Fazia duas semanas que sequer esbarrava com Ellie, então quando a vi por acaso foi como se tivesse visto pela primeira vez. Todos os sentimentos que estavam reprimidos no fundo do meu coração saíram como borboletas. Eu sou muito piegas, desculpem.
Ela me deu um belo sorriso no qual retribuí, mas logo atrás dela um homem sorridente saiu. Tinha que estar sorridente mesmo, tinha aquela mulher ao seu lado, o que mais iria querer da visa?
– Boa tarde, Luna! Esse é o Mattew, amor, essa é a Luna, minha vizinha.
Forcei um sorriso e segurei sua mão estendida.
– Bom… tenho que ir, boa tarde Ellie. – sorri verdadeiramente para ela enquanto entrava no elevador. Os vi saindo de mãos dadas enquanto a porta fechava. – deveria ser eu.
Mais tarde, naquela noite, Sammy veio ao meu apartamento e comentei que conheci o namorado de Ellie. Não me contive e revirei os olhos.
– Adiantou você ter se afastado dela? Os sentimentos não mudaram. – infelizmente aquele ser humano em minha frente comendo minha comida, tinha razão.
– Uma hora muda, Sammy. Eu sei que sim.
– Luna, fazem meses. Você nunca vai me dizer o motivo de ser assim? – a encarei e decidi contar sobre Louise. Não detalhadamente, mas contei. – que vadia. E você falou com ela desde então?
– Nunca tive vontade, e depois de um tempo ela desistiu. Não gosto de falar dela, então me conte sobre seu encontro noite passada.
– Eu sinto muito que tenha passado por isso.
– Enfim. Pelo menos agora sei que a Ellie é hétero.
– Não, não é. A Ellie não se importa com gênero. Ela diz que gosta de pessoas.
– Que merda. Deveria ser eu a segurar a mão dela, Sammy...
– Eu também acho, mas… – deu de ombros. Fiquei em silêncio, pensando se fosse eu ali com ela.
"– Luna, amor. Vamos! – eu estava finalizando o banho quando a voz de Ellie me apressou, me enxuguei e vesti a roupa que havia botado em cima da cama. Uma calça skiny preta e uma blusa de mangas curtas branca de botão. – você está maravilhosa! Minha mãe vai te adorar.
– Espero que sim, puta merda, eu tô nervosa, Ell. – ela se aproximou, me encarando e segurando meus ombros.
– Eu te amo, você é incrível para mim. Você me faz feliz, é isso que importa para os meus pais. Sem contar que você é adorável. Agora, vamos? – ela falou sorrindo e estendendo a mão. Agarrei, a puxando para mim."
Acordei na melhor parte do sonho, quando estávamos prestes a nos beijar. Era sempre assim. Eu sonhava com Ellie quase toda noite e acordava antes do beijo. Por isso já acordava mau humorada.
Levantei já era quase sete horas, então fui me arrumar para mais um dia de trabalho. Eu precisava parar de ter esses sonhos, só me faziam pensar mais nela.
O projeto estava quase finalizado, deixei os retoques finais com alguns engenheiros da empresa e me dei a tarde de folga e fui fazer compras.
Compras em Manhattan era um dos meus prazeres pessoais. Comprei um copo grande de suco natural e entrei em algumas lojas. Saindo com algumas sacolas. Me sentei em um banco e observei as pessoas passeando. Observei uma família com dois filhos e me perguntei se um dia teria aquilo.
Provavelmente não.
Avistei uma livraria no meio daquele shopping e entrei, livrarias eram meu paraíso. Me interessei por alguns títulos, entre eles, Dom Casmurro. Já tinha lido, mas em meio a mudança o perdi. Capitu traiu ou não Bentinho? Eu acho que não, mas convenhamos, ele merecia.
Estava passando o cartão quando avistei minha vizinha, concentrada num livro no qual não consegui identificar.
Me vi em meio a um dilema; me aproximar ou não.
Minhas pernas resolveram esse problema rapidamente, pois eu já rumava para perto da mulher que lia a sinopse de O morro dos ventos uivantes. Clássico.
– Esse livro é muito bom. – falei, tomando sua atenção.
– É? Então comprarei esse mesmo. – sorriu, fechando o mesmo. – mais alguma sugestão?
– Falou com a pessoa certa. – pisquei, lhe mostrando alguns títulos. Ela parecia muito interessada nos breves resumos que eu fazia, e eu?
Eu estava no melhor dia da minha vida. Naquele momento, me deixei levar pela sensação boa que Ellie me trazia e aproveitei sua companhia o resto do dia.
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Luna.
RomanceEu tenho um trauma. E isso me persegue e me tortura em vários momentos da minha vida. Achei por muitos anos que não sentiria mais afeto por outra mulher, sentia que não fui feita para ser amada de verdade e que tudo que eu tocasse viraria pó. Achava...