Angústia

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Acordei cedo aquela manhã, tinha sido uma noite longa. Ellie não dormiu comigo, e meu corpo já havia se acostumado a tê-la ocupando mais da metade da cama.

Mesmo sendo king size. 

A cirurgia do pai dela seria naquele dia, pela tarde e ela queria estar no hospital bem cedo. Ele já estava lá para o pré operatório. Eu não sabia se deveria ir, mas queria. Era uma cirurgia complicada e El provavelmente estaria com os nervos à flor da pele, mas se eu fosse iria acabar conhecendo sua família.

Fui direto para o trabalho na intenção de sair bem cedo e ficar disponível para ela. 

— Oi, tudo bem? 

— Sim, já levaram ele para a sala. Quero vomitar, Luna. 

— Me dá as informações de onde você está, estou indo. — digo, pegando minha bolsa e as chaves. Ela fica em silêncio. Será que ela não quer que eu vá? 

— Você tem certeza? Tem alguns familiares aqui… 

— Ellie, eu só quero estar aí para você. Sei como seu pai é importante para você. Posso ir? 

— Venha logo então. Estamos no quinto andar. 

— Certo.

Menos de meia hora eu estou entrando no elevador, onde logo a porta abre e eu sigo pelo corredor, onde vejo Ellie pelo vidro da sala de espera. Há duas mulheres e um homem segurando a mão de uma delas, que parecia estar nervosa. A outra andava de um lado para o outro, creio ser a madrasta de Ellie. 

El me vê, ela tem olheiras embaixo dos olhos e vem ao meu encontro quando entrei. Nos abraçamos e ela me apertou, fungado. 

— Desculpe te envolver no meu drama familiar. — disse, baixinho.

— Não é drama, El. É algo importante. — a madrasta dela se aproxima, provavelmente querendo saber quem é a estranha abraçando sua enteada. 

— Maddie, essa é a Luna, minha… amiga. — apertei sua mão. 

— É um prazer Luna, sinto em conhecê-la nessas circunstâncias. 

— Teremos outras oportunidades de nos conhecer melhor, em um momento mais feliz. 

Ela assente, se afastando. 

— Vamos tomar um café? — ela chama e saímos da sala. — o casal que estava na sala são parentes de Maddie, eu sinceramente não gosto deles e nem meu pai, não sei porque estão aqui. 

— Como você tá? — ela me encara, enterrando as mãos nos bolsos do moletom. 

— Apavorada, sei lá. Maddie não para de chorar e isso me corta o coração porque eu simplesmente não posso fazer nada. 

— El, tem uma equipe muito competente cuidando do seu pai. Vai ficar tudo bem. Vem cá. 

Passo meu braço sobre seus ombros e andamos até o quiosque de café do lado de fora do hospital. Nos sentamos em um dos bancos da entrada, onde ficamos em silêncio por muito tempo. Segurei sua mão, lhe passando força. Vê-la assim era péssimo. 

Ela pediu para ficarmos ali um tempo, então bebemos o café todinho. Eu não sabia o que falar, era um momento muito delicado. Horas mais tarde o neurocirurgião entra pela porta, El salta da cadeira, atenta ao doutor.

— Familiares de Carl Petterson? Ocorreu tudo bem na cirurgia e conseguimos retirar a aneurisma, mas precisamos ver se ele vai ficar com alguma sequela quando acordar. 

— Quando ele vai acordar, doutor? 

— Não sabemos, mas vocês podem vê-lo agora. Duas pessoas de cada vez, por favor. — Ellie e Maddie vão, conversando sobre o despertar incerto de Carl. 

Ela volta após quinze minutos, dizendo que foi bom vê-lo mesmo que desacordado e a levo para casa. 

— Obrigada mesmo por estar lá comigo, você nem sabe a diferença que foi ter sua presença lá. 

— Não precisa disso, anjo. Quer que eu durma aqui? 

— Não, eu quero ficar um pouco sozinha… 

Suspiro, não gostando da resposta.

— Tudo bem, mas se quiser é só mandar uma mensagem, tá? — ela assente, sorrindo e se aproxima, me abraçando e deitando a cabeça em meu ombro. Minha vontade é nunca mais deixá-la sair, mas logo ela desfaz o abraço. 

Nos beijamos por alguns segundos, é incrível como ainda não me acostumei com a sensação daquele ato com ela. Mesmo parecendo tão certo. 

Entro no meu apartamento um pouco contrariada. Eu sei que Ellie é uma mulher forte, que não precisa de mim, mas mesmo assim, eu só queria a proteger de todo o mal.  

Todavia, me deitei com o pensamento de que tinha que deixá-la solta. Meu celular vibra com uma mensagem, eu pego rapidamente achando ser El. 

Mas é um número desconhecido. 

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Roii! Skskskdk
Demorei, eu sei... Mas estive ocupada essas semanas e não conseguia escrever porque acabava ficando muito cansada...

Enfim, tenho uma perguntinha pra vcs!

Tem alguma música que vocês escutam e se lembram da história? Se tiver, comenta aí!

Luna.Onde histórias criam vida. Descubra agora