- Esse é meu marido. Maurício Galzerano - diz Vallentina nos apresentando. - Maurício, essa é Diandra.
Minha vontade é de sair correndo. Estou sendo apresentada ao cara com quem transei loucamente ontem à noite como se nada tivesse acontecido entre nós.
Finjo que esta é a primeira vez que estou vendo-o e estendo a mão para um cumprimento educado no mesmo instante em que ele ergue a mão esquerda. Então me lembro que ele é canhoto e troco a mão que havia erguido. Agora percebo que ele está usando aliança. Sou atingida por um baque na consciência e chego a conclusão de que não importa a idade, roupa e relógio que um homem use. Ele pode ser um idiota pós graduado. Homens não amadurecem nunca, e quando chegarem à terceira idade, continuarão sendo idiotas.
Maurício não tira os olhos dos de mim enquanto me cumprimenta formalmente, usando a mão que ontem brincava com meu clitóris. O jeito como ele olha para mim não é o mesmo da noite passada, e por alguma razão que eu desconheço, isso está acabando comigo.
- Posso conversar com você lá fora, Val?
Traduzo o tom de voz de Maurício, e concluo que além do assunto não ser agradável, é sobre mim.
- Eu já volto para continuarmos - diz Vallentina antes de sair do próprio escritório ao lado do marido.
Volto a me sentar no lugar onde estava e fico imóvel pensando no que meus olhos acabaram de ver. O cara lindo, maduro, gostoso com quem transei na noite passada, minutos atrás nem tinha nome. E eu queria descobrir. Queria vê-lo de novo. Quem sabe até repetir o que fizemos. Só não imaginei que o encontraria tão rápido e descobrindo coisas sobre ele que estão transformando minhas lembranças de ontem, em verdadeiros pesadelos. Estamos em posições diferentes. Em condições impossíveis.
É inacreditável que isto esteja acontecendo.
Refaço em pensamento o início da conversa que estava tendo com Vallentina. Ela disse que o marido estava fora da cidade e que seu vôo havia atrasado. É óbvio que isso é mentira, pois além de estar em Pedra Bonita, ele estava em uma boate. Traindo-a. Pensar desta forma está fazendo meu estômago embrulhar, pois ele a estava traindo comigo. Mas eu não estava traindo ninguém. Não estava fazendo nada errado. Ou estava?
Apesar da porta estar fechada, ainda é possível ouvir as vozes dos dois no corredor. Não dá para discernir as palavras, mas o tom da conversa sugere que estão discutindo. Já pensou se ela descobriu onde ele estava? E com quem?
Cinco longos minutos depois, Vallentina adentra novamente o escritório. Observo sua expressão quando ela se senta em minha frente. Está mais séria, se é que isso é possível. Ela folheia os papéis que estão em sua mesa olhando-os atentamente. Uma sensação gélida percorre meu estômago. Ainda há pouco, Vallentina estava falando sobre este trabalho como se eu já fosse sua contratada. Agora estou confusa. Será que algo mudou depois da discussão entre ela e o marido? Não sei se é por alguma falha de comunicação, ou se rever Maurício bagunçou minha mente. Mas que inferno! Eu preciso saber a que ponto está esta entrevista, e vai ser agora.
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Entre erros e acertos
ChickLitSer mandada embora de um emprego meia boca em um dia e começar a trabalhar em um novo local no outro, vai virar a vida de Diandra Mello do avesso. Aos vinte e cinco anos, ela vai enfrentar inúmeros obstáculos tendo Vallentina e Maurício Galzerano co...