido e falei com o mesmo. Poucas horas depois recebo uma ligação me avisando que todos os assuntos agora seriam tratados com outra pessoa, que no momento, me fugiu o nome.
— Sobre o motivo de eu ter vindo. Já está tudo resolvido.
— É? — pergunta, erguendo a sobrancelha.
— Sim. Eu não quero que se preocupe com isso.
— Impossível. Na primeira oportunidade você a defendeu… eu não acho que esteja tudo resolvido.
— Ellie, eu não senti nada. — de fato, acho que não senti. Louise era realmente muito bonita, mas a pessoa que eu amava era a El. O erro não valia a pena. — eu só não sou do tipo que estraga a vida das pessoas.
— Eu vou confiar em você, Luna, mas isso é uma via de mão dupla. E... eu não vou competir com ninguém, eu acredito que você me ama, mas se a Louise ainda balançar você, eu não quero. Não posso.
Seguro seu rosto, a forçando para me olhar.
— Eu amo você, só você. Só você. — digo, com todo coração. Ela assente e me dá um selinho.
As coisas estão estranhas agora, ou eu estou. Não sei. Eu deixei meus projetos pausados, então não tinha certeza quando voltaria para NY.
Eu tomo banho enquanto Ellie toma café da manhã. Ela estava apenas com dor de cabeça por ter bebido tanto, mas falou que quando tomasse uma ducha fria talvez passasse. Eu até queria conhecer um pouco da cidade, mas acho que seria melhor a noite.
— Você falou com a Sammy? Tenho que ligar para ela. — ela fala quando me deito na cama. Dou meu celular a ela e ligo a tv enquanto ela conversa com a amiga. Ela volta poucos minutos depois, com Sammy ainda na linha.
— Olha, garota. Cuide dela, viu? Tchau, beijo! — isso é tudo que ela diz quando Ellie me passa o telefone.
Quando ela desliga, ficamos deitadas conversando sobre o trabalho. Ela parece tão feliz com o trabalho aqui. Era muito bom ver aquilo. Fazendo o que gosta. Eu sei bem como era a sensação. De noite, fomos a um restaurante. O lugarzinho era aconchegante, mas tinha um toque bem sofisticado. A comida também era muito boa. Nós conversamos e rimos bastante, Ellie estava linda com um vestido preto de alças e colado apenas na cintura. Ela usava um coturno.
Eu estava tão feliz de estarmos bem. De vê-la bem. Seu sorriso me iluminava, por isso eu tinha um estoque ilimitado de piadas bobas. Finalizamos a noite agarradas, depois de ver ela suando em cima de mim.
No dia seguinte, pela tarde, fui embora. Tanto ela quanto eu tínhamos muito trabalho, então achamos melhor assim.
— Eu amo muito você, não se esqueça disso, ok? Já estou com saudade… — digo, a abraçando forte.
— Eu também amo muito você, Luna. Bom vôo. E ah… — ela diz se aproximando do meu ouvido, e então continua. — já estou com saudade de ouvir seu gemido. Tchau!
Eu tento não dar um sorriso safado, mas falho miseravelmente, apenas nego com a cabeça enquanto me afasto dela.
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Vocês estão bem?
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Luna.
RomanceEu tenho um trauma. E isso me persegue e me tortura em vários momentos da minha vida. Achei por muitos anos que não sentiria mais afeto por outra mulher, sentia que não fui feita para ser amada de verdade e que tudo que eu tocasse viraria pó. Achava...