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— Teve alguma dificuldade ontem?

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— Teve alguma dificuldade ontem?

Sinto uma gota de suor escorrer pela minha têmpora, sendo que o clima está agradável na cozinha da mansão. Noto que tem uma babá eletrônica sobre a mesa e fico torcendo para que ela me dê motivos para abandonar esta conversa.

— Não, correu tudo bem — respondo. — Seus filhos são maravilhosos e quase não dão trabalho.

Vallentina estreita os olhos para mim enquanto bebe seu primeiro gole de café. Faço o mesmo para evitar dizer alguma coisa que foda o que acabei de falar.

— Diandra, não precisa mentir pra dizer que você foi bem no primeiro dia. — engulo em seco. — Depois que Bernardo nasceu, eu fiquei um ano sem trabalhar fazendo tudo o que você tá fazendo agora, e sei que não é fácil.

Agora sinto que devo mencionar que realmente não foi fácil, mas não sei como fazer isso sem esbarrar no assunto que não devo. Preciso ser verdadeira sem entrar em detalhes.

— Fácil não foi mesmo, Vallenti… Digo, Sra. Galzerano.

— Assim você faz eu parecer mais velha do que sou. Me chame apenas de Vallentina. Ou de Val, se preferir.

Val é como Maurício a chama. Só de ouvir essas três letras eu sinto ainda mais raiva dele. E olha que eu disse que não dava para odiá-lo mais do que eu o odiava.

— Tudo bem, Vallentina. Houve um pequeno contratempo com Jônatas na escola, mas não foi nada que uma conversa com a diretora não resolvesse.

Vallentina sorri e balança a cabeça positivamente. O sorriso dela chega a ser mais assustador que o de Jônatas. Ficou bem claro de quem ele puxou aquele sorriso de tubarão.

— É disso que eu estava falando quando disse que você deveria resolver os problemas que aparecessem. — ela bebe mais um gole de café. — Quando for alguma coisa grave, você deve me ligar. — assinto.

Agredir um funcionário da escola foi algo grave, mas como eu não estava trabalhando para ela ainda quando isso aconteceu, vou continuar escondendo. Ligar para Vallentina era o que Mayara deveria fazer. Aliás…

— Isabela tem me ajudado e até me conta como Mayara cuidava deles. Do jeito que sua filha fala, parece que ela fazia um bom trabalho. Por que ela saiu?

— Ela deu em cima do meu marido. Está enterrada no meu jardim.

Me engasgo. Começo a tossir desenfreadamente. Até lágrimas estão saindo dos meus olhos.

— Dizem que eu não tenho senso de humor — diz Vallentina. — Eu tento, mas acabo assustando as pessoas. — levanto a cabeça para ver se consigo recuperar o fôlego e depois de alguns segundos consigo. Sinto meu rosto corar com o constrangimento. — Mayara não conseguia manter as rédeas de Jônatas e acabou pedindo demissão. Mas parece que você tá indo bem. Ele nem reclamou de você.

Entre erros e acertosOnde histórias criam vida. Descubra agora