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Minha mente agora é um turbilhão de pensamentos e ideias mirabolantes sobre os próximos dias da minha vida

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Minha mente agora é um turbilhão de pensamentos e ideias mirabolantes sobre os próximos dias da minha vida. Em alguns milésimos de segundos estou vislumbrando a alta de Bernardo deste hospital, pronto para viver o que lhe foi cruelmente privado desde que nasceu. Logo depois, o contraste da realidade de Vallentina me desafia e desmonta meus planos. Diandra tem razão. Quem tem que lidar com isso é quem deu apoio para que as coisas chegassem a esse ponto. E eu diria que é um ponto bem além do que imaginei.

Em meus pensamentos, essa guerra seria vencida na justiça, com Vallentina sã, assistindo seu fracasso e tendo que aceitá-lo. Mas o choque da verdade sobre a paternidade de Bernardo a fez submergir dentro da própria loucura, tornando-a uma pessoa perigosa para o próprio filho. Eu não consegui mantê-lo a salvo dela antes, mas agora não irei cometer essa mesma falha.

— A gente vai poder passar a noite com ele? — questiono ao Dr. Daniel e à Dra. Layla enquanto eles assistem a pediatra examinar meu filho. 

— Os dois não — responde a pediatra sem me direcionar o olhar. São tantos médicos envolvidos neste caso que chego a ficar confuso sobre a quem direcionar minhas dúvidas. Eu preferia que o Dr. Daniel e a esposa dele fossem os médicos oficiais do meu filho, já que conhecem o caso dele muito melhor que essa médica de plantão, que por sinal é um pouco ranzinza. Ela entrega a ficha de Bernardo nas mãos do Dr. Daniel e sai do quarto.

— Não liga para ela — pede ele. — Ela não gosta que médicos de outras especialidades interfiram muito na pediatria.

— Bernardo tem direito a um acompanhante em tempo integral — diz a Dra. Layla —, mas é necessário que seja um dos pais.

Basta olhar para Diandra por dois segundos para perceber que ela ficou chateada com esse detalhe, mesmo que sua atenção esteja voltada para Bernardo, enquanto ele tenta arrancar a pedra de seu anel. Ela finge não ter sido afetada ao perguntar para Bernardo se ele quer o anel para ele, que sorri parecendo entender a pergunta.

— E se eu autorizar? — questiono. — Não tem nenhum documento que eu possa assinar pra que ela possa passar um tempo com ele também?

Os dois se entreolham, e a Dra. Layla abaixa a cabeça.

— Por enquanto, quem tem a tutela de Bernardo ainda é a sua ex-esposa — o médico esclarece me obrigando a lembrar que não são todos os meus problemas que estão resolvidos. — Eu já comuniquei a direção do hospital sobre o resultado do exame de DNA e apresentei os laudos que comprovam que os danos causados pelo atraso no tratamento podem se tornar irreversíveis se as cirurgias não forem feitas logo. — parte de mim entra em desespero, pois basta mais um novo empecilho para tudo dar errado de novo.

— Então as cirurgias serão feitas independente de qualquer coisa? — Diandra questiona.

— Exatamente — o médico confirma fazendo minha agonia se dissipar. Inspiro o ar olhando para o meu filho, que ainda não tem noção do quanto sua vida pode mudar a partir desse momento.

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