Vinho

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Quero ver as reações de vocês, hein? 🤐

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Eu estava no meio da melhor semana que já tinha tido. Eu nem gostava de quartas feiras, mas já me sentia ansiosa para chegar em casa e esperar por Ellie e fazermos mais uma receita. 

Quer dizer, ela me deixava ficar com as partes mais fáceis das receitas, mas de qualquer forma eu estava aprendendo algo. 

— Eu nunca te vi tão feliz assim, Segrini. — Dave diz, do outro lado da tela. 

— É, realmente, nunca me senti assim antes… 

— Sammy já sabe? 

Sammy, pois bem. Nós duas achamos melhor não contar nada ainda, pra ninguém. Dave sabe porque bem… é o Dave. Na segunda feira, quando nos falamos por vídeo, ele percebeu o quão sorridente eu estava e já me mandando dizer o que eu estava escondendo. Eu caí na gargalhada e tive que contar. 

Achamos melhor contar a Sammy quando estivéssemos mais prontas, ainda não tínhamos rótulo nenhum. Ela pediu para curtirmos o momento e assim estou fazendo. 

— Ainda não, iremos contar em outro momento. 

Eu espero que ela não fique muito brava por isso. Logo eu estava a caminho de casa quando meu celular toca, atendo e deixo no alto falante. 

— Eu estou atrapalhando? — El pergunta, sorrio em ouvir sua preocupação. Acho adorável como ela se preocupa em não me interromper.

— Nunca! Estou a caminho de casa. Vou ter a sua belíssima presença quando chegar? 

— Hm… você pode ter minha irresistível presença, mas não na sua casa. Hoje estreia um filme que quero muito ver, podemos ir ao cinema? 

— Por favor, me diga que não é terror. 

— Segredo. Eu vou me arrumar, quando você estiver pronta, podemos ir. 

— Sim senhora. 

— Espera, você não está cansada? Eu vou entender se você quiser outro dia. 

— Que isso! Eu passei, literalmente o dia com a bunda na cadeira. Estou bem, só preciso de um banho.

— Que bom, então é daqui a pouco. Dirija com cuidado, beijo. 

— Beijo! — a chamada é encerrada e eu me vejo pelo retrovisor. 

Com o maldito sorriso idiota e apaixonado. 

Quando fecho a porta, recebo uma mensagem. "Fique apresentável, nada de calça moletom!"

Desconfiei, mas fui me arrumar e ficar apresentável. Vesti uma calça cargo verde militar e um top preto rendado que mostrava pouca coisa da minha barriga. Não fazia frio, mas optei por usar um casaco jeans claro. 

Estou arrumando a bolsa quando a campainha toca e ao abrir, vejo um buquê médio de rosas e Ellie segurando. Ela me dá um sorriso envergonhado e estende o buquê.

— Pra você. 

— Uau… eu… uau! Não esperava por isso, El.

— Esse é nosso primeiro encontro oficial como mais que amigas. Primeiro vamos ao cinema, depois eu vou te levar para um lugar. 

— Vou salvar esse dia no meu calendário, para rir com você ao lembrar quando estivermos bem velhinhas.

— Ainda vamos nos conhecer quando estivermos velhinhas? 

— Vamos! Agora, vamos indo para não ficar tarde e aproveitarmos a noite. 

No carro ela me contou o filme, seria o homem invisível. Fiz careta quando ela me mostrou algumas partes do trailer, mas ela me pediu com jeitinho e eu aceitei. 

Passei o longa quase todo com as mãos no rosto, aquela porra tinha muita cena de suspense. Levei um susto até com a porra de um cachorro maldito. Quando acabou, Ellie me zuou por ser medrosa. 

— Acho que vou salvar o seu contato como "medrosa"

— Espero que tenha pelo menos um emoji de coração então. 

— Hm… pensar no seu caso. — mostro a língua e ela ri. Quando entramos no carro, ela me mostra um endereço. Ponho no GPS e vou seguindo. 

— Como foi o trabalho hoje? — pergunto quando ficamos em silêncio. 

— Bom, metade do dia eu passei resolvendo o fornecimento para sua empresa. A outra foi fazendo entrevistas para auxiliar administrativo. 

— Nós estamos te dando muito trabalho? 

— Um pouquinho, mas eu gosto de ficar na correria. 

— Entendo, eu também sou assim mesmo estando a frente da empresa. 

Nós ficamos em silêncio por alguns segundos, eu não sei porque mas estava nervosa e minhas mãos estavam suando. E eu sequer apertava c força o volante. 

— A cirurgia do meu pai foi marcada. 

— Que ótimo, para quando? 

— Próxima terça. Ele nem sabe, tentamos evitar que ele tenha alguma emoção muito forte e… — ela dá de ombros. 

— Vai dar tudo certo, você vai estar lá? 

— Sim, vou na segunda e volto na quarta, já falei com meu chefe. 

Assinto e estaciono no endereço que ela me deu. Estamos no Ai Fiori, restaurante conhecido aqui em Manhattan. Percebo que não estou tão arrumada para o ambiente, mas também não estou tão desleixada. 

Ellie é quem está maravilhosa com uma calça preta com o detalhe de amarrar na cintura, uma blusa branca colada e um blazer amarelo mostarda. Ela falou com o rapaz da recepção que nos acompanhou até uma mesa e nos entregou o cardápio. Ele informou que logo o vinho seria entregue.

— Imaginei que um jantar ser perfeito para um primeiro encontro. 

— Aqui é incrível, mas você deveria ter me dito para me arrumar mais! 

— Você está linda, Segrini. 

— Você também, Patterson. Isso aqui parece b… — levo um susto quando o vinho chega e começo a tossir, chamando a atenção. 

— Beba água, senhora, aqui. — disse a garçonete que me assustou. 

Ela não me reconheceu. 

Ou não demonstrou isso, pelo menos.

Luna.Onde histórias criam vida. Descubra agora